Bom passeio virtual por obra visual

DIVERSIDADE Mostra possibilita imersão na vasta obra de J. Carlos

Publicado em 08/08/2020 às 6:00
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VIÉS Foi grande observador dos jogos políticos - FOTO: DIVULGAÇÃO
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Para alguns, José Carlos de Brito e Cunha. Para a grande maioria, J. Carlos. O artista visual não está mais entre nós, mas o seu legado permanece intacto e assim deve continuar: referência como cronista que desafia as décadas.

Sendo o grande observador dos jogos políticos, dos costumes e do papel da mulher em cada época, registrou as diferenças sociais e as peculiaridades dos primeiros 50 anos de república no Brasil. Seu nome e trabalho serviram de inspiração para a exposição J. Carlos — Além do Tempo, que entra em exibição a partir de hoje.

Serão 84 desenhos disponibilizados na Danielian Galeria, que vai contar com uma visitação virtual em 3D imersiva no site www.danielian.com.br. O curador, Rafael Peixoto, vai conversar com o caricaturista Cássio Loredano e com a designer gráfica Julieta Sobral, no perfil de Instagram @danielian_galeria, também neste sábado, às 17 horas.

Há cerca de 10 anos, o curador Rafael Peixoto tem contato com a coleção que soma 300 desenhos do artista. Ele acompanhou todo o processo de restauração e catalogação que a Danielian Galeria fez ao adquirir do neto de J. Carlos, Carlos Alberto de Brito e Cunha, as obras.

Quando surgiu a ideia da exposição, Rafael fez um "verdadeiro mergulho", como ele mesmo define, para escolher alguns trabalhos que resumissem parte dos 48 anos de trajetória do cartunista.

Por fim, 84 foram escolhidos para serem expostos. "Tive a difícil tarefa de selecionar as obras que incentivassem uma nova reflexão sobre o conjunto desse importante artista moderno brasileiro", afirma Peixoto, revelando, ainda, que por ter pertencido a um acervo familiar, a coleção perpassa diversos focos trabalhados por J. Carlos, como capas, vinhetas, anúncios e charges políticas.

O QUE IMPORTA

O principal foco da exposição é trazer novos olhares sobre a produção de J. Carlos, tratando-o não só como caricaturista ou cronista, mas, sim, como um artista, em diálogo com a modernidade e a qualidade formal de suas obras.

"Através de uma grande sensibilidade e uma habilidade inata para o desenho, J. Carlos fez um retrato bem-humorado e ácido, que é uma ferramenta importante para a nossa reflexão dos dias atuais", conta Rafael.

A mostra será dividida em cinco segmentos que buscam, de forma didática, ampliar as possibilidades de análise e de debate. Todos os campos relacionam-se entre si.

"As Capas falam da importância das capas de revistas desse período; A Política mostra a postura crítica e a crônica histórica de J. Carlos; A Sociedade apresenta, através das situações cotidianas desenhadas por Jota, um retrato da estratificação social e da vida da cidade moderna; Les Femmes fala do fascínio do artista pelas mulheres e da recorrência desse tema na sua obra. E, por fim, A Revista, trazendo sua vertente como design gráfico, apontando a sua fundamental importância no cenário brasileiro", explica Rafael.

O uso do 3D vai ser um grande diferencial apresentado pela exposição. O curador enxerga o fato com bastante positividade, afinal, o visitante vai emergir no cenário e passear pelos ambientes, não ficando restrito a apenas olhar os desenhos.

O fato, somado à atual situação provocada pela pandemia, aparentemente só tem a agregar. "A arte tem um poder transformador, e em um momento tão difícil como esse, pode ser um reforço para os nossos ânimos, na certeza de que tudo vai passar", comenta.

Além disso, o acontecimento on-line de atividades desse tipo tem trazido um pouco de fôlego para os trabalhadores da área. "No âmbito do mercado de arte, essas exposições virtuais trazem a possibilidade de sustentar um amplo sistema do qual fazem parte artistas, escolas de arte, museus e galerias."

 

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