MEMÓRIA

Um ano sem Ricardo Brennand: relembre a trajetória do empresário e engenheiro pernambucano

Fundador do Instituto Ricardo Brennand morreu aos 92 anos, sendo boa parte deles dedicada às artes e à paixão por coleções

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Nathália Pereira

Publicado em 24/04/2021 às 8:00 | Atualizado em 24/04/2021 às 8:33
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O mundo ainda engatinhava em relação aos conhecimentos sobre o novo coronavírus, causador da covid-19, quando a doença vitimou um dos nomes mais conhecidos da sociedade pernambucana. O empresário e engenheiro Ricardo Coimbra de Almeida Brennand faleceu aos 92 anos, exatamente um ano atrás, após uma semana de internação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Português, no Centro do Recife. Era um marchand, e deixou um legado de proporções gigantescas - em alcance material e reconhecimento, com destaque para a sua paixão pelo colecionismo.

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Ricardo Brennand formou-se em engenharia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O interesse pelas artes e o mundo das grandes coleções teve início ainda durante a infância, por volta de 1939, quando ganhou o primeiro canivete. Um pouco mais velho, refinou o interesse, que veio a ser também por adquirir as obras de arte e peças de mobiliário.

Em 1952, passou a trabalhar na Usina São João, atuando em seguida em indústrias de porcelana, aço, cerâmica cimento, vidro e açúcar. Em 1999, Ricardo deu impulso ao planejamento e à implementação de seu grande sonho tornado público, o Instituto Ricardo Brennand (IRB).

INSTITUTO RICARDO BRENNAND

Sem dúvida, o espaço cujo nome homenageia seu tio homônimo, pai de Francisco Brennand, é um de seus principais legados. Foi inaugurado em setembro de 2002, na Várzea, bairro da Zona Oeste recifense, e é um dos pontos turísticos mais conhecidos e visitados da capital. Conta com pinacoteca - destinada a eventos e exposições, restaurante, biblioteca e com a Capela Nossa Senhora das Graças. Tudo isso ladeado por uma arquitetura de caráter medieval europeu.

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O ambiente de 77 mil metros quadrados guarda também um gigantesco acervo de armas brancas, com mais de três mil peças, entre as quais estão o já citado primeiro canivete de Ricardo Brennand, além da maior coleção mundial de pinturas do holandês Frans Post.

O IRB foi congratulado, há quatro anos, com o prêmio Traveler's Choice Museus de melhor museu do Brasil e da América do Sul, ofertado com base nas avaliações que o lugar recebeu dos visitantes no site Trip Advisor. Desde a fundação, o espaço cultural já foi visto por mais de 2,5 milhões de pessoas de dentro e fora do País.

Através do IRB, o pernambucano investiu em visitas guiadas voltadas para a formação escolar de crianças e adolescentes, promovendo a complementação do ensino regular de História, com ênfase na História do Brasil Holandês, através de parcerias com instituições públicas e privadas.

O instituto também sempre promoveu ações de acesso, nas quais a entrada passava a ser gratuita em um dia específico da semana, por exemplo. Devido ao decreto estadual, que prevê medidas de segurança para barrar a proliferação de infecções pelo novo coronavírus, o IRB está fechado para visitações e deve permanecer assim até pelo menos o próximo dia 9 de maio.

 

REPERCUSSÃO PÚBLICA

A morte do empresário, engenheiro e colecionador foi recebida com profunda tristeza em diversos setores sociais, principalmente entre seus conterrâneos, mais especialmente os do segmento industrial. O governador Paulo Câmara expressou pesar pela morte de Ricardo Brennand e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, decretou luto oficial de três dias na cidade. 

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João Carlos Paes Mendonça, presidente do Grupo JCPM, declarou: "É uma perda imensa para todos. Eu, particularmente, perco um grande amigo. Há menos de dois meses, ele me visitou na JCPM e pudemos conversar longamente sobre vários assuntos. Foi nosso último encontro. Era uma pessoa com quem tinha um relacionamento de amizade e admiração. Deixa um legado tanto no setor empresarial quanto cultural, através do Instituto que leva seu nome. Pensando na coletividade, batalhou o quanto pode para a criação do hospital do Instituto do Fígado, obra que, se Deus quiser, será concluída".

O superintendente da Sudene, Evaldo Cruz Neto, também falou sobre a perda. “Ricardo Brennand construiu seu sonho, hoje, eternizando-o. Empreendedor de sucesso, com sua sensibilidade e grandes gestos, fundou o Instituto que leva seu nome, deixando um dos mais importantes legados nas artes, motivo de orgulho e admiração de todo o mundo. Nossa homenagem e gratidão. A toda família, um profundo pesar”, pontuou.

MISSA FAMILIAR

Ricardo Brennand foi casado por 71 anos com Graça Monteiro de Almeida Brennand, teve sete filhos, netos e bisnetos. A família participará, neste sábado (24), de uma missa restrita, celebrada em memória do patriarca.  A cerimônia será realizada pelo Padre Fred e poderá ser acompanhada pelo público através do canal do Instituto Ricardo Brennand no YouTube, a partir das 16h.

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