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OLIVAS DE GRAMADO

Publicado em 22/11/2020 às 2:00
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Uma arte milenar deu origem a um dos parques mais charmosos da Serra Gaúcha. Com mais de 12 mil oliveiras plantadas em cima de um cânion da Linha Nova, o Olivas de Gramado é uma deliciosa surpresa para quem se aventura pela área rural da cidade, em busca das suas origens.

Os 14 quilômetros desde o Centro de Gramado até a fazenda já são um deleite. Belos jardins de hortências, plantações e casas coloniais de imigrantes italianos, alemães e luso-açorianos pontuam o caminho.

Na chegada, o visitante se depara com uma estrutura turística capaz de satisfazer diferentes perfis de público. A paisagem por si só já é uma atração da propriedade, encravada em um solo permeado de cristais e rodeado de mata atlântica. A energia não poderia ser melhor.

Mas como o nome sugere, é a produção de azeite de oliva, a primeira do Rio Grande do Sul, o principal motivo da incursão por ali. A beleza dos olivais e a riqueza de informações sobre o processo de fabricação, do cultivo das azeitonas à extração do óleo, valem cada minuto do tour, que ainda ensina sobre os usos gastronômicos, benefícios para a saúde e história do produto, cuja origem está na Antiguidade, na região conhecida como Crescente Fértil.

O ponto alto ocorre com a degustação sensorial dos azeites e infusões artesanais da casa, acompanhada por um azeitólogo. No nosso caso, o guia foi André Bertolucci, o "alquimista" por trás da excelência da Olivas de Gramado. Com ele, descobrimos que a olivocultura é tão complexa quanto a produção de vinhos ou de cafés.

Um dos sócios do empreendimento, André explica que entre as 1.200 varietais de azeitona existentes no mundo, a fazenda optou por seis, das quais "vingaram", especialmente, um blend suave das espanholas arbequina e arbosana e a monovarietal grega koroneike, que produz um azeite mais intenso, com mais picância e amargor. Para leigos, aliás, o especialista esclarece que essas propriedades são atributos e não defeitos do produto, ao contrário da acidez, que diz respeito ao nível de oxidação: "Até 0,8% são os extravirgens e de 0,9% a 2%, os virgens. Acima disso, é impróprio para o consumo", explica.

Ao escolher um azeite, observa André, é preciso levar em conta, ainda, características gustativas e aromáticas. "Ele entra na boca amendoado, no centro da língua tem a adstringência do amargor e o retrogosto é picante", descreve, acrescentando que um óleo de oliva de qualidade precisa ter cheiro de grama verde, mato ou ervas.

Na Olivas de Gramado, além do extravirgem, também há uma coleção de azeites gourmets que homenageiam a culinária de diferentes países (Genova salsa pesto, Dusseldorf senf, Kinki soy shoyo, New Orleans creole sauce, Azteca chili jalapeño e Himalaya sherpa salt), assim como infusões aromatizadas com especiarias e frutas cultivadas na própria fazenda, a exemplo da bergamota, limão siciliano, canela, ervas de provence, pimenta calabresa defumada e alho em flocos. Dá vontade de levar todos para casa. E as embalagens em vidrinhos de 30 ml e 50 ml disponíveis na boutique permitem realizar o desejo, bem como consumi-los ali mesmo.

Depois de se nutrir de conhecimento, a dica é aproveitar o cenário para relaxar em um dos muitos recantos cinematográficos que a fazenda oferece. De preferência, com uma cesta de piquenique a tiracolo. Guarnecidas de pães, cucas, queijos, embutidos, azeites e azeitonas, claro, entre outros insumos locais, custam entre R$ 140 e R$ 280, a depender das bebidas escolhidas.

Quem preferir a comodidade do restaurante pode fazer logo a reserva para a volta do passeio. No almoço, das 12h às 15h, só há um menu disponível, que vale por muitos, diga-se. Chamado de Raízes, custa R$ 110 por pessoa e inclui a legítima comida italiana da Nona, com couvert, saladas, sopas, polentas mole e frita, dois tipos de massa e três de carne (panela, frango e costela marinada na cerveja), que podem ser repetidos quantas vezes o comensal aguentar. Só precisa lembrar de guardar espaço para as sobremesas: ambrosia, sagu com creme e arroz doce, também servidos à vontade.

A mesa é tentadora, mas há muito mais a conhecer. Para famílias com crianças, a sugestão é começar pela Fazendinha, onde bichinhos e casas em tamanho menor proporcionam aos pequenos uma maior interação com a natureza e o universo rural. Ao lado, está a horta orgânica, com viveiro e estufa, onde são produzidas verduras e legumes orgânicos que abastecem o restaurante, além de flores, frutas, chás, temperos e plantas decorativas utilizadas no paisagismo do parque, caso das tradicionais hortênsias.

Os aventureiros também têm o seu lugar, nas trilhas ecológicas autoguiadas, em que as espécies vegetais estão devidamente sinalizadas. Com sorte, é possível dar de cara com cervos, tatus e macacos bugiu. Presente extra, ao final de cada trajeto, são os mirantes para o cânion Pedra Branca e parte do percurso do Rio Caí, que contorna as montanhas da região.

"O parque possui 90 hectares de preservação permanente e nós plantamos mais árvores de espécies nativas e frutíferas para atrair os animais", conta o Sr. Pedro Bertolucci, sócio-fundador do Olivas de Gramado. Outro de seus orgulhos é a oliveira tricentenária plantada em local de destaque da propriedade, para marcar a origem de um sonho, hoje feito realidade com a contribuição de turistas do Brasil inteiro.

SERVIÇO

A entrada no parque custa R$ 49 para visitantes entre 17 e 59 anos. Crianças de 0 a 11 anos não pagam. Pessoas de 12 a 16 e de 60 ou mais pagam R$ 24,50. O ingresso inclui degustação sensorial do azeite de oliva (mediante disponibilidade no dia do passeio), visita à Fazendinha, trilhas ecológicas autoguiadas; acesso à loja boutique, ao empório colonial e ao restaurante Trattoria, além da horta orgânica e dos mirantes do cânion da Pedra Branca.

 

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