Glyn Johns relembra os bastidores do rock dos anos 60 e 70

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JC

Publicado em 11/08/2015 às 18:41 | Atualizado em 14/11/2023 às 10:02
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Autobiografia de uma lenda dos anos 60 Autobiografia de uma lenda dos anos 60 Glyn Johns, engenheiro de som e produtor inglês, é um lendário personagem de bastidores do rock clássico. Por volta de 1967, era o engenheiro de som mais requisitado de Londres.  Em 1969, seu dia podia ser o seguinte: uma sessão com os Beatles, num estúdio, em seguida ia a outro estúdio gravar com os Rolling Stones (com quem trabalhou durante 13 anos), arranjava um tempo pra gravar um show de Jimi Hendrix, no Royal Albert Hall, para em seguida escutar as fitas demo de uma ópera rock de Pete Townshend e, ainda atender um telefonema do amigo de infância Jimmy Page, que queria que ele gravasse um disco com sua nova banda. A autobiografia Sound Man -  A Life Recording Hits with the Rolling Stones, the Who, Led Zepplin, The Eagles, Eric Clapton, The Faces... (Blue Rider Press, sem tradução no Brasil), lançada no final do ano passado é, com White Bicycles do americano Joe Boyd (de 2006), o melhor testemunho sobre os bastidores do rock dos anos 60, e 70. Abaixo, algumas da dezenas de histórias que Glyn Johns, hoje com 73 anos (ainda em atividade), relembra no livro:As fitas foram entregues a George Clouston. Sem sacar nada da nova música que estava rolando, levou as fitas para o único cara que ele conhecia, o chefe da divisão de música clássica da Decca que, obviamente, não entendeu nada. Quando os Stones estouraram eu comprava o NME e colocava na mesa dele” (sobre a primeira sessão de gravação dos Rolling Stones, no estúdio IBC, em Londres, em 1963). Perdi contato com Jimmy Page desde que ele entrou nos Yardbirds. Imagine então como fiquei surpreso, quando ele me ligou de repente, pradizer que formara uma banda com John Paul Jones, mais um baterista e um cantor sobre os quais eu nunca tinha ouvido falar. Explicou que estavam com bastante material e tinham intenção de gravar um disco comigo. Sabendo que vindo daquele dois estava fadada a ser coisa boa, sem ter ideia de onde estava entrando, embarquei. Tremi nas bases. O álbum que fizemos durante os nove dias seguintes, seria um marco na história do rock and roll, levando-o para outros níveis. Na época a gente estava fazendo o Rock and Roll Circus, então levei o acetato para uma reunião com a produção, e o toquei para Mick, que nem escutou direito, não gostou nem um pouco. Uns dois meses depois,  dei uma carona a George Harrison para irmos a uma sessão de gravação com os Beatles, toquei a master com o mesmo resultado, ele não gostou” (sobre o primeiro disco do Led Zeppelin). “Estava na sala da mesa de som. Perto dos deuses, gravando o show, a local onde eles estavam tocando ficava fora do alcance da minha vista. Tudo corria bem até que escutei um som extraordinário, feito se tivessem pisado em um gato. Entrei em pânico, achando que alguma peça do equipamento estava com problema, enquanto olhava pelo monitor pra ver a reação dos caras no palco. De repente, surge uma figura pequena, com uma sacola preta na cabeça, e um microfone sumindo por ela. Era Yoko que decidiu contribuir com a apresentação. Como alguém poderia considerar que aquela intromissão tinha algo musical é um mistério pra mim", (sobre a participação de Yoko Ono no supergrupo formado, em 1968, por John Lennon, Keith Richards, Eric Clapton e Mitch Mithel, pra tocar no Rock and Roll Circus). Glyn Johns com os Beatles, 1969. Glyn Johns com os Beatles, 1969. "Uma manhã, antes dos outros chegarem no estúdio, George perguntou se eu poderia ficar mais um pouco depois que a gravação terminasse no final do dia, pra gravar uma música que ele tinha composto, e que não queria tocar diante deles. Esperamos que todos fossem embora, então ele foi para o estúdio vazia e tocou ‘Something in the way she moves’, provavelmente a melhor canção que já fez. Veio em seguida até a mesa de som, e toquei o que gravamos. Ele perguntou o que eu tinha achado, parecia inseguro. Disse-lhe que era uma música brilhante, e que ele devia mostra-la aos outros. Acho que a autoconfiança dele tinha sido limada de tanto viver na sombra de John e Paul", (durante as sessões de Abbey Road). "O melhor momento das sessões aconteceu quando íamos gravar Little Red Rooster, esta canção e o riff são marca registrada de Howlin Wolf, e foi gravada pelos Stones no começo da carreira. Os músicos começaram a tocar, quando Wolf mandou que parassem. Foi na sala ao lado, tirou de uma case surrada, um velho violão folk  também surrado, voltou com ele pro estúdio, sentou ao lado de Eric Clapton. Fitando sério nos olhos dele. falou: “Vou lhe ensinar como se toca esta. Alguém vai ter que toca-la corretamente depois que eu me for” (sobre a gravação, em maio de 1971, de Howlin Wolf, em Londres, com Eric Clapton, Bill Wyman, Charlie Watts, Ringo Star e outras estrelas do rock inglês, lançado em 1972, como The London Howlin Wolf Sessions). Confiram Glyn Johns que teve curta carreira como cantor, em Lady Jane, compacto que só fez sucesso na Espanha: https://www.youtube.com/watch?v=s3mUSVCJ34c

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