Luto

Morre Ednaldo Lucena, ator da Paixão de Cristo e dublador de Monstros S.A

Ednaldo Lucena faleceu aos 82 anos, carregando uma história de longa data na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém desde seu início e contando também com um currículo na dublagem, com obras como Monstros S.A, Toy Story 3 e Star Wars

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 11/03/2020 às 15:58 | Atualizado em 11/03/2020 às 17:01
MORGANA NARJARA/DIVULGAÇÃO
EDNALDO LUCENA CONTA COM UMA LONGA HISTÓRIA NA PAIXÃO DE CRISTO, CHEGANDO A INTERPRETAR JUDAS ISCARIOTES POR 21 ANOS - FOTO: MORGANA NARJARA/DIVULGAÇÃO

O ator e dublador paraibano Ednaldo Lucena faleceu na última terça-feira, aos 82 anos, por complicações relacionadas a doença de Alzheimer. Lucena se destacou por sua trajetória no teatro, na teledramaturgia e também na dublagem. Em terras pernambucanas, estado onde veio morar desde criança, se notabilizou por sua longa dedicação ao espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, participando desde sua edição inaugural, em 1968.

Por 21 anos, interpretou Judas Iscariotes , entre 1977 e 1998. Lucena retornou ao espetáculo em 2009, vivendo Anás e nos dois últimos anos, viveu o Príncipe I, seu último trabalho nos palcos. Ele faleceu em Niterói, Rio de Janeiro, onde morava desde 2015. Seu sepultamento foi realizado na tarde de ontem, na mesma cidade. No ano 2000 atuou nos espetáculos de Noite Feliz, o Nascimento de Jesus em Nova Jerusalém e, também, em 2004 na temporada dessa peça no Santuário Nacional de Aparecida (SP).

"É uma grande perda para o teatro pernambucano e do Brasil. Era um grande ator, de uma capacidade inata e talento enorme. Na Paixão de Cristo, fez uma porção de personagens, sempre com muito brilho e muita maestria, do cômico ao trágico. E, sobretudo, a perda de um grande amigo", declara Carlos Reis, um dos diretores artísticos do espetáculo e amigo de Ednaldo desde os anos 1950.

Na televisão, Lucena coleciona alguma passagens por emissoras locais e nacionais. Começou como rádio ator, dono de uma voz marcante e logo integrou o quadro de atores da TV Rádio Clube, passando pouco tempo depois para a TV Jornal. Trabalhou em diversos papéis durante a fase das série e novelas feitas ao vivo nos anos 1960, antes da chegada das grandes redes. Sua versatilidade marcou sua trajetória. Fez séries policiais produzidas pelo roteirista e dramaturgo Hilton Marques. "No tempo que a produção local era feita toda aqui, sem as grandes redes, ele trabalhou bastante, com uma versatilidade e um grande talento que garantia isso", relembra Reis.

No final da década de 1960, tentou ir ao Rio de Janeiro para continuar o trabalho com televisão, estimulado pelo amigo Lúcio Mauro. Não encontrou um ambiente muito favorável e logo retornou. Nos anos 1990, retorna à capital fluminense.

Nessa nova passagem, conseguiu carimbar participações de novelas e séries na TV Globo, também começando uma carreira como dublador, principalmente no estúdio Herbert Richers. Com seu poderio vocal, Ednaldo deu voz a personagens em filmes e séries como Monstros S.A (Sr. Waternoose), Toy Story 3 (Chuckles), Star Wars (o vilão Conde Dookan) e o Príncipe do Egito (Faraó Seth), Os Incríveis (Rick Dicker), Irmão Urso (narrador) e Digimon.

"Era uma voz muito grave e música. A abertura do espetáculo é com a voz dele, no prólogo em que dois profetas declamam o início do evangelho de João. Vamos manter essa voz como homenagem a ele, que é uma pessoa muito importante na história do espetáculo," afirma Carlos.

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