Macy Gray pega de blue, jazz e reggae no despojado Stripped

Publicado em 25/09/2016 às 11:26
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macy gray - stripped Macy Gray tem voz vintage. É tão bluesy que às vezes soa como alguém tentando se passar por uma cantora negra do passado. Ao mesmo tempo com um único disco empreendeu uma renovação no gênero, ou gêneros, tornando moderno, contemporâneo, tudo que gravou. Seus primeiros álbuns são obrigatórios. Ela foi devidamente badalada quando apareceu, mas se tivesse surgido nos anos 60, provavelmente teria o mesmo impacto que Aretha Franklin teve na época. Mesmo num cenário fragmentado, Macy Gray destacou-se, com a voz e o talento que tem seria inevitável. E eis agora Macy em Stripped (Chesky Records) um álbum em que o “vintage” foi radicalizado. Ela e os músicos gravaram o álbum, em uma igreja do Brooklin, NY,  com um único microfone, todo mundo ao mesmo tempo, feito acontecia nos anos 30, sem overdubs. Concluíram as gravações em apenas dois dias.. Acontecia assim há 70, 80 anos, quando o disco era uma forma de tornar a música propriedade do consumidor, que comprando o 78 rotações, não carecia esperar que o rádio tocasse suas músicas preferidas. Despojada, como aponta o título do disco, Macy Gray com uma banda de jazz reinterpreta alguns dos seus sucessos, lança algumas poucas inéditas, e canta Bob Marley e Metallica. Wallace Roney (trompete), Ari Hoenig (baterista), Daryl Johns (baixista) e Russel Malone (guitarra), os músicos com que ela encara a empreitada. Uma formação básica, mas extremamente competentíssima, que reveste de novidade regravações de canções conhecidas, do início da carreira da cantora, como I Try e Slowly, ou Sweet Baby, que aqui é como se Macy Gray reescrevesse Simpathy for the Devil, dos Rolling Stones. Tem qualquer coisa de Stones neste disco. Annabelle, que abre o repertório, tem introdução calcada na de Midnight Rambler (1968). Curiosamente, a faixa em que Macy Gray mais esbanja talento como jazz woman é em Nothing Else Matters, do Metallica, e numa roupagem meio Kind of Blue, embora Russel Malone toque a guitarra no estilo Barney Kessel, que formatou o timbre do instrumento no gênero. O outro cover do álbum é Redemption Song, de Bob Marley, sem reinvenções, com reverência ao original. Esta e o reggae She Ain't Right For You são as faixas, digamos, mais convencionais do álbum. Nelas, como no restante do repertório, Macy canta intimista, sua voz de lixa, raramente vai a tons altos, assim como o grupo também toca preciso e contido. Stripped é um disco cujo trunfo é a simplicidade. Confira Macy Gray em Annabelle: https://www.youtube.com/watch?v=RXGj7-JvYq0    

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