Home Office fica na corda bamba

AVALIAÇÃO Índice de satisfação com o modelo remoto caiu vertiginosamente na pandemia

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 29/11/2020 às 2:00
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Sem definição de volta à rotina, o índice de satisfação com o home office minguou entre os brasileiros e caiu vertiginosamente, chegando a menos de 50% ao longo da pandemia. Segundo estudo da Orbit Data Science, para grande parte da população, o home office passou de aspiração para um uma realidade longe do ideal, e a indefinição quanto à volta da rotina de trabalho vivida outrora põe-se como um desafio, tanto para os colaboradores quanto para as empresas.

Segundo a Orbit, a percepção sobre o home office se divide em quatro diferentes fases ao longo de 2020. O pré-impacto é representado pelos meses de janeiro e fevereiro; o impacto com a pandemia vem em março; já a adaptação ganha lugar entre abril e julho; enquanto a consolidação engloba os meses de agosto e setembro. "Observamos uma crise de imagem do home office porque ele passou de ideia para realidade. Se antes era praticado por alguns profissionais, apenas alguns dias por mês, passou a ser o novo padrão estabelecido. E isso traz muitas questões à tona", explica o CEO da Orbit, Caio Simi.

A pesquisa se debruçou sobre 4.798 postagens de perfis de brasileiros no Twitter, Instagram, Facebook e comentários de portais de notícias, entre janeiro e outubro de 2020. Os dados compilados revelam que o trabalho remoto é elogiado em 51% das conversas nas redes e criticado em 39,8% das vezes, enquanto comentários neutros representam pouco mais de 9% da amostra.

"Entre abril e julho, notamos um crescimento de pessoas reclamando de dores nas costas, dores no corpo e estresse, o que foi decisivo para que a imagem do home office se tornasse mais negativa do que positiva nas redes pela primeira vez em todos os 10 meses de análise", detalha Simi.

Em janeiro e fevereiro, o trabalho de casa era elogiado em 71,3% das conversas nas redes. "Fico mais à vontade", "trabalho com a roupa que quero" e "tenho tempo para outras atividades" eram os principais sentimentos. Uma minoria de 26,4% reclamava da distração do ambiente domiciliar.

Na segunda fase do estudo, em março, cresceram as críticas sobre o trabalho de casa (39,5%), contra 26,4% no início do ano. A fase de Impacto é puxada sobretudo pelos comentários que reclamavam do aumento na jornada de trabalho imposta pelo home office. Além do trabalho convencional que já faziam no escritório, as pessoas acumularam as tarefas domésticas e isso aumentou a maior percepção de cansaço e acúmulo de tarefas, mesmo que não fossem diretamente ligadas ao trabalho.

Já entre os meses de abril, maio e junho, o home office atingiu o maior nível de percepção negativa. As críticas ultrapassaram 50,5%, sendo puxadas pela ausência de políticas de adaptação por parte de muitas empresas.

RETORNO

Ao mesmo tempo que o estudo capta uma maior insatisfação com o atual modelo de trabalho na rotina, nos últimos meses, no entanto, com mais flexibilização e possibilidade de retorno de parte das equipes aos escritórios, a percepção positiva sobre o home office voltou a subir, reduzindo às críticas a 43% entre agosto e setembro e quebrando a cabeça de gestores quanto a planos de retorno que atendam as necessidade de toda a equipe.

Em outro levantamento, esse da consultoria KPMG, no Nordeste, a maioria dos líderes tem apostado num plano gradual, com espécies de fases de transição. Nesses casos, o modelo híbrido de trabalho, com parte da equipe atuando presencialmente e outra parte remota, pode se mostrar o caminho mais assertivo para manter a produtividade e o bem-estar dos colaboradores.

Após ouvir 45 executivos da região, representando 13 setores diferentes da economia, a consultoria chegou à conclusão de que pelo menos 30% dos líderes têm planos para um retorno gradual com no máximo 30% dos funcionários. A maior parte dos ouvidos (26,6%) já retornou às atividades, enquanto 22,2% só devem voltar com as equipes para os escritórios em 2021.

"No Nordeste, o retorno aos escritórios está sendo feito de forma gradativa e deve ser mantido todo o grupo de profissionais. É um sinal de que as empresas da região estão sendo mais resilientes frente aos desafios na economia local advindos da pandemia da covid-19", analisa o sócio da KPMG e responsável por clientes e mercados nas regiões Norte e Nordeste, Paulo Ferezin.

Na região, os executivos afirmam que a produtividade se manteve (48,8%) chegando a aumentar em até 20% para 22,2%. Para outros 13,3%, a produtividade diminuiu em até 20%.

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