'Bloodshot' traz Vin Diesel em sci-fi simplório e inofensivo

'Bloodshot' adapta a HQ de mesmo nome e traz Vin Diesel como um supersoldado em busca de vingança, carregando uma inventividade até razoável, mas que não vai muito além; confira crítica

Rostand Tiago
Cadastrado por
Rostand Tiago
Publicado em 13/03/2020 às 14:43 | Atualizado em 13/03/2020 às 14:46
SONY/DIVULGAÇÃO
VIN DIESEL ESTRELA BLOODSHOT, PRINCIPAL ESTREIA DA SEMANA NOS CINEMAS - FOTO: SONY/DIVULGAÇÃO

O blockbuster desta semana, Bloodshot, é um projeto protagonizado por um nome bem envolvido nesse cinema pipocão, de ação, das duas últimas décadas. Vin Diesel (franquia Velozes e Furiosos) deu o pontapé inicial a uma nova safra de carecas bombados, que estrelam orçamentos milionários e trazem um retorno financeiro à altura. Com um público fidelizado, seus projetos não precisam de muita exigência, apenas justificativas para colocá-los a trocar socos e tiros, cada um com suas particularidades, que brincam com o absurdo. Algumas dessas produções até apresentam um nível de inventividade razoavelmente interessante, mesmo que dentro de uma história simplória.

É o caso deste sci-fi de ação, que entrou em cartaz nos cinemas do Recife, adaptado da história em quadrinhos de mesmo nome (Editora Valiant). Nele, o soldado Ray Garrison (Diesel) encarna uma espécie de RoboCop menos mecânico, que conta com nanorobôs – a tecnologia da vez na ciência de Hollywood – em sua corrente sanguínea para regenerar seu corpo após receber tiros dos mais diversos calibres, além de um variedade de socos e pontapés.

Garrison incorporou tal aparato após ser assassinado, assim como sua esposa, sendo ressuscitado por um cientista (Guy Pearce), dono de uma megacorporação que executa experimentos com militares. Com o novo corpo, Garrison entra em uma jornada de vingança, ao mesmo tempo em que começa a descobrir segredos sobre seus benfeitores.

Claro que os confrontos físicos são o norte e o clímax dramático dessa narrativa. Mas Bloodshot consegue ir um pouquinho de nada além e trazer algumas reviravoltas curiosas, brincando com o próprio aspecto caricatural dos primeiros minutos do filme. Mesmo que depois volte a cair na mesma armadilha. De forma geral, o roteiro consegue lidar bem com a mirabolância a que se propõe. Ainda assim, não há um aproveitamento mais elaborado dos temas que levanta, resolvendo suas questões emocionais bem rapidamente. É tudo uma escada para o cinema de "brucutu forte batendo em gente". E tem seu público, mesmo quando feito de uma forma mais apática, como é o caso aqui.

Um lapso de visual

Para ser justo, há um desses momentos de confronto, ambientado em um túnel, que é construído com uma plasticidade fora da curva para o padrão do longa. A fotografia de Jacques Jouffret parece ter um lapso nessa sequência e desenvolve uma atmosfera que lida bem visualmente com o ambiente, principalmente em sua iluminação, fazendo-o contribuir para a ação. Pena que o restante dos embates não carreguem tal empenho, empurrando ainda uma dúzia de câmeras lentas irritantes e desnecessárias.

Leia também: 'Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw' mantém fôlego da franquia
Coronavírus: Cinemas, museus e galerias da Fundação Joaquim Nabuco suspendem atividades
Crítica: Fim de Festa, de Hilton Lacerda, é suspense policial fraco de proposições políticas rasas

Já Vin Diesel apresenta um carisma muito específico que se encaixa bem nos personagens que escolhe. Não há espaço para lágrimas nas reviravoltas dramáticas de sua vida conjugal, ou para algum momento mais reflexivo sobre sua nova natureza e o retorno do mundo dos mortos. Mas a cara de intimidação está lá, acompanhada pelo pelos grandes braços. Talvez já em um modo de piloto automático, Diesel cumpre seu papel fazendo o personagem que já vem trabalhando bem há mais de duas décadas.

Comentários

Últimas notícias