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Quem é Gibran Khalil Gibran, citado por Mandetta em entrevista sobre a pandemia do coronavírus

Escritor libanês é citado por ministro da Saúde durante entrevista coletiva

Marcelo Pereira Marcelo Pereira
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Publicado em 30/03/2020 às 18:19 | Atualizado em 30/03/2020 às 18:53
REPRODUÇÃO/TV BRASIL
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta - FOTO: REPRODUÇÃO/TV BRASIL

Durante a primeira entrevista conjunta do novo modelo de atualização sobre a evolução da pandemia do novo coronavírus, no fim da tarde desta segunda-feira, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, citou uma frase sobre o instinto de sobrevivência humana diante da doença que já matou 153 pessoas no Brasil, até agora, ao dizer "somos os filhos e filhas da  ânsia da vida por si mesma".

O trecho é extraído do poema Teus Filhos.

Vossos filhos não são vossos filhos....

Vossos filhos não são vossos filhos.

São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.

Vêm através de vós, mas não de vós.

E embora vivam convosco, não vos pertencem.

Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,

Porque eles têm seus próprios pensamentos.

Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;

Pois suas almas moram na mansão do amanhã,

Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.

Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,

Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.

O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força

Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.

Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:

Pois assim como ele ama a flecha que voa,

Ama também o arco que permanece estável.

O Profeta é a principal obra de Gibran

Nascido em Bsharri, no Líbano, em 6 de dezembro de 1883, Gibran escreveu obras inspiradas no misticismo oriental e se tornou num dos mais populares escritores do mundo árabe. Sua obra mais famosa é O Profeta. Pensador e poeta, abordava em seus textos o amor, a vida, a morte e a natureza de uma forma sincera, singela e direta, marcadamente espiritualizada. Ele deixou ainda obras como O Louco, Jesus, o Filho do Homem, Areia e Espuma, A Tempestade, A Procissão, O Mensageiro e A Liga da Caneta. Ele morreu em Nova York, de cirrose e tuberculose, em 10 de abril de 1931.

Novela O Clone já usou o texto

A novela O Clone, da Rede Globo, escrita por Glória Perez e dirigida por Jayme Monjardim, utilizou o poema com narração de Stênio Garcia, que anunciou ter sido demitido pela emissora carioca em postagem em sua conta pessoal no último domingo. A sequência mostra um personagem em um camelo passando com uma caravana por um oásis. A imagem corta para Jade (Giovanna Antonelli). Tio Ali (Stênio Garcia) aparece por trás dela vendo a cena, enquanto o poema é recitado em BG. O ator, por sinal, só fez a novela porque José Mayer, escalado para o papel, foi deslocado para a minissérie A Presença de Anitta. Entre os incidentes de O Clone, está o contágio por dengue, que atingiu Stênio Garcia, Reginaldo Faria e Elisângela. 

Com 221 capítulos, O Clone foi estrelado por Giovanna Antonelli e Murilo Benício, exibida entre outubro de 2001 a junho de 2002, marcando época ao abordar temas como diversidade cultural, clonagem humana e dependência química, com direito a bordões inesquecíveis e a “eterna ponte áerea” Brasil-Marrocos. Atualmente, está sendo reprisada no canal fechado Viva, da Globosat.

A novela também reuniu em seu elenco nomes como Vera Fischer, Juca de Oliveira, Débora Falabella, Dalton Vigh, Eliane Giardini e Letícia Sabatella.

Orientação da Saúde "será sempre técnica"

Mandetta reafirmou que continua no ministério enquanto estiver "nominado". O ministro da Casa Civil, almirante Braga Netto, foi taxativo ao dizer que o Ministro da Saúde "não será demitido". Mandetta, por sua vez, disse que a orientação de combate à covid-19 "será sempre técnica". Ele voltou a insistir que a população tem que seguir as orientações dos Estados na condução das ações de combate ao coronavírus. A afirmação do ministro contraria frontalmente o discurso que tem sido defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, que não tem poupado críticas duras aos Estados, por causa de suas quarentenas.

"Tenho dialogado com os secretários municipais e estaduais dentro do que é técnico, dentro do que é científico, dentro do planejamento. O que (conversamos) é o que a gente precisa ter na saúde nesta semana, e nas outras semanas, para que a gente possa imaginar qualquer tipo de movimentação que não seja esta que a gente está", disse Mandetta.

E complementou: "Por enquanto mantenham a recomendação dos Estados, porque essa é, no momento, a medida mais recomendável, já que nós temos muitas fragilidades no sistema de saúde, que são típicas não de falta do ministério da saúde ou do governo."

O presidente Jair Bolsonaro aproveitou o último domingo para ir às ruas de Brasília, visitar comércios locais e cumprimentar populares, contrariando orientações do governo do Distrito Federal e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Bolsonaro chegou a recomendar que "todos os políticos" saiam às ruas para, em sua avaliação, entender a realidade do País.

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