Televisão

'Carenteners': uma série sobre o amor em tempos de pandemia

Episódios foram gravados em isolamento social e serão exibidos no Warner Channel e no Youtube

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 29/06/2020 às 12:06 | Atualizado em 29/06/2020 às 18:01
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EM CASA Atriz Ana Tardivo gravou suas cenas com equipamento fornecido pela produção - FOTO: DIVULGAÇÃO

A jornalista Cecília (Ana Tardivo) se preparava para começar um novo capítulo de sua vida, ascender profissionalmente e sair da casa da mãe. Marcos (Mateus Sousa) também achava que 2020 seria o seu ano: deixou o trabalho no mundo publicitário e realizou o sonho de abrir um bar. Tudo caminhava como planejado e os dois, após um encontro, planejavam se ver outra vez. Mas os planos, em todas as esferas, mudaram radicalmente com a pandemia do novo coronavírus. É nesse cenário de isolamento social que se desenvolve Carenteners, série que estreia terça-feira (30), às 21h40, no Warner Channel.

Com a paralisação da maior parte do setor decorrência da pandemia, a indústria do entretenimento tem buscado alternativas para continuar produzindo. Na música e nas artes cênicas, as lives têm sido uma ferramenta que gera engajamento e atinge um público amplo. No audiovisual, o caminho ainda começa a ser tateado e, nesse sentido, Carenteners surge como um exemplo que pode vir a ser replicado.

A ideia da série foi desenvolvida por Aline Diniz e Erico Borgo, sócios da Huuro Entretenimento, com roteiro de Felipe Castilho, e todo o processo transcorreu em uma velocidade atípica para produções de série. Em uma semana, o projeto foi apresentado a Silvia Fu Elias, diretora de conteúdo da Turner Brasil. Segundo Silvia, em geral, da pré-produção à finalização de uma produção para a televisão, normalmente se passam 18 meses. No caso de Carenteners, foram cerca de três meses.

"Apesar de ser de alguma forma mais barata, o tempo que se gasta é grande. Para uma série que é de cinco minutos o episódio, a gente gasta quatro diárias. Outra média da Warner: para as séries de comédia de trinta minutos, a gente gasta três diárias", pontua Silvia, que acredita, porém, que com o fim da pandemia, as produções devem voltar à sua estrutura normal, com as funções executadas por profissionais especializados. "Tenho certeza que Mateus e Ana estariam ainda melhores nos seus papéis se não tivessem que se preocupar com nada além de atuar. Mas é isso que pode dar para ser feito agora dando segurança para a equipe inteira."

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PROTAGONISTA Mateus Sousa interpreta Marcos, que tem sonho interrompido pela pandemia - DIVULGAÇÃO

De fato, os atores precisaram multiplicar suas funções para garantir a realização da série. Os protagonistas, diretores, roteirista, produtores nunca se viram ao vivo. Todas as cenas foram gravadas pelos próprios intérpretes, que receberam os equipamentos em suas casas e precisaram não só aprender a manuseá-los, como também entender sobre aspectos técnicos, como iluminação e cenografia, já que seus lares se tornaram os cenários por excelência da série. 

"Você tem que estar focado no personagem, no figurino, na iluminação, no cenário. Então, é um trabalho redobrado, mas que tem sido muito interessante porque você amplia o seu olhar e aprende outras funções", pontuou Mateus Sousa.

Para Ana Tardivo, todo o processo foi de novidades, uma vez que a atriz não era muito ativa nas redes sociais. "Eu nunca tinha colocado um celular em um tripé", contou. "É um grande desafio e tem sido maravilhoso".

Nova dinâmica

Uma estratégia muito bem utilizada pela produção foi utilizar as interfaces das redes sociais e aplicativos que têm mediado as relações neste período de isolamento social, como WhatsApp, Instagram e Spotify. As interações entre os personagens, para além das videochamadas, se assemelham com as formas como a grande maioria da população tem se comunicado com o mundo.

A produção é bem sucedida em retratar os altos e baixos desse processo de exposição nas redes sociais e o aprofundamento desses afetos - e dos outros aspectos do cotidiano, como o trabalho - mediados pelo virtual. Os personagens são bem construídos e soam convincentes, reais. Com humor, o estranhamento desse período é bem retratado em situações prosaicas.

Além do casal de protagonistas, a série conta com outros personagens, como Norma (Eliana Ferraz) e Julio Cesar/JC (Richard Abelha), respectivamente mãe e irmão de Cecília; Dino (Pedro Paulo Vicentini), jovem excêntrico que divide apartamento com Marcos; a influenciadora digital Camilinha (Gabi Lopes) e Amanda Speedster/Victor Alves (interpretado por Edgar Cardoso, também conhecido como Jade Odara), motorista de ambulância do SAMU que também atua sob o codinome de Amanda Speedster, uma drag queen.

Ao todo, a série tem dez episódios de cinco minutos, com exibições todas as terças e quintas no horário nobre da emissora, logo após The Big Bang Theory. Posteriormente, ela será disponibilizada no canal do Youtube da emissora.


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