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Iniciativas estimulam produção e circulação de animações

Festivais, mostras e editais de fomento voltados para o cinema de animação dão fôlego ao setor em período complicado

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 07/07/2020 às 10:40 | Atualizado em 07/07/2020 às 10:40
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A prestigiada animação 'Tito e os Pássaros' estará em mostra online - FOTO: DIVULGAÇÃO

O território da animação sempre foi de uma vastidão estilística e temática, indo do clássico ao experimental e carregando sensibilidades únicas a partir de seus igualmente diversos modos de feitura. Por aqui pelo Brasil, a produção e a recepção vêm conquistando há décadas um solo fértil, seja nas TVs, nos streamings ou nos festivais e salas de cinema. Em Pernambuco, o festival Animage é certamente um dos maiores destaques nesse cenário. Neste ano, a iniciativa chega em sua 11ª edição e já está com inscrições abertas para curtas-metragens até o dia 26. O início da programação está marcado para 12 de outubro.

Tradicionalmente, o evento ocupa diversos espaços da cidade, entre cinemas e praças públicas. Há a esperança de que isso possa voltar a ser realizado de alguma forma dentro do cronograma, mas o momento não é de certezas. “Como ainda estamos distantes do período de realização, estamos mantendo dessa forma presencial e observando como vai ser a reabertura e a volta da circulação, mas ainda não temos nada fechado. Há um plano B para uma versão digital caso não seja possível a presencial, só não queremos deixar de fazer o festival”, explica Antonio Gutierrez, diretor-geral do Animage.

Além da situação de circulação de pessoas e o cenário do isolamento daqui para outubro, há também a questão do levantamento de recursos. O Animage não difere do quadro de perdas que os festivais de todo o país vem passando pelos últimos anos, ainda mais complicado com o surgimento da pandemia. O quadro de editais e patrocínios já não era dos melhores, agora ganhou mais uma camada de complicação.

“Já passamos por vários cenários. Desde um momento com um maior número de editais públicos e uma economia que permitia uma maior aproximação da iniciativa privada, mas também um período mais difícil nos últimos tempos, com a saída de aportes como o da Petrobras. Mas nunca deixamos de fazer e estávamos otimistas para este ano, parecia que o cenário ia se organizar, mas a pandemia voltou a atrasar tudo. Pelo menos, contamos com um ambiente muito colaborativo e de muita vontade de fazer acontecer”, conta Gutierrez.

Na última edição, o festival chegou a receber mais de 800 inscrições oriundas de 62 países. As obras selecionadas para a Mostra Competitiva do festival concorrem Grande Prêmio Animage, Melhor Curta Infantil, Melhor Curta Brasileiro, Melhor Curta – Prêmio do Público e também Melhor Direção, Roteiro, Direção de Arte, Técnica e Som. Além da competição, o festival conta com mostras especiais de longas e de curtas, trazendo um rico panorama da produção nacional e global. Oficinas e masterclasses também costumam fazer parte da programação.

STREAMING E FOMENTO

Antes de outubro, o público já pode ter contato com um bom leque de animações brasileiras, no conforto de casa. O instituto Itaú Cultural dá seguimento ao seu calendário de mostras em streaming. Agora é a vez da Álbum Animado de Bestiários, que começa a partir do dia 11 de julho, de forma gratuita. A ideia é fazer uma sucinta viagem pela produção nacional dos anos 1980 para cá. São sete curtas e três longas que se passam por diferentes técnicas e narrativas, além de carregar o prestígio da circulação em festivais importantes.

É o caso de Meow! (1981), de Marcos Magalhães, que mistura inquietação política, comédia e a figura de um gato esfomeado. A obra conquistou prêmios em Cannes, Havana e Brasília, sendo considerada um marco na animação nacional. Entre os destaques recentes está Tito e os Pássaros, longa de Gabriel Bitar, Gustavo Steinberg e André Catoto que encantou o mundo ao falar sobre o medo pelo prisma de uma criança em um mundo criado com muito afeto pela produção. Completam a seleção os curtas Tyger (Guilherme Marcondes), Passo (Alê Abreu), Castillo y el Armado, Giz (César Cabral), Almofada de Penas (Joseph Specker Nys) e Poética do Barro (Giuliana Danza) e os longas Brasil Animado (Mariana Caltabiano) e Boi Aruá (1985).

Já para o braço produtor de animação no país, o Petrobras Cultural lançou um edital para financiamento de curtas e longas que tenham como público-alvo crianças de até 6 anos. O edital conta com um investimento de R$ 4 milhões e faz parte do projeto Petrobras para Crianças e já contou com uma iniciativa semelhante voltada ao teatro, recebendo mais de 900 inscrições. O objetivo é contemplar obras que propiciem estímulos para os pequenos na primeira infância.

O programa Petrobras Cultural já patrocinou animações de destaque no cenário nacional. Foi o caso e O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, dono de uma força poética bela que encantou o mundo e ainda conseguiu uma indicação ao Oscar, na categoria animação. As inscrições ficarão abertas até o dia 24 de agosto e os resultados deverão ser divulgados até novembro, após avaliação de uma banca de especialistas. Os projetos aprovados precisam ser concluídos em até 18 meses e disponibilizadas em plataformas de streaming.

 

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