Inezita Barroso, a granfina que abraçou a música do povo brasileiro

Publicado em 09/03/2015 às 7:53
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Inezita Barroso - foto Lembrada como uma velha senhora, que apresentava um programa de música sertaneja, na TV Cultura, Ignez Magadalena Aranha de Lima, falecida ontem, em São Paulo,  era a última folclorista da música popular brasileira, cantora especializada em folclore e música regional, como foram Estelinha Egg, nos anos 50, ou Stefana de Macedo, nos anos 30. Inezita possuía um dos maiores e mais organizados arquivos do gênero. Porém, ela conseguiu fama, inicialmente como atriz, atuando em vários filmes nos anos 50. Quando passou a cantar na Rádio Record, em São Paulo, já era dona de um prestígio que lhe garantiu o maior salário do rádio paulistano em sua época. Nascida em uma familia quatrocentona paulista, embora tenha se iniciado no estudo do violão aos sete anos, Inezita Barroso foi obrigada a aprender piano, mais compatível com sua posição social. Casada com um advogado cearense, no começo dos anos 50, ela veio conhecer o Nordeste. Depois de visitar Fortaleza veio para o Recife. A cultura popular pernambucana a encantou de tal maneira, que ela passou três meses na cidade, e foi aqui que começou a cantar em público, na Rádio Jornal do Commercio. Fez amizades com os integrantes do TPN, com Capiba e Nelson Ferreira.  O que a incentivou a abraçar a profissão. Em 1951, gravava o primeiro 78 rotações. Em 1953, entrou para história da MPB ao gravar, por acaso, um dos clássicos mais populares do país, Ronda, de Paulo Vanzolini. Convidada para lançar pela RCA, a Moda da pinga, Inezita viajou com o marido para o Rio, onde funcionavam os principais estúdios do Brasil. Esqueceram, no entanto, de uma música para o lado B do 78 rotações. Paulo Vanzolini, que estava com eles no estúdio, lembrou a Inezita uma composição sua, que ela já cantava em mesa de bar ou em reuniões de amigos. Acompanhada pelo Regional de Canhoto, Inezita tirou Ronda do ineditismo Atriz, compositora, apresentadora de TV, apaixonada pela música do povo, ela foi inimiga figadal de sertanejos românticos, chamados pejorativamente por ela de sertanojos, e que não tinham vez no Viola, minha viola,  programa que apresentava desde 1980. Inezita não cantou apenas a música caipira. Cantou a música do Brasil. Tem discos com folclore gaúcho, paraense, mineiro, pernambucano.  Gravou muito, mas quase tudo o que  lançou encontra-se fora de catálogo. Em 2011, a EMI lançou a caixa O Brasil de Inezita Barroso, caixa com sete discos raros, com igualmente raras faixas extras, gravados entre 1955 e 1961. Confiram A voz e a viola, documentário sobre Inezita Barroso: https://www.youtube.com/watch?v=oLU-pM2uMis  

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