Jimi Hendrix em mais um lançamento póstumo à sombra de um vulcão no Havaí
Parte da música do show foi utilizada no doc Rainbow Bridge, e agora é lançado na íntegra pela primeira vez

Rainbow Bridge é provavelmente o pior projeto de que Jimi Hendrix participou. Um documentário, de Chuck Wein, sem roteiro e sem pé nem cabeça. Uma bobagem riponga. Foi produzido pelo empresário de Hendrix, com atores amadores, e traficantes, sacerdotes, freiras, gays, viciados, estes fazendo no filme os papéis que desempenhavam na vida real. Rainbow Bridge levou traulitadas generalizadas da crítica.
Jimi Hendrix, no auge, encontrava-se no Havaí para um show, e o empresário o incluiu no doc, com um show, à sombra do vulcão Haleakala, na ilha de Mauí. Foram duas apresentações, de cinquenta minutos cada, mas no filme que foi às telas (anos depois lançado em DVD) vê-se e escuta-se apenas 17 minutos de música. Hendrix nem chegou a ver o filme. Os shows foram apresentados em julho. Ele morreria em setembro. Estas gravações foram suas últimas ao vivo em solo americano.
Com Billy Cox (baixo), e Mitch Mitchell (bateria), Jimi Hendrix estava no auge. Mais que isso, numa fase de transição, com algumas canções novas, que soavam fantasmagóricas, com andamentos e harmonias estranhas, seus vocais etéreos, como se flutuassem sobre a música (isto é mais palpável nas gravações de estúdio). Uma das melhores deste período é Hey Baby (New Rising Sun).
Pois bem, pegando gancho no aniversário de meio século da morte do cantor (que completaria 78 anos nesta sexta-feira, 27 de novembro), foi lançado o pacote Music, Money, Madness … Jimi Hendrix In Maui, que inclui tanto o malfadado documentário completo, hoje até mais palatável, e as imagens completas dos dois concertos de Jimi, Cox e Mitchell. Chega às lojas no formato digital, e físicos, em DVD, Blu-ray, CD (duplo), e vinil (triplo).
Para quem fez os show com a maior das má vontades (segundo quem estava com ele), Hendrix toca como se precisasse daquilo para comprar um prato de comida. E ele detestava tocar em locais abertos. Também teve uma de suas menores plateias desde que se tornou famoso, cerca de 400 pessoas (não houve divulgação do show em Mauí).
Da série infinita de lançamentos póstumos do guitarrista, este é um dos melhores, remasterizado, com som 5.1, remixado pelo engenheiro de som de Hendrix, Eddie Kramer fez milagres nas fitas de áudio. Ventava muito no momento dos shows. No primeiro deles, o som da bateria de Mitch Mitchell o vento levou. Ele teve refazê-lo no estúdio em Nova Iorque. Kramer restaurou e remixou o áudio. Um presente de aniversário para os fãs de James Marshall Hendrix.