LITERATURA

Harry Potter completa 20 anos no Brasil e segue marcando gerações

Primeiro livro da série teve lançamento nacional em 2000, pela editora Rocco, que acaba de lançar novas edições comemorativas. Confira porque a saga se tornou um fenômeno mundial:

Valentine Herold
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Valentine Herold
Publicado em 17/05/2020 às 8:00 | Atualizado em 17/05/2020 às 12:12
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Capa da primeira edição brasileira do primeiro livro - FOTO: Divulgação/ Rocco

Existem livros que contam boas histórias, lembradas de tempos em tempos, e outros cujos enredos e personagens não se despedem do leitor após a última página. Algumas obras permanecem no cotidiano de quem as leu para o resto da vida. Sem pedir licença, ressignificam sonhos e ganham uma dimensão que ultrapassa qualquer fronteira entre o entendimento racional de que o que se lê é apenas uma narrativa inventada. Sem sombra alguma de dúvidas a saga de Harry Potter, escrita pela inglesa J.K. Rowling, é um desses exemplos.

São sete livros que foram adaptados em oito filmes, uma peça de teatro e parques temáticos na Inglaterra e nos Estados Unidos e que se configura como um dos grandes fenômenos literários da contemporaneidade. As vendas dos livros ultrapassam a marca de 450 milhões de exemplares em todo mundo e, todos esses fatores, levaram muitos especialistas a analisar Harry Potter como um marco na forma como crianças passaram a se relacionar com a literatura e criar gosto pela leitura.

O primeiro livro da série, Harry Potter e A Pedra Filosofal, foi originalmente lançado em 1997 e chegou no Brasil em 2000 pela Rocco. Há poucas semanas completaram-se exatos 20 anos desde esta primeira edição e a editora lançou no final de abril novas edições de capas duras ilustradas por Brian Selznick, criador de A invenção de Hugo Cabret, além de um box comemorativo com todos os livros.

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Nova edição de Harry Potter e a Pedra Filosofal, em comemoração aos 20 anos de lançamento - Divulgação/ Rocco
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Box comemorativo dos 20 anos recém-lançado pela Rocco, com todos os livros da série - Divulgação/ Rocco
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Marina Nogueira tem 16 anos e é uma leitora apaixonada pelas aventuras de Harry Potter. Em 2019 ela teve a oportunidade de visitar os estúdios da Warner Bros, em Londres - Divulgação
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Capa da primeira edição brasileira do primeiro livro - Divulgação/ Rocco
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Lorena Aquino é fã da saga desde 2000, quando ganhou o primeiro livro aos 9 anos. Todo ano ela se fantasia a caráter no Carnaval de Olinda - Divulgação

“Harry Potter representa de fato um divisor de águas no mercado editorial porque depois do sucesso outras editoras começaram a investir em catálogo juvenil. Vinte anos atrás foi uma aposta de Paulo Rocco que queria investir em livros para o público jovem, ele não imaginava que seria esse fenômeno. Mas se tornou na verdade um livro para toda a família. Além do universo fantástico toca muito no tema universal do rito da passagem da infância até a fase adulta”, explica Bruno Zolotar, diretor de marketing da editora.

Histórias de leitoras

A jornalista Lorena Aquino tinha nove anos quando ganhou Harry Potter e A Pedra Filosofal, em agosto de 2000, quase a mesma idade dos protagonistas, e faz parte de uma geração que entrou na adolescência acompanhada pelas aventuras de Harry, Hermione e Rony.

“Acho que a presença da série na minha infância e adolescência faz com que seja uma das poucas coisas que eu tenho certeza que vou levar pra vida inteira. Eu não consigo pensar em todos esses anos da minha vida sem a presença de Harry Potter. E até hoje as pessoas lembram de mim quando falam em Harry Potter, gente com quem eu não converso há anos, de repente me marca em algo nas redes sociais. E eu adoro ser lembrada por isso! Tá grudado, não tem mais jeito, não sai mais.”, conta. “Foi lendo Harry Potter que eu aprendi a me desligar do mundo inteiro na leitura.”

As horas lendo a saga provocaram em Lorena uma vontade cada vez maior de estar mais perto do universo mágico e complexo criado por J.K. Rowling. Quando estava fazendo intercâmbio em Portugal em 2010 conseguiu ir até Londres no dia da pré-estreia do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte, ficou 10 horas em pé mas não se arrepende. “Eu tava sozinha e chovia muito. Consegui tirar fotos de quase todos os atores e, com um papel e caneta emprestados de outra fã, peguei autógrafos de Emma Watson e Julie Walters. Foi um sonho realizado que nem sei explicar! Vi J K Rowling, Daniel Radcliffe, Rupert Grint, todo mundo.”

A estudante Marina Nogueira faz parte de uma nova geração de leitores de Harry Potter e acredita que a série continua fazendo tanto sucesso duas décadas depois pela facilidade em se identificar com as personagens. Ela tem hoje 16 anos e começou a ler a saga aos 10, quando já tinha visto todos os filmes mas queria se aproximar ainda mais do mundo de Hogwarts.

De lá para cá , assim como Lorena, já teve a oportunidade de visitar o parque temático de Harry Potter em Orlando e os estúdios da Warner Bros, em Londres, dois momentos em que se sentiu completamente realizada. “Os livros me ensinaram muitas coisas entre elas a importância da esperança, da lealdade aos amigos, família e a si próprio e da persistência. Como já dizia Alvo Dumbledore: ‘A felicidade pode ser encontrada nas horas mais difíceis se você lembrar de acender a luz’.”

Para Lorena, Marina e tantos outros leitores, Harry Potter representa muito mais do que uma série de livros. É como se os feitiços criados por J.K.Rowling tivessem saído do papel e despertado um olhar mais mágico sobre a vida.

Tradução e glossário

É impossível avaliar as duas décadas de lançamento de Harry Potter e A Pedra Filosofal e não destacar o exímio trabalho da tradutora Lia Wyler, falecida em 2018 aos 84 anos. Se hoje termos como quadribol, vira-tempo ou animagus são comuns para quem leu ou assistiu os filmes, eles foram um desafio de tradução já que são termos de um universo totalmente inventado pela autora dos livros.

Na época, a Rocco trabalhou com a consultoria dos agentes de J.K. Rowling, como bem lembra Bruno Zolotar. “Palavras que não existiam em português tiveram que ser criadas. O trabalho foi acompanhado pela própria autora que, mesmo não entendo a língua, acompanhava as sonoridades.”

Todo esse processo resultou inclusive em um glossário com 2.145 nomes de feitiços, personagens, lugares, objetos, títulos de livros, ingredientes de poções, entre outros termos que orientaram a tradução tanto dos livros seguintes quanto para as legendas e dublagens dos filmes.

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