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Roberto Carlos tem disco proscrito lançado por selo estrangeiro

Louco Por Você saiu na Europa com outra capa. O Rei veta o relançamento do LP, hoje o disco mais caro do Brasil.

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JC

Publicado em 08/05/2020 às 16:03
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Ano que vem o disco mais cobiçado do Brasil chega aos 60 anos. Louco Por Você, estreia de Roberto Carlos em LP, com selo Columbia, a atual Sony Music. Tocou muito pouco, vendeu menos ainda (não se sabe quantidade exata, mas não deve ter passado de mil exemplares). Com suas manias, ou idiossincrasias, RC colocou o álbum no índex de itens relacionados a ele que não quer de volta ao mercado.
Em 2012, Louco Por Você chegou a circular em streaming na plataforma de música da Apple, mas logo os advogados do cantor deram em cima, e o disco voltou ao limbo. Uma vez participei de uma coletiva de Roberto Carlos, no Copacabana Palace, que era onde ele geralmente concedia entrevistas, quando lançava discos. Perguntei sobre Louco Por Você que , acho, completava 40 anos. Ele desconversou, e deixou um talvez no ar, sobre um possível lançamento.
Bem, eu no lugar dele, talvez também, não aprovasse o relançamento do LP. O repertório é totalmente desigual, mistura bossa nova, com Roberto ainda imitando João Gilberto, com bolero, calipso, rock, e como se achassem pouco, a capa é a mesma de um disco do organista americano, Ken Griffin, lançado em 1946.
Uma das canções, Forever (Marcucci/de Angelis), ganhou uma versão de Carlos Imperial ruim na época, hilárias anos depois, É que Imperial cismou de não traduzir “Forever”. Pelo final dos anos 70, “forever” virou sinônimo de, digamos, “porta dos fundos”. Aí veio Muçum com o dizendo “Forevis” a três por quatro. A música tem versos com o “Forever é para sempre”, ou “Meu amor será seu forever”.
Ele não deixa lançar, pois lá fora lançaram Louco Por Você, com uma capa pavorosa, com o selo Brazilian As Anything, provavelmente de alguma república da ex-União Soviética. O pessoal que vende LPs torce para que Louco por Você nunca seja relançado. É lenda, a história de que é o segundo disco mais caro do Brasil, depois de um álbum original de Paêbirú, de Lula Côrtes e Zé Ramalho. Enquanto Paêbirú era cotado a três para quatro mil, um exemplar em bom estado de Louco Por Você vende-se por dez mil facilmente.
RARIDADES
No Brasil o bolachão de 78 rotações foi comercializado até 1964, quando em quase todos os países a regra já era o compacto, simples ou duplo. O departamento de projetos especiais da gravadora, se é que isto ainda existe, poderia começar a pensar num box do cantor para celebrar o 60 anos do LP de estreia de Roberto Carlos, na Columbia (que virou CBS e depois foi adquirida pela Sony Music). Se não receber sinal verde para relançar o álbum proscrito, poderia reunir músicas de 78 rotações que não chegaram a fazer sucesso, e estão esquecidas. Uma delas, de 1962, tem um título sugestivo: Triste e Abandonado, de Hélio Justo e Erly Muniz, um 78 que teve no outro lado Susie, do próprio Roberto Carlos (ainda sem o parceiro Erasmo). Uma música que ele parecia gostar, porque a cita em outras canções mais à frente. Malena também é outra musa original, também no limbo. A música de Rossini Pinto e Fernando Costa foi lançada em também 1962, como lado B de Fim de Amor (Runaround Sue), versão de Gilberto Rochel para o hit americano de Ernie Maresca e Dion DiMucci. Afora isto, tem os compactos simples e duplos, que RC lançou até 1999, canções lançadas na coletânea As 14 Mais. Um precioso filão para os fãs, que permanece ocioso nos arquivos da gravadora.

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