Clássico da Nação Zumbi, 'Afrociberdelia' completa 25 anos e segue sendo referência
Último trabalho de Chico Science com a banda, disco é considerado um dos mais influentes da música brasileira
A banda Chico Science & Nação Zumbi lançava há 25 anos Afrociberdelia, seu segundo álbum. Com referências de diferentes movimentos artísticos (como literatura, cinema, cultura popular e artes visuais) e sonoridade inovadora, o trabalho produzido por Eduardo BiD se tornou um clássico instantâneo e resistiu ao teste do tempo, figurando entre os trabalhos mais importantes da música brasileira, que continua a influenciar músicos ao redor do País.
Aclamados com o álbum de estreia, Da Lama ao Caos (1994), os pernambucanos se lançaram em uma experimentação sonora e estética ainda mais profunda com Afrociberdelia. O título faz referência, além das influências das culturas africanas, ao interesse do grupo nas tecnologias e à psicodelia.
Os expoentes do manguebeat imprimem no disco várias referências musicais, como o maracatu, hip hop, o rock, o funk, entre outras. O caldeirão de influências resulta em uma sonoridade original, mais próxima do peso das apresentações ao vivo do grupo, marcadas por uma forte carga enérgica.
Chico Science, Dengue (baixo), Gilmar Bolla 8, Gira e Jorge du Peixe, nas alfais; Lúcio Maia, na guitarra, Pupillo (bateria) e Toca Ogan (percussão e voz) consolidaram, com o disco, seu lugar de destaque na renovação da cena musical do Brasil nos anos 1990, expandindo, também, as percepções sobre a música produzida no Nordeste.
Com 23 faixas, entre elas algumas instrumentais e três remixes, como Quilombo Groove, Afrociberdelia conta com algumas músicas icônicas da Nação Zumbi, como a versão para Maracatu Atômico, composição de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, Corpo de Lama e O Cidadão do Mundo. Entre as participações especiais do trabalho estão Fred ZeroQuatro, Gilberto Gil e Marcelo D2, que canta o refrão da faixa Macô.
Eleito em 2007 como um dos 100 discos mais importantes da música brasileira, Afrociberdelia foi também o último álbum de Chico Science, que faleceria pouco menos de um ano depois, em um acidente de carro.
Sem Chico e com Jorge du Peixe como vocalista, a Nação Zumbi lançou sete discos de estúdio e dois ao vivo, mantendo-se em atividade até hoje.