Pabllo Vittar não pensa pequeno e 111, seu terceiro álbum, lançado na noite desta terça-feira (24), deixa claro que o projeto artístico da drag queen tem escala global. Mas, mirar o exterior não significa, para a artista, apagar suas raízes. Na contramão de artistas que pasteurizam sua sonoridade e estética para se encaixar, a artista maranhense parece afirmar que o potencial está na diferença e mistura suas referências, que vão do forró ao eletrônico, sem hierarquização.
Com o lançamento adiantado após o álbum ser vazado ilegalmente na internet, 111 não era de todo desconhecido pelo público. Em outubro de 2019, a artista divulgou um EP com a primeira parte do trabalho, contendo os sucessos Parabéns, com participação de Psirico, Amor de Que, hit do Carnaval; Flash Pose, em inglês, com a britânica Charli XCX, e Ponte Perra, em espanhol. No início deste ano, Pabllo divulgou Clima Quente, com Jerry Smith, e, semana passada, Tímida, com Thalía.
Entre as faixas inéditas estão Lovezinho, arrocha romântico em parceria com Ivete Sangalo; Salvage, faixa eletrônica que mescla inglês e espanhol, e a surpreendente Rajadão, que mescla diferentes ritmos e evoca inclusive a música gospel. É, sem dúvidas, uma das canções mais experimentais de Pabllo e mostra a disposição da artista em ir além do óbvio. Deve se tornar rapidamente uma das favoritas dos fãs.
Todas as faixas foram compostas em parceria com a Brabo Music - com produção musical de Rodrigo Gorky, parceiro de longa data de Pabllo Vittar, responsável por hits com K.O. e Corpo Sensual.
"Esse é o meu álbum mais experimental até aqui. Há músicas em três idiomas (inglês, português e espanhol), além de parcerias para lá de especiais. Sempre gosto de trazer as minhas referências musicais que escuto desde a infância, além da bagagem artística que vou adquirindo com o passar do tempo", conta a artista. "O processo criativo começa muito tempo antes dos lançamentos, junto a uma equipe muita talentosa que está ao meu lado para compor e gravar."
Prolífica, Pabllo adiantou que os fãs podem esperar novas músicas em breve, já que uma versão deluxe do disco já está sendo preparada. Questionada sobre seus sentimentos em relação ao vazamento do disco - e a consequente mudança na estratégia de lançamento - ela se disse chateada com o acontecimento, mas que não se deixaria abalar.
e quem vazou eu espero do fundo do meu coração que queime no fogo do inferno ?
— Pabllo Vittar (@pabllovittar) March 24, 2020
"É inadmissível que essas coisas ainda aconteçam, pois é um trabalho que vem sendo realizado há muito tempo, com muito cuidado e surpresas para as pessoas. Mas é como dizem, fazemos dos limões uma saborosa limonada. Isso tudo não me abala, E como diz a letra de uma das minhas novas músicas de 111, 'a chuva da vitória vai reinar no fim'", afirmou.
PROJETOS
Desde que explodiu na cena nacional, em 2017, Pabllo Vittar já engatou uma série de parcerias com artistas de diferentes estilos musicais da cena nacional e internacional. Seu sucesso é sem precedentes entre as drag queens e a posiciona no panteão do pop brasileiro. Sua imagem é disputada por várias empresas e, apesar da resistência de alguns conservadores, a artista ocupa espaços importantes e é referência para além da comunidade LGBTQ+.
"Eu fico muito feliz e grata por poder ocupar tantos novos espaços, de diferentes culturas e idiomas. Acredito que isso deveria ser natural para qualquer artista e acredito que as coisas tenham começado a mudar. Todos são livres para expressar e consumir a arte da forma que quiserem", pontuou.
Com as incertezas que cercam 2020 por conta da pandemia do coronavírus, Pabllo Vittar ainda não sabe como sua agenda se configurará. Entre os eventos que ela participaria e que foram remarcados para o segundo semestre estão os festivais Coachella, nos Estados Unidos, e Lollapalooza, em São Paulo. Diante da gravidade da situação, a artista reforça a importância de seguir as recomendações de saúde e expressa sua preocupação com aqueles que não podem fazer quarentena.
"Este momento é realmente necessário para a saúde e segurança de todos que fiquemos em casa. Precisamos manter a calma e pensar em alternativas para apoiarmos uns aos outros, pensando sempre de forma coletiva e não individual. Tive que adiar várias coisas da minha agenda! Não fico feliz, mas a minha preocupação está com quem não tem condições de fazer essa quarentena, com quem ainda não foi liberado do trabalho e da escola, com os grupos de risco e etc. Quanto a minha agenda internacional completa avisarei como ficará assim que tudo isso passar", reforçou.
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