Amparo 60

Marcelo Silveira retorna a Amparo 60 na exposição 'Compacto com Pacto'

A exposição é uma das quatro que serão expostas no espaço pelo Projeto Mirada, em parceria com a SpotArt, sob curadoria de Mariana Oliveira, para ocupar a antessala da galeria

João Rêgo
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João Rêgo
Publicado em 10/11/2020 às 13:23 | Atualizado em 10/11/2020 às 13:23
ASHLLEY MELO/DIVULGAÇÃO
Marcelo Silveira monta nova exposição na Amparo 60 - FOTO: ASHLLEY MELO/DIVULGAÇÃO

"O mundo da arte é onde a gente está entre a surpresa e o que se espera. Se não tiver contradição não é o mundo da arte", adianta Marcelo Silveira, experiente artista visual de Gravatá.

Ele aporta na Galeria Amparo 60, nesta terça (10), com sua exposição Compacto Com Pacto. Ela é uma das quatro que serão expostas no espaço pelo Projeto Mirada, em parceria com a SpotArt, sob curadoria de Mariana Oliveira, para ocupar a antessala do local.

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Foi no espaço que Silveira montou uma grande escultura reunindo partes de cadeiras despejadas da sua coleção. "Minha prática é colecionar achados. E normalmente os achados são resultados de procedimentos de pessoas que tentam esquecer alguma coisa", explica o artista.

"Ela propicia essa conversa. Na mesa, ao lado dela, ou na frente da casa. Não é aleatório. A cadeira acomoda você para sentar pausadamente e observar. No caso da estrutura, a história funciona ao contrário. Você se posiciona, naturalmente em pé, e a cadeira funciona como um observador do espectador".

ASHLLEY MELO/DIVULGAÇÃO
DESCARTE Marcelo elabora sua obra a partir de objetos cotidianos - ASHLLEY MELO/DIVULGAÇÃO

Desde 2016, Silveira investe em processos semelhantes. Compacto com Pacto é uma extensão da sua exposição Compacto, que ocupou também a galeria Amparo 60. Na época, o artista se utilizava de outros materiais, como mesas, livros e móveis.

Em 2017, com o apoio do Funcultura, ele levou as obras para as cidades de Triunfo e Floresta, no sertão pernambucano. Foram lá que elas passaram por ressignificações, se expandido com o intercâmbio entre a culinária e os artistas locais, além do próprio espaço de exibição.

Retornando a Amparo 60, Compacto com Pacto chega em um momento de readequações da pandemia. São regras que o próprio artista seguiu para estabelecer a relação entre as obras e a galeria.

Por exemplo, a exposição acontece de três maneiras: virtualmente, presencial com agendamentos ou sem necessariamente adentrar a galeria – já que ela ocupa a frente do local, onde o espectador pode conferir através da vitrine.

ASHLLEY MELO/DIVULGAÇÃO
FRUIÇÃO Marcelo Silveira busca novas significações para os objetos que coleciona para suas criações - ASHLLEY MELO/DIVULGAÇÃO

Foram situações que expandiram os limites conceituais da obra de Silveira, que precipuamente tem sua base organizadora no diálogo – seja entre pessoas, elementos ou trabalhos de outros artistas.

"Seu desejo é fazer pactos, criar situações, ambientes em que se fale, mas onde também se escute. No mundo do distanciamento (hoje físico, mas onde sempre se perpetuou uma distância que não nos permite a empatia, o olhar e a escuta do outro), temos junções, aglomerações de obras que conversam", escreve Mariana Oliveira no texto curatorial.

São esses elementos que tornam Compacto com Pacto uma verdadeira explosão de significações. Indo da aglutinação em grande quantidade para a concisão exigida pelo espaço da antessala da galeria.

É também nesse espaço limitado que Silveira se permite uma infinidade de diálogos entre as obras expostas. Como, a exemplo, uma espécie de hibridização entre instalações e arte cinética.

Ashlley Melo/Divulgação
Obra da exposição Compacto Com Pacto, de Marcelo Silveira - Ashlley Melo/Divulgação

A forma que encaramos a escultura, dos seus detalhes em relação a espessura da compreensão do nossos olhos passarão também por barreiras visuais pré-estabelecidas. São as telas dos computadores ou celulares (na exibição virtual) e, mais implicitamente, a própria superfície da vitrine da galeria.

Em um exercício de imaginação, é quase como uma subversão das bases originárias da própria arte cinética – uma exposição de Abraham Palatnik vista através de um Ecrã (até moldável se pensarmos nas possibilidades virtuais das telas de celulares e computadores).

Essa ideia é também perceptível em alguns cartazes da exposição. Obras que atiçam, sobretudo, a dúvida. A arte de dialogar com o outro, sem monólogos, e sem pontos finais sobre qualquer assunto.

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