LITERATURA

Coluna Escrita: testemunho sobre os anos de chumbo da Argélia, de Henri Alleg, chega ao Brasil pela Todavia

A Tortura é uma leitura sobre o ontem e para hoje, um depoimento curto, cru e necessário em tempos de defensores da volta ao militarismo

Valentine Herold
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Valentine Herold
Publicado em 12/05/2020 às 17:02 | Atualizado em 15/05/2020 às 15:16
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Livro acaba de chegar ao Brasil pela editora Todavia. O título original em francês é La Question (A Pergunta) - FOTO: Divulgação

Enquanto no Brasil o presidente da República, ex-paraquedista do Exército, apoia incessantemente defensores dos anos de chumbo e se mostra a cada dia mais intolerante para com a liberdade de imprensa, é dura mas de extrema importância a leitura do livro A Tortura, do franco-argelino Henri Alleg.

Publicada originalmente em 1958, a obra é um curto e dolorido relato autobiográfico dos sofridos e intermináveis dias de tortura pelas mãos dos paraquedistas franceses em plena guerra colonial. Henri era diretor de um jornal de oposição ao regime colonialista e este depoimento foi escrito durante os meses que passou preso. Um livro atemporal que acaba de ser lançado pela Todavia (80 pgs., R$ 24,90 o e-book).

Leia um trecho do livro A Tortura:

"(...) Vivi assim durante um mês, com a ideia bem presente da morte próxima. Hoje à noite ou amanhã, ao raiar do dia. Meu sono era ainda perturbado por pesadelos e tremores nervosos que me despertavam em sobressalto.

Não fiquei surpreso quando, em certa ocasião, Charbonnier entrou em minha cela. Deviam ser quase dez da noite. Eu estava em pé, perto da claraboia, e olhava para o bulevar Clemenceau, onde ainda circulavam alguns poucos carros. Ele me disse apenas:

- Prepare-se, não vamos longe (...)"

Confira outras notícias da coluna Escrita desta terça-feira (12):

- A aguardada biografia de Lia de Itamaracá, escrita pela jornalista Michelle de Assumpção, tem lançamento virtual nesta quinta (14). Às 17h30, no perfil @cepeeditora, no Instagram, a autora conversa com o editor Diogo Guedes sobre seu processo de criação e curiosidades do livro. Outro lançamento da Cepe previsto para 2020 é Bicho Geográfico, de Bernardo Brayner. Espécie de álbum de fotografia de família, é transformado pela narrativa da memória misturada à da ficção.

- Perdemos no último domingo um dos maiores nomes do conto brasileiro, Sérgio Sant’Anna, aos 75 anos, que deixa como legado uma obra robusta e ousada. E ontem o também grande contista Rubem Fonseca teria feito 95 anos. Duas grandes perdas em menos de um mês.

- Encerram-se neta quarta (13) as inscrições no edital de emergência do Itaú Cultural para a área literária. Com o tema A vida Após a Pandemia, até 200 autores serão premiados com R$ 2,5 mil. Podem ser enviados textos de prosa ou poesia. O edital completo aqui.

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