LITERATURA

Livros de Rubem Fonseca serão reeditados com novo projeto gráfico pela Nova Fronteira

O autor de Agosto, Feliz Ano Novo, Carne Crua e tantos outros contos e romances faleceu nesta quarta-feira (15) aos 94 anos

Valentine Herold
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Valentine Herold
Publicado em 15/04/2020 às 18:45 | Atualizado em 15/04/2020 às 18:50
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Depoimento foi dado enquanto ele falava sobre o fato de nunca ter se candidatado à academia - FOTO: Foto: Divulgação

Ousado e com uma escrita brutal em que retratava sem meios-termos a violência urbana e suas personagens tradicionalmente marginalizadas, como prostituas e bandidos, Rubem Fonseca foi um contista e romancista ímpar que deixará muita saudade na literatura brasileira.

O autor, que faleceu nesta quarta-feira (15), no Rio de Janeiro, aos 94 anos, teve seu último livro lançado em 2018, Carne Crua, pela Nova Fronteira, sua casa editorial desde 2009. "Este livro também inaugurou um novo projeto gráfico que vamos seguir para reeditar todos seus romances. O primeiro será Agosto, com prefácio de Patricia Melo, uma escritora que foi diretamente influenciada pela obra de Rubem. Depois teremos Bufo & Sapallanzani, com texto de abertura de Raphael Montes. Ambos serão lançados ainda este ano”, afirma a diretora editorial da Nova Fronteira, Daniele Cajueiro.

>> Morre o escritor Rubem Fonseca, no Rio de Janeiro

"Ele era uma pessoa muito simples, afável no convívio, gentil e extremamente inteligente. Rubem gostava muito de trocar ideias, saber da nossa opinião. Tínhamos um trabalho próximo e sempre muito agradável. Sua escrita tinha esse estilo peculiar, muito forte e acho que seu legado se estende além dos livros que deixa, pois ele criou mesmo um estilo na literatura brasileira", ressalta. "Não sei se há algum inédito, provavelmente sim pois ele tinha uma rotina de escrita. Se houver algo em suas gavetas e houver desejo da família, vamos publicar com prazer."

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Carne Crua, lançado pela Nova Fronteira em 2018, foi o último livro inédito de Rubem Fonseca - NOVA FRONTEIRA/ DIVULGAÇÃO

Obra e prêmios

Rubem Fonseca iniciou sua vida profissional como comissário de polícia e esta atividade trouxe muita bagagem de conhecimento do mundo do crime carioca que seria posteriormente usada em seus livros. Sua primeira coletânea de contos é lançada em 1963, Os Prisioneiros. No total, ele publicou 12 romances e 19 livros de contos. Sem dúvida um dos mais famosos é Feliz Ano Novo (1975), censurado poucos meses depois pela Ditadura Militar. Ter em mãos esta compilação de 14 contos era subversivo, assim como os próprios temas abordados pelo escritor.

Fonseca venceu seis vezes o Prêmio Jabuti (1969, 1983, 1996, 2002, 2003 e 2014), além de ter sido o sexto brasileiro a ser contemplado, em 2003, no Prêmio Camões, a maior premiação literária de língua portuguesa. Mais recentemente, em 2015, Fonseca recebeu o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Foi também um dos últimos eventos públicos em que ele compareceu.

A violência da cidade grande acentuada pelos conflitos de classes foi amplamente abordada pelo escritor ao longo das últimas décadas. Rubem Fonseca não escrevia para atenuar tabus ou desconfortos, mas sim para libertá-los e deixa como legado, muito além dos seus livros, um estilo literário.

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