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Dave Mason refaz obra prima lançada há 50 anos

Alone Together é um dos clássicos pouco conhecidos da década de 70

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José Teles

Publicado em 10/11/2020 às 12:36
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Dave Mason, mais conhecido pela sua participação no Traffic, um dos grupos seminais dos anos 60, há meio século lançaria seu primeiro disco solo, Alone Together, injustamente ignorado, quando se cita grandes álbuns daquela época. O Traffic fez parte da nobreza pop da swinging London, circulava com os músicos mais importante de então (e era um deles), sobretudo com Jimi Hendrix, de quem foi muito amigo (toca violão de doze cordas, na versão de Hendrix para All Along the Watchtower, de Bob Dylan
(Assim quando foi gravar o disco, reuniu um time de craques. O pianista foi Leon Russel (outro que caiu num esquecimento inexplicável), o baterista Jim Capaldi (do Traffic), parte do Derek and the Dominos, incluindo Eric Clapton. Aliás, ele empregou no álbum, além de Capaldi, três dos maiores bateristas do rock: Jim Keltner, Jim Gordon e John Barbata (tocou com Crosby Stills Nash & Young, The Turtles e Jefferson Airplane). O apelido de Mason era “O Pistoleiro”, por ele tocar com praticamente todos os superastros dos anos 60 e 70: George Harrison, Paul McCartney, The Rolling Stones, Fleetwood Mac alguns deles.
O LP original custa uma pequena fortuna, não apenas pela idade, mas porque foi um dos mais ousados design da história fonográfica. Não foi prensado em vinil simples, mas com um material assemelhado a madrepérola, a capa é tripla, com uma foto da capa destacável, com recorte no topo para que pudesse se pendurada como pôster. A música é de primeiríssima qualidade, embora não tenha rendido nenhum grande hit. Alone Together e o disco seguinte, Dave Mason & Cass Elliot (gravado em 1970, e lançado em janeiro de 1971), são dois álbuns obrigatórios dos anos 70, embora raramente sejam citados ou lembrados.
REEDIÇÃO
Dave Mason, 74 anos, diz que nunca gostou de sua voz em Alone Together, era muito jovem, no seu primeiro solo. Aprovava a performance geral, as canções, mas não seus vocais. Meio século depois ele regravou o disco, para uma edição comemorativa. Claro que os vocais não são mais os mesmos, não necessariamente aprimorado. Mason empregou os mesmos arranjos originais, as canções na mesma ordem, e teve o bom senso de não acrescentar faixas extras. Aliás, o disco traz embalagem idêntica ao original, o que no CD não funciona da mesma forma. No LP encareceu o que já é muito caro.
O que falta à nova versão de Alone Together (rebatizado de Alone Together Again), é o espírito da época. As canções têm uma urgência e um entusiasmo próprio do início da década de 70, Mason quase criou uma tendência com o estilo que formatou, nos dois discos citados, Alone Together, e Dave Mason & Cass Elliot (a Mama Cass do Mamas and the Papas). O disco foi regravado com os músicos que integram a atual banda de Mason, mais alguns convidados. Bem diferente dos que tocaram com ele no disco original, até porque parte já faleceu. Para o que gostam de comparações, o segundo leva vantagem sobre o primeiro, pelas óbvias modernizações dos estúdios. O primeiro álbum resistiu ao teste do tempo, é um dos grandes discos da era clássica do rock and roll que merecem figurar em qualquer lista de melhores álbuns da história do gênero.

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