Disco/vinil

Donato Elétrico ganha reedição em álbum duplo de vinil

Disco de João Donato foi gravado em 2015 com parte da nova geração da música paulistana

José Teles
José Teles
Publicado em 27/10/2020 às 16:59
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ALEXANDRE NUNINS/DIVULGAÇÃO
FORMATO O álbum duplo ganha nova edição do Selo Sesc, inaugurando o catálogo em vinil da gravadora - FOTO: ALEXANDRE NUNINS/DIVULGAÇÃO
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O acreano João Donato é o rei do groove, o que atraiu para ele as novas gerações de músicos brasileiros (e gringos), quando foi descoberto por este a partir dos anos 90, sobretudo pelo disco A Bad Donato, uma guinada no estilo de Donato, que está completando 50 anos em 2020. Em 2016, o Selo Sesc convidou João Donato para retomar o piano elétrico, com músicos doe Bexiga 70, Céu, Anelis Assumpção e Tulipa Ruiz, o músico Curumin, a banda Metá Metá e o grupo instrumental Otis Trio, com arranjos de cordas de Laércio de Freitas, um desses maestros extraordinário que o país pouco conhece, e que se tornou um artista de um sucesso só, em 1972, pelo cateretê Capim Gordura. Donato Elétrico foi produzido por Ronaldo Evangelista, responsável por reunir estes músicos em torno de Donato, um registro feito em 2015, alguns músicos gravaram à distância, como foi o caso do percussionista Mauro Refosco, que mora em Nova Iorque (toca com David Byrne). São dez temas, gravadas
Alunos e mestre nunca se entrosaram tão bem. Na verdade, uma troca de conhecimentos, porque este pessoal apesar de novo tinha um bom tempo de estrada quatro anos atrás. A faixa Urbano, por exemplo, mescla o suingue de Donato com a levada afrobeat, que é bem da Bexiga 70, caprichando nos improvisos. Fela Kuti aprovaria, inclusive o tempo de duração da música, quase 14 minutos. Um álbum assim tão prendado no entanto não teve o espaço merecido, neste mesmo ano Donato lançou mais um disco, com Donatinho, Sintetizamor, um disco de canções, assinadas por vários letristas, entre eles, o craque Ronaldo Bastos.
Donato Elétrico ganha nova edição do Selo Sesc, inaugurando o catálogo em vinil da gravadora, um álbum duplo, com o visual renovado, de acordo com o novo formato. Nesta retomada do som plugado, João Donato faz uma mescla de dois álbuns seus dos anos 70, elogiadíssimos e cultuadissimos ambos. O citado Bad Donato, e Donato Deodato, de 1 973, parceria de dois brasileiros influentes na música americana, ele e Eumir Deodato. Um disco luxuoso, com uma pá de convidados do naipe de Airto Moreira, Ray Barreto, Mauricio Einhorn e Randy Brecker.
Um som ao mesmo tempo antigo e atual, feito na latinidade da guajira Combustão Espontânea, a sonoridade é bem anos 70, com o groove saindo pelo ladrão dos Fender Rhodes, clavinet, Farfisa e Moog de Donato, com saxes e metais, numa levada dançante, o que aliás é uma das características de João Donato, que nos anos 50 tocou muito nas boates cariocas, num tempo em que casais saíam para dançar. Um disco que abre com um latin jazz impecável, e o som inconfundível de Donato, então com 81 anos., o João Gilberto do piano, ninguém toca feito ele, a complexidade que soa com a maior simplicidade.
Donato Elétrico chega às lojas sexta-feira, e terá um preço médio de R$ 160.

 

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