Artes visuais

José Guedes retorna à Galeria Amparo 60 com a mostra 'Fênix'

Cearense estava há 15 anos sem expor no Recife e apresenta trabalhos que dialogam com a história da arte

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 03/03/2020 às 0:00 | Atualizado em 05/03/2020 às 10:43
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Coletiva da exposição "Fênix", de José Guedes, na Galeria Amparo 60 - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

O cearense José Guedes apresenta a exposição Fênix na Galeria Amparo 60, a partir do dia 5 de março. A mostra marca o retorno da parceria com a galerista Lúcia Santos e também um reencontro do artista com o Recife, cidade na qual ele não expunha há 15 anos, quando montou Sobre Pintura, também na Amparo. Na capital pernambucana, ele apresenta um recorte de 19 obras da série homônima, cuja proposta une o interesse de Guedes pela história da arte com sua verve inquieta e experimental. Trabalho já passou por Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris e Guayaquil (Equador).

A relação de Guedes com a arte é quase simbiótica. Com 47 anos dedicados à produção artística, ele está sempre pesquisando sobre a área com um olhar que mescla o de criador, amante e também fomentador deste campo. Além de artista visual, o cearense foi diretor de instituições como Casa de Cultura Raimundo Cela (1986 a 2000) e Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar (1998 a 2003, e 2007 a 2012). Atualmente, ele gerencia o espaço Casa D’Alva, em Fortaleza.

Os trabalhos que compõem a série Fênix são construídos a partir da ideia de ressignificar obras consagradas da arte brasileira e internacional, estabelecendo um diálogo entre a poética do cearense e dos artistas em questão. A epifania para a criação dos projetos aconteceu quando Guedes, insatisfeito com a impressão de uma obra renascentista, amassou a folha e ia descartá-la. Ao ver aquela obra “destruída”, ele pensou em como, na verdade, ele poderia criar algo novo a partir de uma base consagrada e despida de sua forma original.

Esta, aliás, não foi a primeira vez que o artista partiu de um referencial histórico para desenvolver projetos contemporâneos. A própria imagem cujo erro na impressão originou Fênix fazia parte de uma série na qual ele diminuía os pixels de imagens do Renascimento a um ponto em que elas ganhassem uma visão completamente nova sobre uma tela de mais de 500 anos.

O primeiro mestre que ele conscientemente ressignificou para este projeto foi o holandês Piet Mondrian. A partir dele, outros artistas com traços quase imediatamente reconhecíveis, como Pablo Picasso, Keith Haring e Roy Lichtenstein, também foram amassados por Guedes.

“A pintura sempre foi o norte da minha produção, agora isso não quer dizer que eu tenha sido o tempo todo pintor. Quer dizer, eu sempre procurei expandir as questões da pintura”, aponta. “Eu diria que esta série é uma síntese desses meus quase 50 anos de arte. Todas as questões estão aí: a pintura no espaço, cor, luz, e a própria história da arte. Sempre tive esse diálogo com aquilo que eu ia aprendendo ao longo dos anos vendo arte.”

Para criar as obras, ele utiliza imagens que ele fotografou ou usa reproduções de trabalhos em alta resolução. Essas imagens são impressas em tamanho A3, com 200g. As impressões são depois amassadas por ele e, a imagem do resultado dessa intervenção, é lapidada, recortada digitalmente e estampada em uma folha de alumínio. O resultado é a ilusão de que se está diante de uma obra tridimensional, quando, na verdade, se trata de um suporte plano.

“É um trabalho que você vendo na fotografia você pensa que é uma coisa amassada, tem uma impressão específica. Mas, como toda obra de arte, ele é um trabalho que só acontece plenamente quando você está diante dele, quando você viaja na ilusão da tridimensionalidade”, reforça.

Ao todo, a série Fênix já conta com mais de 200 trabalhos. No recorte trazido ao Recife, há telas inéditas que têm como base a obra de Hélio Oiticica.

SERVIÇO

Exposição Fênix, de José Guedes – abertura dia 5 de março, a partir das 18h (só para convidados), na Galeria Amparo 60 Califórnia (Rua Artur Muniz, 82, primeiro andar, salas 13/14, Boa Viagem). Visitação: de terça a sexta, das 10h às 19h; e aos sábados com agendamento prévio, de 6 de março a 9 de abril. Informações: 3033-6060

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Obras da série "Fênix", de José Guedes, trabalham ilusão de tridimensionalidade - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Obras da série "Fênix", de José Guedes, trabalham ilusão de tridimensionalidade - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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Obras da série "Fênix", de José Guedes, trabalham ilusão de tridimensionalidade - FOTO:FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

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