Luto

José Teles: O jazz perde McCoy Tyner, um dos maiores pianistas do gênero

Integrante do clássico quarteto do saxofonista John Coltrane, o ilustre músico faleceu aos 81 anos

José Teles
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José Teles
Publicado em 07/03/2020 às 9:57 | Atualizado em 07/03/2020 às 10:02
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O pianista McCoy Tyner faleceu aos 81 anos. - FOTO: DIVULGAÇÃO

O pianista McCoy Tyner, que morreu nesta sexta-feira (6), aos 81 anos, sempre que é citado tem imediatamente seu nome ligado ao de John Coltrane. É inevitável, ele foi fundamental para o resultado final de alguns dos discos seminais do século 20, A Love Supreme (1965) e My Favorite Things (1960). Mas Tyner tocou apenas cinco anos com Coltrane. Deixou o grupo do saxofonista quando este partia para experiências sonoras mais radicais, acrescentando percussionistas ao grupo. Aquilo, comentou McCoy Tyner, era barulho, que não fazia sentido para ele. Foi mostrar sua música como protagonista.

Alfred McCoy Tyner, nascido na Filadélfia em 1938, começou a tocar com 13 anos, e teve a sorte e o privilégio de ter como vizinho Bud Powell, um dos maiores pianista o jazz, considerado o Charlie Parker do be bop. McCoy Tyner gostava de contar que costumava andar com Bud Powell, apesar da diferença de idade (era 14 anos mais jovem), e do dia em que Powell foi a sua casa, e tocou em seu piano.

A discografia solo de McCoy Tyner é imensa, reunindo ao que ele gravou com alguns dos mais importantes nomes do jazz, é quilométrica. Aliás tocar como acompanhante de gente de talento foi uma de suas táticas quando aprenda piano: “Foi assim que aprendi quando no começo. Tocava com músico que eu achava que poderiam me ensinar alguma coisa. Colava neles o tanto quanto era possível, também com caras da minha geração. Mas a maioria era de caras mais velhos que eu”.

COLTRANE

McCoy Tyner não escondia que se orgulhava de ter participado do quarteto de John Coltrane com o contrabaixista Jimmy Garrison e o baterista Elvin Jones, em entrevista ao crítico Ben Sidran (publicada em livro), ele comentou sobre sua participação um dos grupos mais criativos da história da música do século 20:

“Foi uma experiência que não consigo mesmo descrever. É muito complicado definir o tipo de efeito que teve em mim. Sim, porque era um nível criativo muito alto. A dedicação de cada um, o fato que não havia imposição de egos. Era basicamente a música que importava. E, claro, John era um músico muito, mas muito, dedicado, e tê-lo à frente do grupo, sob sua liderança foi muito bom. Nem penso muito nisso. Sei que foi algo muito grande, mas quando você faz parte da correnteza, é difícil se perguntar em que é que está envolvido. Você só se dá conta quando pensa no que aconteceu e diz: uau, aquilo foi fantástico”.

Porém McCoy Tyner (que se apresentou na Igreja da Sé, em 2010, na programação do festival Mimo), ao deixar John Coltrane procurou seguir seu próprio e influente caminho, como comentou em entrevista ao The Times, de Londres em 2013: “Não tento repetir o passado, porque ele já foi feito. Sempre procuro olhar pra frente e tentar ver qual que virá”.

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