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'No Gods No Masters': Garbage lança seu disco mais politicamente engajado

Banda se posiciona contra a opressão nas novas canções, marcadas por letras incisivas e enérgicas

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Márcio Bastos

Publicado em 14/06/2021 às 21:43 | Atualizado em 15/06/2021 às 11:48
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Pela primeira vez na longeva carreira de mais de quase três décadas, o Garbage não tinha ideia de como seu novo trabalho iria soar. Shirley Manson, Butch Vig (bateria), Steve Marker (guitarras e teclados) e Duke Erikson (guitarras e baixos) alugaram uma casa em Palm Springs, na Califórnia, e, por suas semanas, improvisaram, criando fragmentos do que, mais tarde, viria a ser No Gods No Masters, seu sétimo álbum de estúdio. O trabalho reflete as angústias de um mundo em ebulição através do som furioso e de letras incisivas, que reforçam o engajamento da banda com as questões do presente.

São mais de 17 milhões de álbuns vendidos e canções que marcaram época, mas que não ficaram circunscritas aos períodos em que foram criadas. A voz hipnotizante de Shirley Manson, associadas às composições instigantes e produções vigorosas, que incorporavam diferentes referências ao rock, como a música eletrônica, new wave, hip hop, pop, r&b, entre outros, criavam uma mistura singular que imprimiu no som do Garbage um caráter sempre contemporâneo.

Com No Gods No Masters (Sem deuses, sem mestres, em tradução para o português) não é diferente. O disco carrega a urgência das questões políticas e sociais de um mundo em colapso, marcado pela ascensão da extrema-direita em vários países, pela crise da pandemia do novo coronavírus e o aprofundamento das desigualdades fruto do capitalismo.

Esta perspectiva politizada, que sempre esteve presente no trabalho da banda, é aprofundada neste trabalho, como deixam explícitas canções como a faixa-título e The Men Who Ruled The World.

"As letras que ela [Shirley] estava escrevendo eram muito específicas sobre a loucura do mundo em que estamos todos vivendo. Então, Steve, Duke e eu fizemos um desvio na sonoridade e começamos a fazer soar mais caótico, neurótico e claustrofóbico para combinar com as letras e a interpretação dela", explicou Butch Vig, responsável também pela produção musical. "Quando terminamos The Men Who Ruled The World, sabíamos que tinha que ser a música de trabalho e também meio que guiou para onde o disco iria. É nossa canção mais sociopolítica, mas também é a música que precisávamos fazer em 2020."

Vig reforçou que ainda que as posições políticas de Manson, que é uma ativista e identificada com pautas mais à esquerda, são compartilhadas com toda a banda, que tem como base princípios humanistas. "Acreditamos que todos deveriam poder viver suas vidas sem serem importunados por governos ou outras pessoas. Sabemos que esse disco não vai mudar o mundo, mas se alguém ouvir uma música e isso a empodere, já é uma coisa muito boa", enfatizou.

Além do lançamento do álbum, o Garbage também entrará em turnê ainda este ano, ao lado do Blondie. "Espero que possamos ir para o Brasil e para a América do Sul em 2022. Temos uma base de fãs muito apaixonada e toda vez que fomos sinto que era como uma celebração. Sentimos falta", completou.

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