LIVE LITERÁRIA

Lawrence Flores Pereira fala sobre os desafios de traduzir Shakespeare na Flipojuca

Vencedor do Prêmio Jabuti 2016 na categoria Tradução pelo trabalho feito em Hamlet, o professor conversa com o diretor da Dimeca da Fundaj, Mário Hélio, em live, nesta quina (17)

JC
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Publicado em 16/09/2020 às 17:06 | Atualizado em 16/09/2020 às 17:36
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PERENE William Shakespeare morreu há 405 anos, mas continua relevante em diferentes linguagens artísticas - FOTO: REPRODUÇÃO

A obra de Shakespeare e os desafios de traduzi-la para o português é tema da programação desta quinta-feira (17) da Feira Literária do Vale do Ipojuca (Flipojuca), realizada em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Ás 18h, através de uma live no canal de Youtube da instituição, o professor e tradutor literário Lawrence Flores Pereira fala de sua experiência que, entre outros trabalho, abrange a tradução do famoso Rei Lear, escrita pelo dramaturgo inglês em 1606.

Vencedor do Prêmio Jabuti 2016 na categoria Tradução pelo trabalho feito em Hamlet, ele revela a importância da poesia oral do Nordeste no seu processo de tradução. “Os poetas possuem um gene que transcende as diferenças de origem. Claro, há diferenças em todos os poetas, mas a inspiração é familiar a todos. Como um compositor, cuja construção de uma música passa por melodias já conhecidas", afirma o tradutor.

"Para nos aproximar do plurilinguismo shakespeariano, precisamos usar de todos os recursos que a nossa cultura oferece", concluiu, ao mencionar nomes da poesia popular ao repente, como Manoel Xudu, Otacílio Batista, Diniz Vitorino, Inácio da Catingueira e Canhotinho.

Um dos mais influentes dramaturgos do mundo, Shakespeare também foi ator. O que, para Lawrence, reflete no reconhecimento que a obra do Bardo teve desde o início. “Ele levava a oralidade e a fácil compreensão do público em consideração, por isso sua obra é multifacetada e polirrítmica. Vamos ter cenas de nobreza, trágicas, de redenção, poéticas, cômicas e até mesmo satíricas. Outras com teor totalmente popular da cultura europeia medieval, como Câmara Cascudo já apontou na obra de Dante.”

Para o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj e mediador do evento, Mario Hélio, a tradução é um tema essencial de qualquer país maduro em sua cultura e democrático. “Aprender das tragédias e comédias de Shakespeare e da experiência que é traduzi-las é assunto não apenas da alta cultura, mas também da cultura popular, como provou Ariano Suassuna com sua versão de Romeu e Julieta calcada quase palavra por palavra num poema popular de autor do Nordeste”, pontua.

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