Arte urbana

Artistas negros pintam Túnel da Abolição com referências afrobrasileiras

Adelson Boris, Nathê Ferreira e Emerson Crazy pintaram 550 metros dos dois lados da construção

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Márcio Bastos

Publicado em 15/07/2021 às 19:12
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O Túnel da Abolição, na Madalena, é um espaço que, no cotidiano, não costuma chamar a atenção de quem passa nos carros. No entanto, a obra, normalmente inóspita e pouco convidativa à contemplação, ganhou um novo significado a partir da intervenção dos grafiteiros Adelson Boris, Nathê Ferreira e Emerson Crazy. Juntos, eles pintaram 550 metros do equipamento de mobilidade urbana, inserindo no espaço referências à ancestralidade das culturas afrobrasileiras.

Com incentivo do projeto Colorindo o Recife, da Secretaria de Inovação Urbana do Recife, os artistas criaram o painel “Do Orun ao Aiye: Afrika Elementar”. A obra é baseada nos quatro elementos da natureza: fogo, ar, terra e água (inã, afefe, aiye, omi). Cada um dos três construiu um mural com seus respectivos elementos, sendo a água o elemento que eles construíram coletivamente. A escolha dela partiu do significado que ela tem para a cidade e porque ela está dentro de todos os seres humanos.

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Túnel da Abolição fica localizado no final da Avenida Caxangá, na Madalena - PRISCILLA MELO/DIVULGAÇÃO

O artista Adelson Boris construiu o painel “Inã”. Ele, que teve contato com o grafite pela primeira vez em 2003 e tem a cultura negra como sua inspiração, buscou trabalhar um painel com cores quentes. Já Nathália Ferreira, conhecida como Nathê, ficou encarregada de trazer o
elemento ar, em diálogo com a obra dos outros dois artistas. Ela criou uma amazona montada em um pássaro, em referências às meninas que vê no seu entorno, adicionando elementos de realeza. 

PRISCILLA MELO/DIVULGAÇÃO
Nathê Ferreira criou uma amazona alada em homenagem às mulheres do seu entorno - PRISCILLA MELO/DIVULGAÇÃO

Juremeiro e iniciado no candomblé há dois anos, Emerson Crazy traz ancestralidade e vivência com a fé em suas obras. Desta vez, o painel foi composto por dois homens ao centro de uma floresta com fundo dourado. 

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Emerson Crazy leva para as suas obras as vivências do candomblé e a ancestralidade afrodiaspórica - PRISCILLA MELO/DIVULGAÇÃO

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