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Cine PE começa programação em novo formato nesta segunda-feira

Por causa da pandemia, o festival Cine PE realiza sua 24ª edição por meio do Canal Brasil e streaming, começando nesta segunda-feira

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 23/11/2020 às 11:23 | Atualizado em 23/11/2020 às 11:23
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A ideia dos curadores para a edição 2020 foi compor um retrato o mais diverso possível da produção nacional de cinema, com filmes das cinco regiões do país - FOTO: DIVULGAÇÃO

O 24º ano do festival Cine PE, batizado de Novo Cine PE será o mais atípico de sua história, como vem sendo para os festivais de cinema ao redor do mundo, que se dividem entre o cancelamento, edições presenciais adaptadas (redução de público e drive-ins) ou seguem o caminho da realização remota. Esta última foi a opção escolhida pelo evento pernambucano, que começa sua programação nesta segunda-feira, com transmissão pelo Canal Brasil, na TV fechada e no streaming.

Os seis longas serão exibidos até quarta-feira, a partir das 18h, no canal, sempre aos pares: um documentário e uma ficção, também exibidos no streaming do Canais Globo. Já os curtas da mostra nacional e pernambucana ficarão disponíveis no streaming até o final do festival.

O festival é costumeiramente realizado em maio e precisou ser muito repensado ao longo do ano com a chegada da pandemia. Houve planos de drive-in e esperança de uma edição presencial com público reduzido antes da decisão final pelo modelo de transmissão ao vivo e streaming.

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PERNAMBUCANO.O longa Nós, que Ficamos, de Eduardo Monteiro, representa o Estado na competição - DIVULGAÇÃO

"Foi um caminho árduo até aqui, difícil. O modelo presencial também é difícil, mas nós já temos o conhecimento de como realizá-lo. A decisão por essa forma veio da possibilidade de atingir um grande público e respeitar o distanciamento. A partir daí, tive que refazer todo o projeto, conversar com o Canal Brasil, com os realizadores, repensar o plano de mídia para apresentar às empresas investidoras", relata Sandra Bertini, diretora do festival.

O Cine PE será o segundo a ter sua edição transmitida pelo Canal Brasil. Em setembro passado, o tradicional Festival de Gramado foi realizado assim. O Cine Ceará e o Festival de Brasília também estão previstos para serem realizados pelo canal nos próximos meses. "Com a experiência de Gramado sendo bem sucedida, topamos fazer o mesmo com esses três tradicionais festivais. O Cine PE é um parceiro muito antigo, desde o começo do Canal Brasil e eles foram um dos primeiros a nos procurar para trazer esse formato", conta André Saddy, diretor-geral do Canal Brasil.

Um modelo atípico para um ano atípico, que carrega sacrifícios, mas também ganhos em outros aspectos. É o peso de perder as potentes interações olho no olho e a experiência na sala de cinema, mas também a possibilidade do festival ultrapassar barreiras geográficas em seu acesso.

"É uma edição certamente dolorida e que vai me marcar muito. Os festivais são verdadeiros congressos de cinema, onde as pessoas se encontram, trocam ideias e até fecham contratos. E também é um trabalho seríssimo por parte de quem organiza. Essas trocas não vamos poder ter agora e vou fazer um festival como pode ser feito no momento. Mas fiquei muito tocada em contar com o apoio unânime dos realizadores. Todos disseram que estariam no festival nesse modelo e não desistiriam. A gente retribui dando visibilidade a eles em horário nobre para todo país", afirma Bertini.

Ao todo, foram inscritos 941 filmes para a edição deste ano, número superior aos 842 do ano passado. A curadoria foi realizada pelo crítico e programador Edu Fernandes e pela crítica, editora e repórter Nayara Reynaud, ambos de São Paulo. Foram selecionados 23 títulos para mostra nacional de curtas, oito para mostra pernambucana e seis para a de longas. Eles são: O Buscador (RJ), de Bernardo Barreto; Mudança (RS), de Fabiano de Souza; e Mulher Oceano (SP), de Djin Sganzerla; e os documentários Nós, que ficamos (PE), de Eduardo Monteiro; Memórias Afro-Atlânticas (BA), de Gabriela Barreto; e Ioiô de Iaiá (RJ), de Paula Braun.

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'MULHER OCEANO', DE DJIN SGANZERLA, ESTREA NO CINE PE - DIVULGAÇÃO

Para o futuro, as expectativas é de que o modelo presencial volte, em que os festivais concretizam plenamente seus objetivos. Mas tanto o Cine PE e o Canal Brasil não descartam um modelo híbrido, com o presencial e a transmissão ao vivo. Mas para isso, ainda seriam necessárias conversas com realizadores e distribuidoras para saber se tal modelo não atrapalharia o circuito dos filmes.

"Vamos precisar com cuidado se isso será desejável no futuro para todas as partes do mercado. Não adianta ser bacana para o festival e para o canal, mas os distribuidores e realizadores avaliarem que isso atrapalha e pode tirar público do cinema quando forem lançados os filmes. Caso achem que sejam o oposto, esse desenho híbrido já se facilita para o próximo ano", explica Saddy.

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'MULHER OCEANO', DE DJIN SGANZERLA, ESTREA NO CINE PE - FOTO:DIVULGAÇÃO
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PERNAMBUCANO.O longa Nós, que Ficamos, de Eduardo Monteiro, representa o Estado na competição - FOTO:DIVULGAÇÃO

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