The Pretty Things de volta para o futuro

Publicado em 23/10/2015 às 14:51
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pretty Uma das bandas do primeiro time do pop inglês nos anos 60, a hoje pouco lembrada The Pretty Things, meio século depois do álbum de estreia, reaparece nas loja com um trabalho novo, The Sweet Pretty Things (Are in Bed Now, Of Course) (Repertoire). O grupo tem apenas dois integrantes originais, o vocalista Phil May e o baixista Dick Taylor, mas criou um grande álbum dos anos 60 em 2015. O título vem dos versos iniciais de Tombstone Blues, de Bob Dylan, que fez amizade com o grupo na histórica e  polêmica passagem por Londres em 1966. Assim como não há música tropicalista, tampouco existe música psicodélica. Numa de suas últimas entrevistas, Jimi Hendrix, renegava o rótulo. Mas no que se convencionou chamar de psicodelia, rock e pop com arranjos viajados (que tinha muito mais a ver com o free jazz e liberdades sonoras da década), uso de instrumentos como mellotron, cítaras indianas, câmeras de eco, e letras que estavam mais para o surreal, certamente The Pretty Things é um dos grupos pioneiros no tal som psicodélico”. A origem da banda está no embrião dos Rolling Stones, a Little Boy Blue and The Blues Boys, formada por Dick Taylor, Mick Jagger e Keith Richards. Surgiram então Brian Jones e Ian Stewart, e formaram os Rolling Stones com os três integrantes do Little Boy Blue. Dick Taylor saiu pouco tempo depois e formou o Pretty Things (a partir de uma canção de Bo Diddley), com Phil May. Rosalyn e Don’t Bring me Down, primeiro singles do grupo, em 1964, estão no repertório do álbum Pin Ups, de David Bowie (1973). A Instabilidade na formação foi uma das razões para o Pretty Things não ter tido o mesmo sucesso de alguns dos contemporâneos, como The Who, Stones ou os Kinks. Mesmo assim chegaram ao final da década com um clássico do que se convencionou chamar “psicodelia, F.S For Sorrow, primeira ópera rock (gravado em Abbey Road, enquanto os Beatles faziam o Álbum Branco) Os elogios não levaram o disco ao sucesso, e o grupo desacelerou . Desde então o Pretty Things gravou uns poucos discos bons, outros apenas para cumprir tabela, até que volta agora à carga, em meio a um revival dos anos 60, como se ainda estivesse na badalada década. The Sweet Pretty Things (Are in Bed Now) foi gravado, em dois dias, com equipamentos vintage, valvulado, a música é quase toda nova, mas parece ter sido feita no auge da swingin’ London. Não é nostalgia, nem pegam carona numa onda influenciada por eles mesmos. A maioria das bandas dos anos 60 fracassou na volta, ou por querer soar contemporânea, ou por recauchutar a música que lhe fez a glória no passado. A inédita The Same Sun, faixa que abre The Pretty Sweet Things, parece ter saído do túnel do tempo, mas sem bolor. É como se fosse a descoberta de um daqueles míticos discos perdidos, encontrado num velho baú de prata. De regravações, Renaissance Fair, dos Byrds, e You Took Me By Surprise, de Sky Saxon, um dos poucos músicos dos anos 60 em que o “psicodélico” aplica-se com louvor. Com os companheiros da banda The Seeds, Saxon (que faleceu em 2009) acumulou uma soma incalculável de milhagens  nas incontáveis viagens de LSD que fez nos anos 60. Entre as inéditas do Pretty Things, pérolas como Turn My Head, um rock à Chuck Berry em que os Rolling Stones já foram especialistas, e a viajandona In The Soukh. (ideal pra se ouvir queimando incenso). O álbum Sweet Pretty Things (Are in Bed Now of Course), é uma aula de música “psicodélica” confiram The Pretty Things no áudio de The Dirt Song: https://www.youtube.com/watch?v=eVTXkB9X5kg

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