'Jolt: Fúria Fatal' abusa dos clichês em trama fraca e sem emoção
Longa estrelado por Kate Beckinsale não consegue criar uma protagonista capaz de ganhar a empatia do público
aAlguns filmes de ação têm o mérito de não se levar a sério, abusar dos clichês e, justamente por isso, conseguem divertir e estabelecer uma personalidade própria. Jolt: Fúria Fatal, longa que estreia hoje no Amazon Prime Video, parece ter mirado este caminho, mas, como um trem descarrilhado, descamba em uma história tão sem graça que, em alguns momentos, chega a constranger. Protagonizado por Kate Beckinsale, o projeto abusa da caricatura e perde a oportunidade de criar uma personagem cativante.
Dirigido por Tania Wexler, o longa acompanha Lindy (Beckinsale), uma jovem com um distúrbio que torna sua raiva incontrolável, levando-a a cometer episódios de violência extrema. Após anos mantida em isolamento e submetida a diversos experimentos, alguns deles conduzidos pelo governo, ela consegue uma ferramenta capaz de amenizar seus impulsos. O aparelho desenvolvido pelo psiquiatra Munchin (Stanley Tucci) libera é ativado toda vez que ela aperta um dispositivo capaz de liberar ondas elétricas para o seu corpo.
Seus problemas fizeram com que ela viva evitando outras pessoas. Um dia, ela aceita a sugestão de Munchin e vai ao encontro de Justin (Jai Courtney), que acaba se mostrando uma companhia surpreendentemente agradável e derruba várias de suas barreiras emocionais. Após uma noite de sexo intenso e carinhos matinais, ela se apaixona perdidamente e conta as horas para vê-lo de novo. No dia marcado, ela descobre que ele foi assassinado e parte em uma busca desenfreada para vingar o "amado".
No processo, ela descobre que Justin trabalhava para um chefão do crime (David Bradley) e, para derrotá-lo, ela precisa derrotar vários de seus capangas. O que poderia parecer uma missão complicada, se prova o contrário. O roteiro é tão cheio de furos e apressado que tudo se resolve rapidamente. Não há qualquer expectativa ou tensão, apenas cenas de violência pouco inspiradas — algumas delas bem gráficas.
Claramente inspirado em Atômica (o visual das protagonistas é quase idêntico), Jolt é uma junção de cenas absurdas e rasas, com atuações tão mecânicas que todos em cena parecem desconectados da história, a exemplo de Laverne Cox e do, em geral, ótimo Tucci. Ao contrário do filme estrelado por Charlize Theron, Jolt: Fúria Fatal não tem charme ou uma trama minimamente interessante na qual se sustentar.
Lindy parece quase uma espécie de X-Men, com uma força descomunal e que pode acabar com pessoas pessoas com o dobro de seu tamanho (ou apanhar delas) e, na cena seguinte, aparecer impecável, com os cabelos arrumados e a maquiagem impecável.
Kate Beckinsale já provou que consegue segurar filmes de ação, como o terror Anjos da Noite, mas não imprime carisma a sua Lindy. As piadas supostamente descoladas soam forçadas e as cenas de ação não chegam a empolgar. As formas como ela escapa de várias situações chegam a ser risíveis (e não de um jeito, de fato, engraçado).