Casa das Máquinas lança primeira música inédita em 44 anos

A banda Casa das Máquinas lança a primeira música inédita em 44 anos, antecipando o álbum com previsão de lançamento para o final deste semestre. A música liberada, A Rua, é assinada por Aroldo Binda, que deixou o grupo há mais de anos e se mudou para Nova Iorque. A canção tem como tema crianças de rua, e o descaso do poder público com este grave problema

Será a primeira música do Casa das Máquinas a abordar a política. A banda surgiu em 1973, quando ainda perdurava a fase mais dura do regime militar, paradoxalmente um ano decisivo para a música brasileira em geral, e para o rock em particular. Foi contemporânea de grupos feito o Ave Sangria, Secos & Molhados, Almôndegas Mutantes (na segunda fase), entre outras. O que havia de comum a estas bandas é que todas atualizaram o rock nacional com o que acontecia no exterior, e afastaram-se do que se fazia no gênero até o começo da década de 70, com sabor datado de Jovem Guarda.

Aliás, a Casa das Máquinas chegou a se chamar Novos Incríveis, por ter entre os fundadores dois ex-integrantes de Os Incríveis, Netinho e Aroldo Binda, gravou o álbum Casa das Máquinas em 1974, Pisca Carlos Geraldo Carge, e Pique. Todos já bastante experientes, Pique, por exemplo, tocava na banda de Roberto Carlos. Assim como muitos grupos de então, a Casa das Máquinas fazia rock progressivo, na linha do Yes, Emerson, Laker & Palmer, que exigia um aparato tecnológico, que lá fora foi surgindo naturalmente, e aqui adotado espelhando-se nos grupos gringos.

Os estúdios brasileiros ainda eram muito precários, o produtor geralmente era a própria banda, mas na prática o técnico de som é quem moldava a sonoridade do grupo. O álbum Lar das Maravilhas, de 1975, tem algumas faixas tecnicamente toscas, sobretudo a que fecha o repertório, a longa O Sol-Reflexo Ativo, uma clara cópia mal engendrada do Pink Floyd.

O álbum que está engatilhado para lançamento foi anunciado em 2019, quando foi lançada uma música, Nova Casa. A Rua, que já está na s plataformas digitais, foi composta nos anos 70, por Aroldo Binda, um rascunho que, décadas depois, ele formatou, via Internet, com o tecladista Mário Testoni. O grupo não lança disco desde 1976, o terceiro e último que fez pela Som Livre. Em 2007, quando voltou a se reunir, lançou o álbum Demo, em edição limitada de 500 cópias. A formação atual do Casa das Máquinas: Mario Testoni Junior (teclados e vocal) e Mario Thomaz (bateria e vocal), ambos da formação setentista da banda, e ainda Cadu Moreira (guitarra, violão e vocal), Geraldo Vieira (baixo e vocal) e Ivan Gonçalves (vocal),