Fertilização in vitro e escolha de sexo do bebê: mitos e verdades esclarecidos
A biópsia embrionária, embora não destinada para escolha de sexo, fornece informações valiosas que podem auxiliar no sucesso do tratamento de FIV
A fertilização in vitro (FIV) tem revolucionado a medicina reprodutiva, oferecendo aos casais a possibilidade de realizar sonhos de maternidade e paternidade.
Recentemente, a esposa de Zezé Di Camargo, Graciele Lacerda, chamou a atenção ao afirmar que teve a opção de escolher o sexo do bebê após realizar uma FIV.
"Meu médico sabe o sexo do bebê. Quando fazemos FIV, já sabemos o sexo. Ele até perguntou se eu queria escolher", revelou.
No entanto, é essencial esclarecer as normas e práticas envolvidas nesse processo para entender a veracidade dessas alegações.
Técnicas de reprodução assistida e escolha do sexo
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), as técnicas de reprodução assistida, incluindo a FIV, não permitem a seleção do sexo do bebê para fins não terapêuticos.
A escolha do sexo só é permitida em casos específicos, como a prevenção de doenças genéticas relacionadas aos cromossomos sexuais.
"Portanto, a escolha do sexo só pode acontecer em casos de doenças ligadas ao cromossomo sexual, como alguns tipos de daltonismo, hemofilia, distrofia muscular ou aneuploidias", explica a especialista em Reprodução Humana Paula Marin.
Revelação do sexo do embrião
Embora a escolha do sexo não seja permitida de forma geral, o sexo do embrião pode ser revelado por meio de um exame diagnóstico conhecido como biópsia embrionária.
Este exame é realizado durante a FIV para investigar aneuploidias ou outras condições genéticas. "O resultado da biópsia embrionária, que analisa os cromossomos sexuais através do teste genético pré-implantacional, revela o sexo do embrião.
Esse resultado pode dar margem para uma eventual escolha de sexo, ainda que esse não seja o objetivo inicial do paciente", afirma Paula Marin.
No entanto, a resolução do CFM nº 2.294, de 15/06/21, define que a informação sobre o sexo do embrião só deve ser divulgada em casos relacionados a doenças sexuais ou aneuploidias, e não para escolha pessoal.
Indicações para a biópsia embrionária
A biópsia embrionária não é uma etapa obrigatória em todos os tratamentos de FIV. Geralmente, ela é indicada em situações como risco elevado de aneuploidias, histórico de doenças genéticas na família, idade materna avançada (acima de 40 anos), alterações no cariótipo ou abortamentos de repetição.
"Esse exame é cada vez mais utilizado, mesmo em mulheres mais jovens, para selecionar o melhor embrião e reduzir o risco de condições como a Síndrome de Down", explica a Dra. Paula Marin.
Como funciona a biópsia embrionária
A biópsia embrionária consiste na remoção de 5 a 10 células do embrião no quinto ou sexto dia de desenvolvimento, na fase de blastocisto.
Essas células são analisadas geneticamente para determinar o número de cromossomos e o sexo do embrião, que pode ser XX (feminino) ou XY (masculino).
"Mesmo que a escolha do sexo não seja permitida, o casal que opta pela biópsia embrionária acaba sabendo o sexo do embrião. Esse conhecimento pode influenciar a decisão sobre qual embrião transferir, embora a escolha idealmente deva ser baseada nas melhores chances de implantação", afirma Paula Marin.