Diversidade

Galeria Janete Costa recebe duas exposições

Obras de Glauco Moraes e coletiva Art in Progress: Novíssima Arte Contemporânea ocupam o espaço

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 13/03/2020 às 18:46 | Atualizado em 13/03/2020 às 18:51
Geraldo Goulart Neto/Divulgação
Glauco Moraes expõe pela primeira vez no Recife - FOTO: Geraldo Goulart Neto/Divulgação

Ainda adolescente, Glauco Moraes desenvolveu o hábito de registrar suas experiências e abstrações em diários. Para garantir a privacidade dessas anotações, criou um dialeto próprio, com cerca de 14 mil palavras. Recentemente, após a morte de seu pai, o artista visual descobriu que o genitor também não deixava de anotar seus dias em caderno em uma linguagem ímpar. Essa coincidência desencadeou um processo de autoanálise – quase uma constelação familiar – refletida na sua produção mais recente, apresentada na exposição Diário Ancestral, que será aberta sábado (14), às 16h, na Galeria Janete Costa.

“A descoberta desses escritos fez com que, de alguma forma, Glauco encontrasse seu eixo, uma produção que retoma alguns traços do início de sua carreira, com eixo, sem excessos, mais encorpado”, pontua o curador Wagner Nardy. “Nos últimos anos, ele vinha trabalhando com a explosão de cores. Nas obras desta exposição, temos trabalhos que vão lidar com a cor, mas de maneira mais madura. É um momento mais sintético da produção dele”.

O dialeto criado por Glauco permeia sua obra, marcada ainda pelo interesse por linhas. A inserção das palavras criadas pelo artista têm a intenção de criar um código específico que não esclarece, mas provoca o espectador. O estímulo a uma ideia de transcendência a partir do sentimento foi uma das diretrizes buscadas pela curadoria.

A mostra, primeira individual do artista no Recife, foi desenvolvida especialmente para o espaço projetado por Oscar Niemeyer. Segundo Nardy, a arquitetura não é coadjuvante, mas parte integral da exposição. Não há um caminho a ser seguido ou mesmo identificação das obras. A ideia é propiciar liberdade na apreciação das obras, sem tentar preencher o monumental vão do espaço. Os vazios e a dilatação do tempo de apreciação dos quadros fazem parte da experiência.

“A ideia é que seja uma caminhada sem obstáculos ou estímulos. O texto curatorial, por exemplo, está em uma parede oposta à entrada. Queremos que o visitante tenha o olhar livre, que faça suas escolhas. As 21 telas têm técnicas diferentes, mas funcionam como uma só obra”, explica.

Esse percurso imaginado por Nardy convida o público a seguir pela escada que leva ao primeiro piso da galeria e no qual estará em exibição a exposição coletiva Art in Progress: Novíssima Arte Contemporânea. A iniciativa é a terceira edição do projeto que ressalta os talentos da nova geração de artes visuais da Paraíba e, agora, intensifica o diálogo com a cena recifense.

Os trabalhos foram produzidos por estudantes e ex-alunos dos cursos de graduação em Artes Visuais da UFPE e do Mestrado em Artes Visuais UFPB/UFPE, com curadoria de Robson Xavier e Carlito Person. As obras tensionam questões étnicas, de gênero, registros urbanos, consumismo, memória afetiva, entre outras, em diferentes linguagens artísticas. Participam da exposição os artistas visuais Aurora Caballero, Cris Peres; Conceição Myllena; Flaw Mendes; Guto Holanda; Inocêncio, Layla Gabrielle, Larissa Rachel e Lucas Alves.

“Nosso interesse é fortalecer os vínculos entre esses dois estados que (geograficamente) já foram quase uma só. É importante que tenhamos acesso à produção contemporânea que está acontecendo na Paraíba, que é tão boa quanto a que acontece em Pernambuco, promovendo esse intercâmbio”, enfatiza Carlito Person.

SERVIÇO

Exposições Diário Ancestral, de Glauco Moraes, e Terceira Art in Progress: Novíssima Arte Contemporânea – Abertura dia 14 de março, das 16h às 19h, na Galeria Janete Costa (Parque Dona Lindu). Visitação: de quarta a sexta, das 13h às 19h; sábado, das 14h às 19h; domingo, das 15h às 19h, até 11 de maio. Informações: 3355-9825.

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