Itaú Cultural

Pernambucanos integram programação de cênicas do Festival Arte Como Respiro

Coletivo Angu e performer Marco Salomão estreiam trabalhos online no evento, que começa no dia 21 de outubro

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 20/10/2020 às 11:23
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EXPERIÊNCIA Onde Está Todo Mundo? aprofunda relações do Coletivo Angu com a linguagem audiovisual - FOTO: DIVULGAÇÃO
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O Festival Arte Como Respiro, que reúne produções contempladas nos editais emergenciais do Itaú Cultural, ganha mais uma edição voltada para as artes cênicas, de quarta-feira (21) até domingo (25), sempre às 20h. As apresentações, completamente virtuais e gratuitas, são marcadas por performances e espetáculos completos de teatro, com diferentes olhares e poéticas, a maioria a partir das experiências do isolamento.

Estudos para um Vídeo Circo, da companhia Mano a Mana, abre a programação, e aprofunda os estudos da dupla com a linguagem do audiovisual, registrando os exercícios circenses a partir dos limites da casa. Ainda na quarta-feira, são apresentados Às Vez|o|s, do Projeto Hito, que parte do vocábulo vezo (que significa costume censurável, modo repetido de agir ou reincidência) para retratar a rotina de um casal que precisa reaprender a valorizar a presença do outro. Poesia de Quarentena, de Giovanni Venturini, registra a nova rotina na quarentena, usando a poesia como válvula de escape.

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'A Casa Esquecida', de Maria Amélia Farah e Soraia Costa, trabalha questões relacionadas à memória - DIVULGAÇÃO

A dança se faz presente com Áudio da Minha Vó, de Amanda Souza, enquanto A Casa Esquecida, de Maria Amélia Farah e Soraia Costa, coloca em destaque a investigação das memórias a partir do retorno a uma casa fechada há anos. Encerrando a primeira noite, a Amok Teatro (RJ) apresenta o espetáculo completo Jogo de Damas, que propõe um estudo sobre a solidão.

Na quinta-feira, a mescla de linguagens dá o tom com a vídeo-performance Dentro, do coletivo gaúcho Das Flor. Já o coletivo Takamakina exibe o espetáculo Uma Lei Chamada Mulher, que retrata a história de Maria da Penha, sobrevivente de violência doméstica cuja trajetória inspirou a lei de proteção à mulher.

ESTREIA

Na sexta-feira, Receitas Antitédio: Quarentena, da Companhia Barco, de São Paulo, abre a noite, seguida da estreia de Onde Está todo Mundo?, do Coletivo Angu de Teatro. O grupo pernambucano retoma a parceira com o escritor Marcelino Freire (Angu de Sangue, Rasif, Ossos) nesta obra inteiramente pensada para o ambiente virtual, a partir das questões próprias do momento pandêmico.

Na obra, que tem direção de Marcondes Lima, o grupo simulta uma transmissão na qual interferências (algumas delas sobrenaturais) geram uma série de situações inusitadas a partir de personagens frutos de contos inéditos de Marcelino. Os participantes desta live ora desaparecem ou, em alguns casos, nem chegam a se materializar na tela, instigando questionamentos próprios do momento histórico em relação a presença, temporalidade, do vazio deixado pela perda, entre outros assuntos.

"O trabalho se passa em uma zona limiar entre os mundos dos vivos e dos mortos e traz proposições interessantes sobre o momento em que vivemos e também sobre o nosso próprio fazer enquanto artistas. Penso que esta é mais uma tentativa de algo que estamos trabalho há alguns anos, que é  a aproximação com as artes visuais, a videoarte e o audiovisual. Foi como um laboratório de criação, com registros de interpretações diversos. Há atores que preferiram atuações mais naturalistas, outros com mais teatralidade e essa mistura é interessante porque evoca outras possibilidades para além das linguagens da televisão ou do cinema, por exemplo", reflete Marcondes, que dirigiu o trabalho de Portugal, onde reside atualmente.

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'Onde Está Todo Mundo?' aprofunda relações do Coletivo Angu com o audiovisual - DIVULGAÇÃO

Para o diretor, a obra tem um caráter brechtiano no que diz respeito à construção e desconstrução das cenas, com os atores também tecendo comentários sobre o que se passou, ao mesmo tempo em que retoma características do trabalho de Marcelino Freire, como a metalinguagem. Ele conta também que o Angu já pensa em um novo trabalho no formato virtual, mais uma vez em parceria com o escritor, que deve estrear em novembro.

LINGUAGENS

No sábado, circo, performance e teatro compõem as atividades que começam com IsolARTe, de Ana Clara Atui, do Espaço ART NO AR. No domingo, último dia desta edição, os destaques são o espetáculo À Deriva, da Intrépida Trupesão, que completa 34 anos, e performances, a exemplo de Autocuidado, ação para vídeo registrada com um celular durante o isolamento social, do performer paranaense Maikon K. 

Já o ator pernambucano Marco Salomão apresenta Isolamento Horizontal ou Arte em Home Office. Nela, o artista reflete sobre o tempo, a rotina modificada, o medo, a frustração, o distanciamento, o espetáculo interrompido, a estreia adiada, a conta a pagar, a saudade dos amigos e a preocupação com o futuro. Mas só o essencial funciona. 

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Pernambucano Marco Salomão apresenta a performance 'Isolamento Horizontal ou Arte em Home Office' - DIVULGAÇÃO

Após entrarem no ar, as apresentações ficam disponíveis por 24 horas no site da instituição (www.itaucultural.org.br)

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