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Secreto e Proibido: documentário da Netflix retrata um amor escondido por 65 anos

As norte-americanas Terry Donahue e Pat Henschel passaram décadas se apresentando como primas ou amigas. A relação iniciada em 1947 durou 70 anos e só foi relevada às famílias na velhice

Valentine Herold
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Valentine Herold
Publicado em 05/05/2020 às 19:28 | Atualizado em 19/05/2020 às 14:07
Divulgação/ Netflix
As protagonistas do documentário Secreto e Proibido, Terry Donahue e Pat Henschel - FOTO: Divulgação/ Netflix

Quando os dias estão difíceis e o noticiário nada promissor, talvez a escolha mais comum para as horas de escapismo seja mergulhar nos imensos catálogos de comédia e sci-fi dos serviços de streaming. Mas a verdade é que nem sempre a ficção traz mais conforto e alívio do que a realidade e alguns documentários lançados recentemente estão aí para revelar os porquês.

Na última semana a Netflix disponibilizou Secreto e Proibido, produzido por Ryan Murphy (Pose, Glee e The Politician) e Jason Blum (Corra!, Nós) e dirigido por Chris Bolan. O documentário conta a história de Terry Donahue e Pat Henschel, duas mulheres que se conheceram no final da década de 1940 e precisaram esconder por 65 anos que eram na verdade um casal, e não primas ou amigas, como se denominavam.

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Terry era uma jovem canadense que nasceu e viveu por 19 anos na fazenda familiar até sua mudança para os Estados Unidos em 1944, quando ela é selecionada para integrar a primeira liga feminina de beisebol. A história destas mulheres vanguardistas  que formaram os times inspirou inclusive o filme Uma Equipe Muito Especial (1992), com Geena Davis, Madonna e Tom Hanks no elenco.

Em 1947, Terry conhece Pat, quatro anos mais nova que ela, e às duas é exigida uma imensa coragem para que aceitem viver esse amor. Jamais elas teriam imaginado que poderiam se apaixonar por outra mulher e, naquela época, não se falava abertamente (e nem muito às escondidas) sobre relacionamentos lésbicos.

Décadas de repressão

No início da segunda metade do século 20 não havia apenas preconceito como também duras leis que autorizavam batidas policiais em bares, fiscalizações absurdas das roupas que as mulheres usavam. Se uma moça estivesse vestindo calça com zíper frontal poderia ser presa. Todo esse contexto é historicamente reconstituído ao longo do documentário com depoimentos de ativistas das causas LGBTs, recortes de jornais e fotografias, o que enriquece a produção e amplia sua abordagem.

O vasto acervo de imagens das próprias Terry e Pat é outro diferencial de Secreto e Proibido. Ao longo das décadas elas cultivaram o hábito de registrar tanto em fotos como em filmagens caseiras seu cotidiano e este material foi incluído na produção. A convivência das duas com a família Donahue também é bastante destacado ao longo do documentário: a produção se inicia com o pedido da sobrinha mais próxima de Terry, Diana, para que elas voltem a morar no Canadá, em um lar de idosos, e a as preocupações acerca da saúde das duas aumenta na mesma medida da resistência de Pat de deixar Chicago.

É a partir desta circunstância que o casal decide se assumir para a família, que sempre considerou as duas como grandes amigas que moravam juntas para dividir despesas. Do reconhecimento deste poderoso amor que superou décadas de sigilo vem a libertação e a vontade de, finalmente, pensar em uma cerimônia de casamento.

Secreto e Proibido é muito mais do que o testemunho do lindo amor entre Terry e Pat, que durou aproximadamente 70 anos. O documentário vai além da história do casal e provoca ainda reflexões acerca das dores do envelhecimento de maneira muito respeitosa. Uma hora e vinte minutos para dar pausa nas notícias que chegam a todo instante da pandemia e se deixar levar pela história destas duas mulheres determinadas e apaixonadas.

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O vasto acervo de imagens das próprias Terry e Pat é outro diferencial de Secreto e Proibido - Divulgação/ Netflix
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Terry Donahue e Pat Henschel se conheceram em 1947 quando tinha 22 e 18 anos - Divulgação/ Netflix
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Terry Donahue e Pat Henschel precisaram esconder o relacionamento por 65 anos - Divulgação/ Netflix

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