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Morre Joel Datz, o "Irmão Evento", uma das figuras mais clássicas do Recife

Famoso junto com o irmão Abrahão por frequentar eventos sociais e culturais do Recife (mesmo sem ser convidado), Joel Datz faleceu aos 76 anos por problemas cardíacos

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Edilson Vieira

Publicado em 16/07/2021 às 12:00 | Atualizado em 16/07/2021 às 14:28
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Atualizada às 13h07 

A Federação israelita de Pernambuco confirmou a morte de Joel Datz, na manhã desta sexta-feira (16). O último "Irmão Evento", ícone da cena cultural do Recife nos anos 90, ficou famoso junto com o irmão Abrahão Datz, por frequentar festas, cerimônias, shows, exposições, todo e qualquer evento cultural e social da cidade, sendo convidados ou não. Abrahão morreu de infarto em 1995, mas Joel seguiu carreira, fiel ao estilo discreto. Ele tinha 76 anos.

Joel Datz estava internado no Procap, pronto socorro cardiológico no Bairro de Santo Amaro, Zona Norte do Recife, desde a última terça-feira (13), quando deu entrada com um quadro de cardiopatia. O quadro dele se agravou ontem (15) e Joel não resistiu, vindo a falecer na manhã de hoje. Segundo pessoas próximas, Joel tinha outras comorbidades, como diabetes.

Sem outros parentes próximos conhecidos a Federação Israelita de Pernambuco assumiu as providências em relação ao funeral que ainda não tem data para acontecer. "Joel era uma pessoa muito querida na comunidade judaica e na comunidade pernambucana em geral pela forma como ele vivenciava a vida artística e cultural da cidade", disse Jader Tachlitsky, coordenador de comunicação da Federação Israelita de Pernambuco. Segundo Jader, o último irmão evento terá um enterro digno "dentro do que prescreve a lei judaica", afirmou.

Em nota, o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello, disse que Joel era "sinônimo de casa cheia" nos eventos da cidade, e que "perdeu hoje a presença mais cativa de sua vida cultural". "Todos esperamos a retomada dos eventos, mas não será mais possível esperar a chegada de alguém sempre presente. Joel sai de cena, mas não perde o seu lugar, que é mais do que simbólico. Uma arte que mereceu paixão assim nunca terá fim, vive e revive em quem a faz e quem sabe amá-la. Viva o Recife, viva Joel, irmão da nossa Cultura”, afirmou o secretário.

Leia a íntegra da nota:

NOTA DE PESAR - JOEL DATZ 

Recife perdeu hoje a presença mais cativa de sua vida cultural. Um homem que, na companhia do irmão ou sozinho, era sinônimo de casa cheia, indicativo infalível de sucesso para empreitadas artísticas de quaisquer grandezas e naturezas. A Secretaria de Cultura do Recife e a Fundação de Cultura Cidade do Recife lamentam a morte do Irmão Evento, Joel Datz.

Depois de integrar e protagonizar as plateias de milhares de espetáculos, shows, números, estreias, vernissages e que tais festivos, Joel vai deixar uma cadeira para sempre vazia na cultura da cidade, justo neste momento de retomada gradual das atividades artísticas. Os aplausos hoje são todos para ele, que assumiu como motor de vida e alcunha a paixão pela cultura da cidade que adotou e por quem foi adotado.

“Todos esperamos a retomada dos eventos, mas não será mais possível esperar a chegada de alguém sempre presente. Joel sai de cena, mas não perde o seu lugar, que é mais do que simbólico. Uma arte que mereceu paixão assim nunca terá fim, vive e revive em quem a faz e quem sabe amá-la. Viva o Recife, viva Joel, irmão da nossa Cultura”, afirmou o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello.

FAMOSOS

Para um evento realizado no Recife no final dos anos 80 e boa parte dos anos 90, ser sinônimo de sucesso era quase imprescindível ter a presença dos Irmãos Eventos. E eles não se faziam de rogados, chegando a frequentar até oito festas por noite. Discretos, não eram de muita conversa, preferiam beber e comer nos ambientes sem muito alarde. Pouco se sabia sobre as suas vidas. Moravam em um casarão na Praça Chora Menino, no Bairro da Boa Vista, (hoje abandonado) e, dizem, tinham sido comerciantes.

Joel e Abrahão se tornaram verdadeira lendas no Recife. Há quem dissesse que eram gêmeos (embora Abrahão fosse 12 anos mais velho). Sempre de barbas longas e roupas surradas, eles tornaram a cena cultural do Recife mais divertida. Em uma entrevista ao portal UOL no mês passado, Joel revelou que deveria já ter participado de uns 60 mil eventos, em 40 anos de atividade.

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