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Projeto beneficente realiza ensaios fotográficos a distância

O 'Vejo Você Daqui' faz ensaios fotográficos por videochamada, reforçando a autoestima em tempos de isolamento, além de arrecadar doações para instituições

Daniel Ferreira
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Daniel Ferreira
Publicado em 29/05/2020 às 10:35 | Atualizado em 29/05/2020 às 10:35
Vejo Você Daqui/Divulgação
O 'Vejo Você Daqui' realiza ensaios a distância - FOTO: Vejo Você Daqui/Divulgação

Enxergar o outro remotamente, separado por uma lente e um aparelho celular. Apesar da distância, ainda conseguir ver. Ao mesmo tempo, ter plena consciência de que existe uma realidade completamente diferente, vivenciada pelo vizinho, não no sentido literal da palavra. Pessoas não estão sendo invisibilizadas. Este é o conceito do Vejo Você Daqui, iniciativa do fotógrafo Felipe Souto Maior, que encontrou nas videochamadas e no ensaio fotográfico maneiras de ajudar a quem mais precisa. Ao lado da também fotógrafa Morgana Narjara e da jornalista Thayanne Sales, Felipe vai realizar ensaios virtuais em troca de doações para instituições que cuidam de pessoas e estão carentes de apoio neste período.

A jornalista Thayanne Sales conhece Felipe há 10 anos e já possui experiência com trabalhos voluntários. Ela aceitou de imediato o convite para integrar a equipe do Vejo Você Daqui. "Eu já atuava com isso há quase dois anos e, com essa pandemia, a gente acabou ficando um pouco de mãos atadas para fazer ações presenciais. Estávamos fazendo colaboração a distância, arrecadando dinheiro e itens necessários para as instituições, mas sem ir lá presencialmente, que é como a gente gosta de fazer", afirma.

Vejo Você Daqui/Divulgação
Retrato para o projeto 'Vejo Você Daqui' - Vejo Você Daqui/Divulgação
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Retrato para o projeto 'Vejo Você Daqui' - Vejo Você Daqui/Divulgação
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Retrato para o projeto 'Vejo Você Daqui' - Vejo Você Daqui/Divulgação
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Retrato para o projeto 'Vejo Você Daqui' - Vejo Você Daqui/Divulgação
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Retrato para o projeto 'Vejo Você Daqui' - Vejo Você Daqui/Divulgação

Thayanne acredita que o projeto cria uma relação recíproca com os doadores. Afinal, quem ajuda, também é ajudado. "Sabemos que neste período de pandemia, com todo mundo isolado em casa, a gente se sente só, fica naquela coisa de improdutividade, a autoestima fica meio estranha e abalada. Então, eu acho que o ensaio é uma forma de ajudar quem está posando, porque acaba tendo um momento de respiro durante essa pandemia", diz. E aponta a aproximação como uma diferença essencial dessa para outras campanhas. "Os fotógrafos entram nas casas das pessoas, eles passam um momento ali. Existe uma troca muito legal. Um projeto feito a distância, mas que aproxima. A gente não só recolhe as doações, entrega e pronto. Tem um envolvimento com as pessoas e um registro. A gente cria e conta histórias", argumenta.

 E não só os doadores são beneficiados pela proposta. Os envolvidos nos bastidores exercitam a criatividade e podem trabalhar com o que gostam. É o caso da fotógrafa Morgana Narjara que, inspirada em outros fotógrafos nacionais e internacionais, já vinha realizando ensaios remotos; Mas nada pretensioso. Foi, então, há pouco mais de uma semana, chamada para participar do Vejo Você Daqui. A profissional afirma que, para participar, o usuário só precisa de um smartphone que suporte os aplicativos necessários, que são o Facetime e o Skype, e possua conexão com a internet.

Ela explica como se dão as etapas e diz encarar o processo como uma visita aos domicílios. “É um trabalho conjunto. Geralmente, quando eu vou fazer o ensaio, sempre peço para, um dia antes, a pessoa fazer um videozinho, um tour pela casa, me mostrando mais ou menos os lugares. Aí eu já vou pensando e trabalhando as ideias, porque o ensaio tem um tempo limitado e, se já soubermos mais ou menos o que fazer, fica mais fácil”, revela. Em média, as sessões têm 20 minutos de duração.

Apesar de as imagens não terem a mesma qualidade das que são feitas por uma câmera potente, capazes de captar um poro com o zoom, Morgana enxerga a experiência como algo positivo. "É um exercício muito grande da criatividade e do olhar fotográfico. A gente trabalha muito também o tratamento da imagem. Não é simplesmente pegar aquela captura e entregar para a pessoa que está ajudando. Pegamos e fazemos uma seleção, uma edição minuciosa, sabe? De repente, colocar ali alguns efeitos que nós, como profissionais, sabemos fazer funcionar melhor. Acrescenta algo que simule um raio de luz ou uma sombra", comenta.

Nomes como os dos artistas Paloma Bernardi, Antônio Calloni, Silvério Pessoa, Bruna Caram e Filipe Catto já passaram pelas lentes do projeto, que escolheu o Núcleo de Apoio à Criança com Câncer (Nacc) como primeiro beneficiado. Para participar, é necessária uma doação mínima de dois quilos de alimentos não perecíveis ou valores acima de R$ 10 que devem ser enviados diretamente para a conta da instituição.

O agendamento do ensaio é feito pelo Instagram @vejovocedaqui após confirmação do pagamento. Depois da sessão realizada, o apoiador receberá as dez fotos por e-mail e, caso autorize, fará parte do feed da página.

Felipe Souto Maior acredita que, no fim de tudo, o saldo é bastante positivo. "Tudo o que vier para somar é bem vindo. Mais do que nunca, precisamos ter empatia com o próximo. Em ações como esta, todas as pessoas saem ganhando. Quem doa tem um dia divertido, leve, que ajuda a minimizar os efeitos da quarentena. Nós, que fazemos o projeto, saímos ganhando por estarmos trabalhando a criatividade e aprimorando o olhar. Finalizamos os ensaios sempre muitos felizes porque é realmente divertido", conclui.

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