ESCULTURAS

Circuito Digital da Poesia une design e cultura para valorizar patrimônio do Recife

O objetivo é aumentar o aproveitamento dos espaços públicos em que as estátuas estão localizadas

Danielle Santana
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Danielle Santana
Publicado em 22/09/2020 às 18:09 | Atualizado em 23/09/2020 às 7:10
Divulgação/Circuito Digital da Poesia
A ideia é integrar a cultura e o design usando a realidade virtual como ferramenta - FOTO: Divulgação/Circuito Digital da Poesia

Quem circula pela área central do Recife certamente já reparou na existência das estátuas que compõem o chamado Circuito da Poesia. As doze esculturas em tamanho real estão localizadas em pontos turísticos e representam alguns dos grandes poetas que marcaram a história da cidade.

Infelizmente, algumas das esculturas acabam sendo alvo de atos de vandalismo, como foi o caso da que representa o escritor paraibano Ariano Suassuna, derrubada na última segunda-feira (21).


Uma das possíveis saídas existentes para diminuir os casos de vandalismo estaria maior valorização da história pernambucana, aponta o pesquisador Vladimir Souza. Em conjunto com o programador, Erick Simões, e o artista 3D, Carlos Burgos, o designer está desenvolvendo o Circuito Digital da Poesia, por meio dele o público poderá passear de forma virtual pelo circuito instalado nas ruas recifenses. Uma maior interação entre as obras de arte e o público será permitida, já que o projeto prevê que, de maneira virtual, as estátuas sejam capazes de ganhar vida, declamando poesias ou até mesmo cantando. Inicialmente, para realizar o passeio, o usuário precisará apenas de um dispositivo capaz de acessar a plataforma por onde o projeto será disponibilizado.  



A ideia é integrar a cultura e o design usando a realidade aumentada como ferramenta. Vladimir ressalta que, por meio do circuito digital da poesia, o usuário poderá “ganhar um olhar diferente para coisas comuns”. Inicialmente, o projeto previa que a experiência pudesse ser vivida por aqueles que se deparassem com as estátuas ao passear pelas ruas da cidade. Mas, por conta da pandemia da Covid-19, a ação deixou de ser viável, tendo em vista que exigiria a presença dos desenvolvedores nos locais.

Apesar do novo desafio, o projeto foi tocado de maneira remota e será apresentado no final de outubro, como trabalho de conclusão do Mestrado Profissional em Design da CESAR School, feito por Vladimir, mostrando a possibilidade de uma maior imersão com as obras de arte. A ideia é eliminar a dispersão e aproximar o público dos itens culturais espalhados pela cidade. “A interação deixaria de ser aquela natural de passar, olhar e seguir caminho. Já que com a rotina as estátuas passam até despercebidas por quem está acostumado a fazer aquele trajeto”, afirma Vladimir.

A maior interação com as obras e divulgação da importância delas construiria o que o pesquisador chama de teia. “Depois de ver uma estátua declamar uma poesia a pessoa pode se interessar em comprar um livro, ver um filme baseado na história que ouviu e assim ir construindo uma teia que aumentaria o consumo cultural”, destaca.

Atualmente, o projeto ainda busca apoiadores que ajudem em sua viabilização e disponibilização para o público. Os interessados em apoiar o Circuito Digital da Poesia podem entrar em contato com o pesquisador através do @vladimirbsouza.

Conheça os integrantes do circuito da poesia:

Antônio Maria (1921/1964)
Poeta, compositor e cronista. A escultura do artista está na localizada na Rua do Bom Jesus.

Ascenso Ferreira (1895/1965)
Poeta da primeira geração do Modernismo e autor de obras como “Catimbó”, “Cana Caiana” e “Xenhenhém”, a estátua está no Cais da Alfândega.

Capiba (1904/1997)
Compositor, autor de diversos frevos que animam o Carnaval do Recife. Localizado na Rua do Sol, na reta final do desfile carnavalesco do Galo da Madrugada.

Carlos Pena Filho (1928/1960)
A escultura do poeta, jornalista e advogado está na Praça da Independência.

Chico Science (1966/1997)
Compositor e criador do manguebeat, movimento musical recifense da década de 90. A escultura está na Rua da Moeda, no Bairro do Recife, polo original dos eventos relacionados ao manguebeat.

Clarice Lispector (1920/1977)
Escritora ucraniana que passou parte da infância no Recife. Sua escultura foi colocada na Praça Maciel Pinheiro.

João Cabral de Melo Neto (1920/1999)
Poetas brasileiros e autor da antológica obra “Morte e Vida Severina”, é homenageado na Rua da Aurora.

Joaquim Cardozo (1897/1978)
Poeta e engenheiro civil, tem sua estátua abrigada na ponte Maurício de Nassau.

Luiz Gonzaga (1912/1989)
“O Rei do Baião”, teve sua escultura colocada na Praça Visconde de Mauá, diante da antiga Estação Central do Recife (1888) e da Casa da Cultura de Pernambuco.

Manuel Bandeira (1886/1968)
Precursor do movimento Modernista, é homenageado na Rua da Aurora.

Mauro Mota (1911/1984)
Jornalista, poeta e ensaísta, autor de obras como “Elegias”, “Imagens do Nordeste” e “Canto ao Meio”. A Praça do Sebo, tradicional local de venda de livros raros e usados, recebeu sua escultura.

Solano Trindade (1908/1974)
Poeta, pintor e folclorista, fundador do Teatro Experimental do Negro e o Teatro Popular do Brasil. Sua escultura está no Pátio de São Pedro.

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Carlos Burgos, Vladimir Barros e Erick Simões - REPRODUÇÃO

YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
Circuito da Poesia, João Cabral de Melo Neto, Rua da Aurora - FOTO:YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
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Circuito Digital da Poesia junta design e cultura para valorizar patrimônio do Recife - FOTO:REPRODUÇÃO

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