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Romero Ferro amplia sua produção artística para além da música

Recentemente, o cantor lançou em seu canal do Youtube e IGTV o programa "Eita FERRO!", que traz convidados especiais

Daniel Ferreira
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Daniel Ferreira
Publicado em 23/09/2020 às 14:14 | Atualizado em 08/10/2020 às 14:32
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"Ser assumidamente pop no som, na linguagem, no visual, aqui no nosso Estado, sempre foi uma dificuldade. Muita gente olha (va) com preconceito", conta o artista nascido em Garanhuns - FOTO: DIVULGAÇÃO

Que a música pernambucana vem conquistando o mundo, ninguém pode negar. Temos Duda Beat e Johnny Hooker com suas canções puxadas para a sofrência, em tons românticos; Dadá Boladão e Shevchenko e Elloco com o brega funk e as batidas fortes; e Alceu Valença e Reginaldo Rossi, que apesar de não trabalharem em cima do mesmo gênero, são igualmente reconhecidos.

Além deles, tantos outros filhos da terra dos altos coqueiros estão ganhando visibilidade. Romero Ferro, natural de Garanhuns, entra nessa lista de artistas, apostando no pop para se destacar no mercado fonográfico. Recentemente, o cantor lançou em seu canal do Youtube e IGTV o programa “Eita FERRO!”, que traz convidados especiais e aborda assuntos de extrema importância e prepara-se para entrar numa nova fase da carreira.

A plataforma, na realidade, já era bastante usada por Romero. Nela, estão hospedados os videoclipes, shows, making offs e músicas do artista. Agora, nomes como Bielo Pereira, Johnny Hooker, Drik Barbosa e Tiê aparecerão para conversar sobre tópicos como padrões de beleza, cultura do cancelamento, música e imagem e quarentena e lugares de privilégio. Nos próximos dias, o jornalista Zeca Camargo deve marcar presença. Ferro enxerga a ferramenta, também, como uma maneira de se aproximar do público.

“A proposta sempre foi conexão, crio conteúdo para as redes no intuito de gerar proximidade com o meu público, com quem me acompanha. O canal não seria diferente. Recentemente, devido a pandemia, lancei um projeto para as redes chamado "Eita FERRO!", onde eu recebo convidades para conversarmos sobre temas especiais dentro do universo da música e de comportamento”, afirma.

Os assuntos abordados, divididos em aproximadamente oito episódios, baseiam-se no contato que Romero possui com quem aparecerá no dia. “São todes artistas que admiro, e os temas acabam fluindo disso, da minha relação pessoal com cada um deles. Essa pandemia tem colocado a gente em um lugar de questionamento sobre quem somos, os nossos privilégios, a nossa estrutura e como somamos enquanto sociedade”, conta.

Além, revela estar estudando questões contemporâneas e o desejo de compartilhar conhecimento com as pessoas. “Estou aprendendo, e a minha dúvida pode ser a de qualquer outra pessoa, por isso resolvi colocar essas conversas na internet.”

Há algum tempo, as mídias digitais têm sido grandes aliadas dos artistas. É por meio delas que os trabalhos são divulgados para a massa. Para Romero não é diferente, principalmente diante do atual cenário pandêmico vivenciado pelo mundo.

“Por hora, para os artistas, as mídias sociais são o "ganha pão". Então, eu passei a me dedicar mais intensamente a elas, pensando em conteúdos especiais e novos formatos para me conectar com as pessoas. É sempre sobre isso: conexão e diálogo. A internet pode ser uma extensão da arte, uma forma de te deixar mais perto de quem está longe ou isolado”, argumenta.

No início da carreira, Ferro não encontrou muito incentivo em sua família. Mas foi uma fase. Hoje, ele atua como profissional da música há seis anos, tendo no currículo a formação em Produção Fonográfica pela AESO e Canto Popular no Conservatório Pernambucano de Música. E apesar de estar ciente de seus privilégios por ser um homem branco e de classe média, garante que sempre ralou muito para conseguir trabalhar.

No percurso, também foi vítima de olhares tortos. A música pop nunca teve - até agora - muito apelo popular entre a maioria dos pernambucanos. “Ser assumidamente pop no som, na linguagem, no visual, aqui no nosso estado, sempre foi uma dificuldade, muita gente olhava torto, com preconceito”, conta. Entretanto, Romero acredita ter conseguido contornar esse obstáculo. “Conquistei o meu espaço, consegui abrir caminhos não só para mim, e fico muito feliz em ter essa percepção. Hoje tenho dois discos lançados, prêmios, e fãs no país inteiro. Quero crescer ainda mais”, diz.

A pandemia, infelizmente, atrapalhou os planos do artista para 2020. Shows, turnê na Europa e gravações de clipes são alguns dos projetos perdidos. “A gente vinha numa crescente intensa, seis meses de divulgação do meu último disco, todo planejamento e investimento nesse processo foi atingido. Contornar isso é algo impossível, mas eu ressignifiquei tudo”, fala.

Durante o isolamento social, Romero tem marcado presença em eventos onlines importantes e de visibilidade internacional, como PopLine Masks 4All (Portal PopLine), Festival Fico em Casa BR, Parada LGBTQIA+ de SP, Festival Juntos Pela Música, da UBC/Spotify, Sala de Casa da Natura Musical e Festival Coquetel Molotov .EXE, onde lançou show novo com luzes e projeções totalmente criadas por ele.

E o trabalho não para por aí. Agora, em setembro, o videoclipe da música “FAKE” vai ser lançado. A canção faz parte do último álbum de Romero, que completou um ano de estréia no final de agosto. “O clipe vem para fazer todes pensar, é fruto dessa pandemia. Eu não lançaria esse vídeo se não fosse esse contexto em que estamos. Gravamos de forma rápida, com uma equipe de 5 pessoas, e todo o cuidado necessário. Tô ansioso para que ele saia”, ressalta. Além, Ferro mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de novas oportunidades e adianta que dois singles já estão no forno e quase prontos para serem servidos.

“Entendo que estamos passando por algo muito maior, e que todes foram prejudicados de algum jeito. Sou grato por ter tido o privilégio de parar, ficar em casa, ter uma casa. E é meio isso, tudo mudou, mas as mudanças são necessárias, eu mudei demais, e tenho usado isso ao meu favor”, finaliza o artista, que soma mais de 8 milhões de execuções nas plataformas digitais.

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POSIÇÃO "Ser assumidamente pop no som, na linguagem, no visual, aqui no nosso Estado, sempre foi uma dificuldade. Muita gente olha (va) com preconceito", conta o artista nascido em Garanhuns - FOTO:DIVULGAÇÃO

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