LANÇAMENTO

Abacaxepa lança clipe de 'Picadinho', com contorcionismo dentro de casa

Protagonizado pela atriz e contorcionista Natasha Jascalevich, o clipe de 'Picadinho' traz o lidar com o fim de um relacionamento de uma forma visual e corporal

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 18/06/2020 às 10:49 | Atualizado em 18/06/2020 às 10:49
JESSICA LEAL/DIVULGAÇÃO
NATASHA JASCALEVICH PROTAGONIZA O CLIPE DE PICADINHO - FOTO: JESSICA LEAL/DIVULGAÇÃO

Lidar com uma angústia solitária dentro de casa pode até ser um sentimento ressaltado nos últimos tempos, mas está longe de ser uma novidade. O videoclipe Picadinho, do grupo paulista Abacaxepa, ilustra essa sensação em termos visuais e gestuais bem expressivos. A produção, disponível no YouTube desde quarta-feira (17), é protagonizado pela atriz e contorcionista Natasha Jascalevich e remete ao ato de lidar com o término de um relacionamento a partir de uma presença muito corpórea da artista, que literalmente se desdobra em um apartamento para enfrentar tudo isso.

Picadinho é um single do disco Caroço, lançado no ano passado e dono de um caldeirão de sonoridades brasileiras e tropicais. A pernambucana Bruna Alimonda, vocalista e uma das compositoras da canção, a descreve como um bolero brega com inspirações que vêm do cubista Pablo Picasso. "Ela foi baseada em uma frase que eu realmente escutei alguém falar, 'fulano fez picadinho de mim'. A música tem nuances nesse sentido, ela tem uns cortes e umas brincadeiras com palavras, além de umas brincadeiras com o próprio cubismo nesse sentido", explica Bruna.

A canção é escrita pela cantora e arranjada por Ivan Santarém, guitarrista do grupo, que ainda conta com Carol Cavesso (vocal), Rodrigo Mancusi (vocal), Fernando Sheila (baixo), Juliano Veríssimo (bateria) e Vinícius Furquim (teclado e vocal). Seus integrantes se aproximaram enquanto estudavam teatro em São Paulo e a troca entre as bagagens musicais de cada um acabou culminando no projeto. Já são dois discos, o já citado Caroço e o EP homônimo.

A transposição dessa energia fragmentada da música para a dimensão visual surgiu a partir de uma gama de encontros e discussões. A banda já tinha algumas ideias sobre alguns elementos que queriam no projeto. A ideia de utilizar legumes e facas para canalizar uma espécie de raiva já era algo que tinham em mente. "A gente pensava muito nisso de fazer a preparação de um picadinho de sentimentos a partir dessa ideia dos cortes, evocando tanto a raiva, mas também o movimento em si do corte", relata Bruna.

Essas ideias ganharam novos contornos quando se aproximaram do trabalho de Natasha. O primeiro elo veio com a apresentação da contorcionista no Festival de Circo do Brasil, no qual ela apresentou o trabalho Prazer, Dona Flor, que já carregava conexões com tudo o que foi planejado, como as ações com uma faca e a interação com um blazer. A performance foi vista pela produtora da banda, que imediatamente fez as ligações sobre as intenções do clipe com o trabalha de Natasha.

"Eu já conhecia o trabalho dela, mas essa performance dela era muito linkada com nossa música. Ela é uma contorcionista que tem tudo a ver com a música, do corpo fragmentado, além de falar de uma relação de amor terminada. Tivemos uma troca muito bonita”, conta Bruna. Essas aproximações se estenderam também a diretora e roteirista Bárbara Cunha e a videasta Mary Gatis. Logo, a equipe toda se formou e acabou sendo composta inteiramento por mulheres, sendo seis delas pernambucanas. As gravações foram realizadas no Rio de Janeiro e a produção contou com Louise Botkay (direção de fotografia), Ana Rosati (roteiro), Camila Caldas e Maria Helena Alcântara (figurino), Jéssica Leal (still), Maria Angélica Cesarotti (color), Anna Maria Menezes (arte gráfica) e Mariana Lôbo (Assessoria de imprensa).

Os próximos planos da Abacaxepa estão voltados para a produção de um novo clipe e a continuidade de composições para um futuro novo disco. Estão trabalhando como podem agora que estão afastados por causa do momento de isolamento. Momento esse que acabou por dialogar bem com a condução do clipe. "Tínhamos esse pensamento de ver a casa, esse lugar tão nosso, como um espaço de lidar com as angústias, de sentar no sofá e ver que a vida mudou. Era uma ideia de ressignificar mesmo esse espaço e acabou que aconteceu isso tudo com a pandemia e a gente tá realmente tendo que ressignificá-los e lidar com esse lugar, se sentir diferente dentro da própria casa", conclui Bruna

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