Música

Kell Smith expõe suas verdades no álbum 'O Velho e Bom Novo'

Cantora e compositora paulista lança segundo disco embalado por temas como amor, vulnerabilidade e saúde mental

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 01/06/2020 às 6:00
GUSTAVO ARRAIS/NA MORAL PRODUÇÕES
A cantora e compositora Kell Smith entrega um disco inspirado por experiências pessoais e vivências relatadas por fãs - FOTO: GUSTAVO ARRAIS/NA MORAL PRODUÇÕES

Faixa 1. Nos primeiros 16 segundos de Seja Gentil, junto a uma introdução calma de piano e som de passarinhos, uma provocação antes da música cantada: “Será que as pessoas conseguem prestar atenção nas letras das músicas no meio de tanta correria? Espero que sim”. A autora da indagação, que também é a voz que canta e compôs as canções do álbum O Velho e Bom Novo (Na Moral, 2020), lançado no final de maio nas plataformas digitais, não é um nome desconhecido: estamos falando da cantora paulista Kell Smith.

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Revelada ao Brasil pelo grande hit autoral Era Uma Vez..., a jovem artista de 27 anos, filha de missionários, entrega seu segundo álbum da carreira, composto de 12 canções autorais (sendo 8 em parceria com o maestro e produtor musical Bruno Alves), e dividido em duas partes. O Lado A, que foi recém-lançado, traz seis músicas mergulhadas em temas como vulnerabilidade, amor, saúde mental e ressignificação do luto.

Em entrevista ao Jornal do Commercio, Kell reflete sobre o que mudou na cantora de 2017 até chegar neste trabalho: “Tudo muda o tempo todo. E eu acredito que o tempo, se bem aproveitado, é evolução. Porque ninguém nasce sabendo viver ou sabe o que vai acontecer. Mas temos o controle de como vamos lidar. Hoje, me sinto mais madura e mais livre. Aprendi a respirar. E isso influencia na música, porque eu sou a caneta e expresso minhas verdades”.

As verdades as quais a cantora e compositora se refere vêm de suas experiências pessoais, onde encarou uma depressão, e também de vivências compartilhadas por seus fãs, denominados “girassóis”. Parte desse desabafo foi feito no documentário lançado pela artista em seu canal no YouTube no mês passado para apresentar o disco O Velho e Bom Novo, repleto de canções de letras consistentes. “Eu falo de histórias minhas e histórias que não são minhas, mas que sei que são reais. O objetivo é dividir o que acredito que pode mudar para melhor a vida das pessoas. É um trabalho íntimo e que também expressa minha conexão com meu público”, ressalta a jovem.

Não bastando a urgência de letras como a do ótimo soft reggae Camomila (“Vou me virar/ Cuidar da saúde mental/ Em plena era digital/ O mundo tá meio doente...”) e a forte balada Vulnerável (“Sou vulnerável demais/ Posso dizer/ Que o fundo do poço tem um fundo, um fim/ Dá pra ver...”), a gravação deste disco de Kell Smith ainda passou pelo início da pandemia do novo coronavírus, gerando mais um ponto de reflexão da artista e adaptações no desenvolvimento do álbum.

“Nos adaptamos porque acredito que dividir essas mensagens mereça essa urgência. Mas esse momento de quarentena e pandemia é uma fatalidade para o mundo. A única contribuição é o aprendizado que a vida está nos oferecendo, porque nada é por acaso. Entendamos agora que nossa prioridade é a nossa segurança, a solidariedade e cooperação. Mantermos os laços, afeto e saúde mental”, afirma.

TERAPIA DE LIBERTAÇÃO

Artisticamente “mais liberta” ao entregar um trabalho autoral independente e despretensioso de repercussão, sem canções encomendadas, afinação artificial e/ou campanha agressiva de marketing, o que a jovem artista quer com este disco inédito é levar um alento aos ouvidos e ao coração de seu público. E se pudesse definir O Velho e Bom Novo em uma palavra? “Terapêutico é uma excelente tradução. Tanto para mim, quanto para o público”, aponta.

Pedimos a Kell algum spoiler do Lado B, com as próximas seis canções deste projeto, mas a cantora preferiu manter o mistério: “Posso adiantar que será tão sincero quanto o Lado A. E que tem uma Bossa Nova. Será lançado em breve”.

Para quem não conhece o trabalho de Kell Smith, O Velho e Bom Novo pode ser uma ótima oportunidade de ser apresentado a uma artista, de fato, singular, de voz marcante e canções reflexivas.

“Eu sou a mesma. Só que não do mesmo jeito. Sou uma nova eu. Todos estamos nesse processo. É mais questão de consciência”, conclui a artista, que vai muito mais além do Era Uma Vez....

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