RAP/TRAP

Orochi lança seu primeiro disco celebrando a vida e valorizando as lutas

Com 21 anos, Orochi é um artista que conquistou notoriedade e espaços ainda adolescente e os caminhos dessa vida culminaram no disco 'Celebridade', seu primeiro álbum

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 10/04/2020 às 14:35 | Atualizado em 10/04/2020 às 14:36
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O RAPPER OROCHI LANÇA SEU PRIMEIRO DISCO - FOTO: DIVULGAÇÃO

Com seu primeiro disco lançado na última semana, o rapper Orochi, 21, viveu uma adolescência e vive um começo de vida adulta com uma certa plenitude, apesar dos vários apesares. Uma vida não tão acessível para grande parte dos jovens da idade dele que vêm de onde ele veio. E ele sabe disso. Sabe dos prazeres que pode obter, mas também sabe que os holofotes também podem lhe tornar um alvo mais visado. É a vivência de um jovem periférico que pôde chegar nesse lugar, por meio da arte, que o álbum Celebridade vai expôr. Tudo carregado por uma energia hedonista e explícita que acaba sendo a pulsão principal, mas não única, do trabalho.

Mas para chegar nesse lugar, Orochi começou cedo. Conheceu o rap ainda na escola e começou a frequentar as batalhas na adolescência. De frequentador passou a ser competidor. E um talentoso. O rapper é o mais jovem vencedor do Duelo de MC’s Nacional, quando se consagrou campeão em 2015, aos 16 anos. Ainda colhendo os louros da conquista, integrou seu primeiro grupo de rap, o ModéstiaParte. Em 2019, decidiu ir para a carreira solo, fazendo parcerias e maturando sua estreia.

"Lá, com 15 anos, eu não imaginava que ia fazer música ainda. Mas tive o tempo a meu favor. Hoje, com 21 anos, posso falar que já tenho contato com música há seis. O mais difícil que pode ter acontecido, para mim, foi a adaptação da minha família ao meu estilo de vida. Fazê-los entender que essa é a minha profissão. Mas foi só no início. Depois que todos se acostumaram com a ideia, pude mergulhar de cabeça", explica Orochi. As batalhas o moldaram, a rua ensinou a arte e a vida foi mostrando como era estar no palco.

Então era hora de estar nesse palco com um trabalho com sua identidade, não mais apenas com as parcerias que fez. É daí que surge a vontade de trabalhar no Celebridade. Era um disco que começa a ser pensado para soar com a música que Orochi gosta de ouvir, mas acabou buscando ser mais amplo, ao lado de produtores como Papatinho, Jess, Dallas, Kaíque Kizzy, assim como Júnior Salles, seu irmão. "É o relato da nossa vida mesmo. De como sair de onde a gente veio e como conseguir o que conseguimos é digno de se considerar uma celebridade. Assim como também passar a mensagem de que é possível, não é fácil, mas precisa acreditar", afirma o rapper.

Assim, Celebridade vai caminhando. Bebe bem na fonte do trap, que se concilia com o flow de ritmo envolvente de Orochi, com uma certa lentidão de uma voz grave que parece estar vivendo todos os prazeres que canta. "A gente faz trap, mas também bebemos na fonte de outros subgêneros – o R&B e o acústico apareceram bastante nesse álbum. Primeiro, a ideia foi fazer um som na minha vibe, fazer uma música que eu gostaria de ouvir. Depois, com os produtores, pensamos no que o público está ouvindo e ampliamos a sonoridade", conta Orochi.

Ao final, uma virada. O disco é arrematado com as faixas Balão e Nova Colônia, uma virada acertada na tônica romântica, sexual e ostentadora que o trabalho. As duas canções incorporam o tom de denúncia, o qual Orochi considera a essência do rap. São como lembretes que até pode estar colhendo bons frutos, mas isso teve um preço e as coisas não serão sempre tão firmes assim, do nível íntimo ao social.

Em Balão, Orochi usa um episódio recente de sua vida para lançar luz em tudo isso. No ano passado, ele foi detido portando alguns gramas de maconha. Mas o estigma que o artista periférico carrega fez com o pouco tempo em que levou resolvendo a questão na delegacia se tornasse uma grande prisão, envolvendo até a presença de armas, aos olhos de uma parte da mídia. A mídia não me deu um troféu/ Quando eu fui campeão nacional/ Agora quer me fazer de réu, diz os versos da letra.

"Com Balão, eu falo de um momento da minha vida em que era tudo ou nada, por conta do que a grande mídia divulgou. Não adianta falar da minha vida, como eu me tornei uma celebridade e não falar dessas coisas que estão na essência da parada. De rebater o sistema que dita o que é certo e errado sem levar em conta nossas vivências", diz Orochi.

Agora os planos são de continuar indo além, tendo a ampliação de público como uma das diretrizes. “A gente tem o planeta terra inteiro ouvindo música. Seria maneiro fazer a língua portuguesa ou a espanhola se tornarem a próxima tendência musical”, relata uma de suas ambições. Mas sabe que para um futuro nesse sentido, é vital que caminho sejam abertos. Sabendo disso, Orochi vem criando uma gravadora, batizada de Mainstreet, que já trabalha com alguns jovens talentos que estão em busca de uma oportunidade. Assim como ele já foi um dia.

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