Paul McCartney tem quatro músicas entre as cem piores da história

Paul Simon, David Bowie, Rod Stewart e o brasileiro Morris Albert figuram na lista

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JC

Publicado em 06/05/2020 às 22:56
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“Eu fui dado descarga no toalete do seu coração”, no original I’ve been flushed from the bathroom of your heart, é o título de uma canção de Johnny Cash, e de um livro, do australiano Colin Bowles, que lista as 100 piores canções da história. Claro, canções em língua inglesa, e obviamente, sob o ponto de vista de Bowles, que inclui entre a centena, músicas que estão entre as prediletas de muita gente, feito The Sound of Silence, de Paul Simon. A de Johnny Cash também está no livro.
Um única música composta e gravada por um brasileiro figura neste listão, Feelings, do paulista Maurício Alberto Kaisermann, ou Morris Albert, sucesso mundial em 1974. Uma balada xaroposa que frequentou o repertório de Elvis Presley, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Nina Simone, Sarah Vaughan e Johnny Mathis, e foi responsável pela venda de dez milhões de discos. Curioso é que em 1988, o compositor francês Louis “Loulou” Gasté, ganhou um processo em que acusava Morris Albert de plagiar sua canção Pour Toi. Fizeram um acordo, com Albert desembolsando 500 mil dólares. As melodias são realmente iguais.
O autor rotula Feeling como “uma crime contra a humanidade”. Atribui o uso de nomes e canções no idioma inglês por artistas brasileiros, no inicio dos anos 70, à intenção de penetrar no mercado americano. O que não foi o caso. A prática deveu-se mais à censura do regime em sua fase mais dura. Morris Albert foi a exceção. Seu álbum de estreia, intitulado Feelings vendeu 300 mil cópias nos EUA, Ao comentar sobre o processo de plágio, Colin Bowles comenta: “o que me espanta é que alguém reivindique a autoria de uma canção desse quilate. É feito alguém acusar de Hitler de lhe ter roubado a ideia da solução final”. Feelings figura em outras listas de piores canções de todos os tempos.
Morris Albert encontra-se ao lado de muita gente boa no livro do australiano, Paul McCartney, por exemplo. O ex-beatle foi contemplado com quatro, uma ainda nos Beatles, o ska Ob-la-di Ob-la-da. De 1968, Mull of Kintyre, de 1977, uma dos singles mais vendidos da história da música pop, que se perde na repetição da melodia. Mais duas com parceiros, Ebony and Ivory, com Stevie Wonder, e This Girls Is Mine, com Michael Jackson
Colin Howles não perdoa Debbie Boone por You Light Up My Life, uma daquelas canções apropriadas para programas tipo The Voice. Debbie é filha de Pat Boone que, segundo o autor do livro, fez carreira tirando o rhythm and blues do rhythm and blues, fez Fats Domino soar magro, e Little Richard parecer quadrado. Pat Boone enbranqueceu e tirou a aresta do rock and roll original de cantores negros.
You Light Up My Life foi escrita por Joseph Brookes para um filme homônimo, cantada por uma atriz. A segunda gravação foi de Debbie Boone, que até então fazia backing vocal para as gravações do pai, integrava um quarteto gospel. Quando lhe perguntaram quem lhe iluminava a vida (como afirma o título da canção), ela respondeu que era Deus. Brookes não gosto. A canção era de amor, de uma pessoa para outra. Do Ya Think I’m Sexy? De Rod Stewart, só tem dele o refrão, que foi pego emprestado a Taj Mahal, de Jorge Ben (ainda sem o Jor), O resto da música é de Carmine Appice. Colin Bowles escreve que a música é tão sexy quanto bobs de silicone para cabelos. Mas baixa a ripa menos pela música e mais por Rod Stewart ter deixado de cantar rock e folk para cair nas discoteques.
Um clássico do folk rock dos anos The Sound of Silence, grande sucesso com Simon & Garfunkel não é perdoado por Colin: “Escutar The Sounds of Silence é feito receber lições sobre moral e o sentido da vida ministrada por um adolescente. Tudo o que era pomposo e pretensioso no folk rock dos anos 60. É feito Britney Spears tentando compor uma música de bob Dylan. Pessoalmente eu prefiro escutar realmente os sons do silêncio, do que escutar isto mais uma vez”
Outra da lista é Honey, originalmente um sucesso de Bob Goldsboro, de 1968. A letra é melosa, e sobre a amada de alguém que foi pro outro plano, com uma melodia que vai se repetindo. “Sim, um dia, quando eu não estava em casa/e ela estava lá, sozinha/ os anjos chegaram/Agora, tudo que me restam são lembranças”. Curiosamente, Honey tem uma melodia muito parecida com a Sentado à Beira do Caminho, de Roberto e Erasmo Carlos. O primeiro sucesso de Erasmo depois da jovem guarda. E fez sucesso na voz de Moacir Franco, com o título de Querida. Para não dizer que só Colin Bowles invocou-se com Honey. Em 2006, a música foi considerada, pela CNN, a pior canção de todos os tempos.
A atriz e cantora de ar virginal Olivia Newton John tentou mudar de linha com Physical, uma canção supostamente sexy .Só se notou sensualidade na música na África do Sul, onde foi banida. Para Colin Bowles, Olivia demonstra sempre uma candura de uma testemunha de Jeová cantando para salvar a alma. Comentário final do autor da lista: “Desculpem, mas ainda acho que ela continua virgem”
SARCASMO
O autor mistura alhos com bugalhos. Faz parte da lista Dancing in the Street, um clássicos da Motown (lançado por Martha and the Vandellas, em 1964). Mas entrou não pela qualidade, e sim pela interpretação de Mick Jagger e David Bowie, num maxi single de vinil: “Era uma boa canção até Bowie e Jagger arruiná-la”. Don’t Worry Be Happy, de Bob McFerrin leva a maior agulhada: “Você não odeia quanto tá mal, e chega alguém pra levantar sua moral a pulso? Só dá vontade de lhe dar um murro na cara. E Esta música é exatamente isto. Fico admirado por Bobby McFerrin ainda estar vivo e saudável, andando por aí sem guarda-costas e sem ninguém agredi-lo”.
Pobre de Kenny G, o saxofonista é massacrado pelo australiano: “Há poucos homens mais odiados na música do que Kenny Gorelick, Ele sozinho transformou o saxofone no mais temido instrumento de tortura desde o rack (espécie de tablado em que se deitavam prisioneiros com as mãos e pernas amarradas. Com uma manivela, O tablado vai estendendo-se vagarosamente, e esticando o corpo da vítima).
Eu fui dado descarga na toalete do seu coração infelizmente não tem edição brasileira, é politicamente incorreto, e não perdoa nem o Prêmio Nobel Bob Dylan, e nem deveria. Porque a música de Dylan no livro, Wiggle, Wiggle, Wiggle,de 1990, mereceu. Consegue ser pior do que The Laughing Gnome, de 1967, um pecado mortal de David Bowie.

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