Olivia Rodrigo canta o coração adolescente no ótimo disco 'Sour'

Olivia Rodrigo tem 18 anos e sua idade se reflete em todas as suas composições. Essa observação está longe de ser um demérito: conseguir capturar a montanha-russa emocional da adolescência sem cair na caricatura é um feito e tanto. Seguindo os passos de artistas como Lorde e Taylor Swift, Olivia relata com honestidade suas confusões afetivas em seu recém-lançado álbum de estreia, Sour.

Estrela do Disney Channel, emissora responsável por revelar estrelas pop nas últimas três décadas, como Britney Spears, Christina Aguilera, Miley Cyrus, Selena Gomez, entre outras, Olivia Rodrigo começou a ganhar destaque como atriz nos programas Bizaardvark e High School Musical: The Musical: The Series (2019). No ano passado, ela assinou com a gravadora Interscope Records e, em janeiro de 2021, lançou seu primeiro single, Drivers License.

A canção foi um fenômeno imediato e surpreendeu a maior parte das pessoas que não tinha ideia de quem era Olivia. A cantora e compositora se mostrou um fenômeno entre os jovens, mas foi além deles: a canção estreou em primeiro lugar na parada da Billboard e recebeu elogios da crítica especializada por sua singeleza e honestidade.

A faixa aborda a desilusão com um amor que parecia eterno (como todos os amores adolescentes), mas não durou e, agora, a cantora se via sozinha e perdida, rondando a casa do ex-namorado no carro em que sonhavam em passear quando ela tirasse a carteira de motorista. O cenário carrega uma ingenuidade e uma dor características das primeiras paixões.

Compositora de todas as canções do disco, Olivia captura as inseguranças e a euforia de estar se descobrindo como indivíduo. "Estou de saco cheio dos dezessete anos/ Cadê a merda do meu sonho adolescente/ Se alguém me disser outra vez: 'Aproveite sua juventude'/ Eu vou chorar", canta, cheia de sarcasmo em Brutal, faixa que abre o disco.

A canção, assim como a excelente Good 4 U, tem inspiração em artistas como Avril Lavigne, que popularizaram o rock adolescente nos anos 2000. Há uma certa nostalgia emo nas composições de Olivia, mas caindo menos na autocomiseração e mais em um olhar ácido sobre si.

O interessante é que em nenhum momento ela cai no cinismo e talvez resida aí a força de suas composições que podem ir do desespero ao empoderamento, passando por momentos de dor, ciúmes e desolamento com fluidez e sinceridade. Em Deja Vu, ela lembra alguns dos melhores momentos de Lorde, enquanto Enough For You bebe no folk e se destaca pela interpretação visceral de Olivia.

Cheio de personalidade, Sour é um álbum consistente e consegue explicitar os talentos de sua criadora, especialmente como compositora. Sobre suas composições, Olivia Rodrigo rebate seus críticos e diz que, sim, são orgulhosamente retrato de uma fase de sua vida. "Sou uma adolescente e escrevo sobre coisas que sinto (...) Sobre o que queriam que eu escrevesse? Imposto de renda?", afirmou em entrevista ao The Guardian.