ARTES VISUAIS

Com o projeto 'Enxertia', artistas unem forças para superar as adversidades

Iniciativa reúne 21 criadores de artes visuais e a Galeria Amparo 60 em uma rede colaborativa

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 15/10/2020 às 8:10
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OBRAS Artistas como Kildery Iara investigam temáticas e suportes - FOTO: DIVULGAÇÃO
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O cenário de desmonte exposto e intensificado pela pandemia do novo coronavírus exigiu várias reformulações de olhares e formas de fazer. Nas artes, os processos colaborativos têm interessado cada vez mais criadores, estimulando a formação de novas redes. Um exemplo desse movimento é o Enxertia, projeto capitaneado por 21 artistas e pela Amparo 60, cuja exposição vai ao ar a partir desta quinta-feira (15), no e-commerce da galeria.

Como sugere o título, que remete à união de plantas de espécies diferentes, Enxertia é fruto da junção de diferentes poéticas e vivências com o objetivo comum de continuar a criar e florescer em meio às adversidades impostas pelo contexto atual. Os artistas participaram de todas as etapas de elaboração do projeto.

Nele, cada criador apresentou uma obra que, após uma análise da curadora Ariana Nuala, foram reunidas em sete grupos, com três trabalhos cada, aproximados conceitualmente. Os agrupamentos custam R$ 7 mil e o valor é dividido entre os artistas, a galeria, a curadora e o Sítio Ágatha, instituição escolhida pelo projeto para apoiar.

Estão reunidos no projeto biarritzzz, Caetano Costa, Clara Moreira, Célio Braga, Cristiano Lenhardt, Fefa Lins, Fernando, Augusto; Francisco Baccaro, Iagor Peres, Isabela Stampanoni, Izidorio Cavalcanti, Josafá Neves, José Paulo, Juliana Lapa, Kildery Iara; Lia Letícia, Lourival Cuquinha, Mariana de Matos, Marie Carangi, Ramonn Vieitez e Ramsés Marçal.

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Para além de uma iniciativa comercial, Enxertia é encarado por seus integrantes como um projeto conceitual, organizado como uma exposição virtual que ressalta a multiplicidade das produções de cada artista.

"Diferente de outros processos de curadoria, esse partiu da escolha dos próprios artistas, que submeteram suas obras, e minha função foi mais de fazer esse 'enxerto'", pontua a curadora Ariana. "Acho que a escolha do Sítio Ágatha enquanto parceiro fortalece o projeto porque é um espaço que tem uma pauta antirracista, que gera redes, e é esse o sentimento que a gente traz. As discussões que a gente tem feito são uma maneira de formação interna entre esses artistas."

Os artistas contam que, no processo de construção do projeto, várias temáticas foram evidenciadas a partir das trocas, entre elas a questão racial. Biaritzzz ressaltou, por exemplo, que apesar de trabalhar com arte há anos, esta é a primeira vez que uma obra sua, uma videoarte, é comercializada por uma galeria, sintoma de limitações ainda impostas aos artistas racializados no circuito comercial.

A galerista Lúcia Costa ressalta que a iniciativa lança uma semente para outras ações que podem fortalecer a cadeia produtiva, para além deste momento pandêmico. Duas novas coleções do projeto estão programadas para novembro e dezembro e, durante esse período, o grupo promoverá ações nos canais da galeria, como o Instagram.

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