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Roberto Carlos completa 80 anos com planos de músicas novas e saudade dos palcos

Cantor e compositor é responsável por algumas das músicas mais populares do Brasil

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Márcio Bastos

Publicado em 18/04/2021 às 12:20 | Atualizado em 19/04/2021 às 9:27
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Mais do que somente musical, Roberto Carlos é um fenômeno cultural. Para além dos milhões de álbuns vendidos, do impacto da Jovem Guarda (ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa), dos shows lotados, dos especiais anuais de fim de ano, na televisão, ele ocupa um espaço ímpar no imaginário coletivo, com suas canções, imortalizadas por ele ou nas vozes de outros intérpretes, e com sua trajetória de vida acompanhada de perto por diferentes gerações. O artista, que completa 80 anos na segunda-feira (19) e celebra, em 2021, seis décadas do lançamento de seu primeiro álbum, continua atuante, com desejo de criar e reencontrar seu público.

Recém-vacinado contra a covid-19, Roberto Carlos, que por muito tempo foi acusado de conservador e alienado, se posicionou a favor da ciência e estimulou seus fãs a seguirem o exemplo. Em resposta a um questionário recente com perguntas de vários veículos de imprensa do País, por conta de seus 80 anos, Roberto Carlos contou que tem batalhado com seu Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e falou do desejo de voltar aos palcos. Durante a pandemia, ele tem composto com frequência e já há um lançamento engatilhado: a canção-tema de Um Lugar ao Sol, próxima novela das nove da Rede Globo, um dueto com a paraense Liah Soares.

Para marcar o aniversário do artista, conhecido como o Rei, dois livros chegam ao mercado, analisando sua vida e obra. Do jornalista Jotabê Medeiros, que acompanha profissionalmente a trajetória de Roberto Carlos há anos, é lançada a biografia Roberto Carlos: Por Isso Essa Voz Tamanha (Ed. Todavia, 512 páginas, R$ 72,20).

O livro é publicado cerca de 15 anos após uma obra focada na história do artista, Roberto Carlos em Detalhes, de Paulo Cesar de Araújo, ser proibida pelo próprio. O caso gerou uma série de debates na época e, em 2015, o Supremo Tribunal Federal decidiu que obras biográficas poderiam ser lançadas independentemente da autorização do personagem em questão ou de seus herdeiros. O trabalho cuidadoso é complexo e aborda diferentes aspectos de sua trajetória, sem deixar de lado questões polêmicas, como o acidente na infância, sua problemática isenção política, entre outros.

"A obra de Roberto permite margear a construção de um país, a edificação de uma compreensão cultural, ética, estética, sentimental. Ele colocou argamassa nas pedras fundamentais do rock nacional, articulou a sonoridade que embasou décadas de MPB, ajudou a construir o conceito de showbiz, assentou as bases da exportação da música brasileira, abriu frentes de diálogo multicultural com as línguas espanhola e inglesa, inseminou estratagemas de colaboração entre gêneros e artistas de esferas diferentes, foi pioneiro em estratégias cênicas e visuais em megashows, entre outro milhão de contribuições", escreve Jotabê, pincelando a complexidade do legado do artista.

O Recife é ressaltado em alguns momentos curiosos: em 1971, com a música Jesus Cristo, foliões fizeram abadás com a imagem de Jesus e a frase da canção para usar no Carnaval. Gerou revolta por parte de alguns vereadores e a proibição do uso da indumentária — o que foi ignorado pela população. Foi na capital pernambucana, também, que ele voltou aos palcos, em 2000, no Geraldão, após um ano de luto por sua esposa, Maria Rita.

Abordando a relação da crítica com a obra de Querem Acabar Comigo (Ed. Máquina de Livros, 120 páginas, R$ 42), de Tito Guedes, é outra importante ferramenta para entender o fenômeno envolvendo o artista, que apesar de um sucesso de vendas demorou para ter o reconhecimento de seu legado artístico. A maior parte do tempo ele foi visto como um cantor alienado e brega, sendo que, posteriormente, várias de suas canções foram classificadas como obras-primas.

HOMENAGENS

Na segunda-feira (19), dia do aniversário do artista, o Canal Brasil exibe, a partir das 15h15, os filmes da trilogia dirigida por Roberto Farias e protagonizada pelo cantor: Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1968), Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa (1970) e Roberto Carlos a 300 km por Hora (1971).

O Itaú Cultural também presta homenagem ao artista com depoimentos feitos especialmente para a data, de nomes como Tom Zé, Zeca Baleiro, Odair José, Iara Rennó, Ronnie Von, Regina Casé, Fernanda Gentil, Sarah Oliveira, Sérgio Vaz, os atores Áurea Maranhão e Gabriel Leone.

 

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