No próximo dia 19 comemora-se o Orgulho Lésbico e, no dia 29, o Dia da Visibilidade Lésbica, duas datas importantes que fazem de agosto um mês repleto de significados e luta no Brasil. Para celebrar e debater como se dão os desafios enfrentados por mulheres lésbicas na literatura, a poeta e ativista Olga Pinheiro iniciou na última sexta-feira uma série de lives que segue até o início de setembro, sempre através no Instagram @olgauniversos, às 20h.
A programação, plural, reúne convidadas de diversas áreas de atuação, vivências e estados brasileiros que possuem uma ligação com o campo artístico. Algumas delas são autoras publicadas pela editora independente e artesanal pernambucana Castanha Mecânica que, em parceria com Olga - ela mesma autora do livro Duas Inteiras - resolveu destacar estas obras com um desconto de 25% até o final deste mês. São elas: Escrevivências (Odailta Alves), Furtiva (Bione), O Punho Fechado no Fio da Navalha (Patrícia Naia), Bitola, Roleta Russa e Linha Reta (Flávia Gomes).
Nesta sexta (14) é a vez da escritora e designer Diana Salu de conversar com Olga a partir do tema Vida e Arte - Processos Não Lineares. Amanhã, no mesmo horário, a convidada é a poeta e professora Patrícia Naia.
"Nos fazer visíveis é uma das muitas formas de combater a lesbofobia, tanto para fortalecer a comunidade lésbica, quanto para que o resto da sociedade aprenda que não somos aberrações. Acho que isso vale para todas as minorias políticas. O apagamento também dificulta nossa organização enquanto categoria para lutar pelo fim das violências que sofremos. A literatura, como outras formas de arte, é um meio de expressar diferentes olhares sobre o mundo e de criação de possibilidades alternativas de realidade", pontua a organizadora.
"Considerando que visibilidade lésbica pressupõe não uma, mas várias histórias e autoras lésbicas com espaço, também é importante para exibir a multiplicidade de existências lésbicas, para desconstruir estereótipos e ajudar a própria comunidade lésbica a ser mais acolhedora com as diferenças entre nós. Pensando nas pessoas não lésbicas, agora, nossa visibilidade na literatura é importante para que as pessoas possam, através dos textos, usar nossos olhos emprestados, vez em quando, e não somente os olhos de homens brancos cis-hetero, que são a maioria dos autores disponíveis em larga escala no mercado."
Historicamente as personagens lésbicas na literatura, assim como em muitas outras formas de expressão artística, são subrepresentadas e frequentemente estereotipadas. "Na ficção, o que reparo é que a maior parte das personagens lésbicas é "andrógina" ou "masculinizada", e que raramente o final é feliz. As histórias costumam girar em torno do sofrimento de ser lésbica, em vez de ter a sexualidade como uma das muitas coisas que compõem uma pessoa. Além de tudo, quase sempre são mulheres lésbicas brancas, magras, classe média, de cabelo liso... Todos os padrões de opressão são reproduzidos", avalia Olga Pinheiro.
Na próxima semana a programação é retomada na sexta-feira (21) com a quadrinista e ilustradora Sophia Andreazza a respeito da temática Amor e Arte Como Formas de Protestos. Já no sábado (22) é a vez da também poeta Flávia Gomes que irá conversar com Olga sobre Erotismo e Protesto na Poesia. No dia 28 o assunto ultrapassa as fronteiras literárias com a convidada Ericka Pricila, desenvolvedora, que vai falar sobre representatividade com o tema Pane no Cis-Tema - Programadoras Caminhoneiras.
No dia 29, Olga Pinheiro realiza a leitura integral de seu livro Duas Inteiros e, encerrando a programação, no dia 3 de setembro Odailta Alves debate acerca da temática de Personagens Lésbicas no Livro Pretos Prazeres.
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