Artes Visuais

José Patrício celebra 45 anos de carreira com livro que analisa sua obra

'Percursos de Criação' é lançado dia 5 de agosto, na Livraria Jaqueira do Recife Antigo

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Cadastrado por

Márcio Bastos

Publicado em 05/08/2021 às 7:59
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A atenção de José Patrício aos detalhes está refletida em sua minuciosa e intrincada obra. Enquanto caminhava com a reportem do Jornal do Commercio por seu ateliê na Tamarineira, conseguia observar quase de relance imperfeições ou objetos — como um botão —, fora do lugar dos projetos atualmente em execução. Sua paixão pelas artes visuais é nutrida há 45 anos com um labor diário e resultou em uma produção original e internacionalmente conhecia. Agora, ele revisita seus processos e trajetória no livro Percursos de Criação, com lançamento nesta quinta-feira, 5 de agosto, das 18h às 20h, na Livraria Jaqueira do Recife Antigo.

O projeto é um desdobramento da dissertação de mestrado do artista no Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal da Paraíba e da Universidade Federal de Pernambuco, defendida em 2014, que abordava da fase inicial de seu trabalho, os anos na Escolinha de Arte do Recife, na década de 1970, passando pelas experimentações com papel
artesanal, os objetos e culminando com o dominó e os outros materiais que surgiram em função da relação com o jogo. Além do texto do trabalho acadêmico adaptado, o projeto conta com dois novos capítulos e tem edição do crítico, curador e professor da UFRJ Felipe Scovino. A publicação contou com incentivo do Funcultura.

“Foi uma oportunidade de refletir sobre o meu trabalho, algo que eu nunca tinha feito. Também não sou muito afeito a escrever, não tenho a prática, nem de ler e estudar sobre arte. Tudo isso ficava em segundo plano porque eu tinha muita coisa para me ocupar, trabalhando no ateliê e na Fundação Joaquim Nabuco. Isso gerou uma reflexão que me fez entender melhor não só como as coisas aconteceram, mas também que pudesse ser divulgada, porque tem muita coisa que só o artista pode falar”, pontuou José Patrício.

No projeto, o leitor poderá conhecer detalhes de séries como 112 dominós (1999) e Ars combinatória (1999/2000), e outros menos conhecidos, como Série Negra (1998), Estrutura modular II (1986). Sua celebrada obra já foi exibida em países como Alemanha, Noruega, França, Bélgica, Estados Unidos, China e Hong Kong, e alguns trabalhos, catalogados no livro, fazem parte de coleções de instituições como MASP, MAM (RJ), Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAMAM (PE) e Fundação Cartier (Paris).

"Sempre trabalhei com uma certa intuição. Hoje, naturalmente, eu tenho esse suporte de perceber claramente como se deu o processo criativo em vários momentos do meu trabalho, da Escolinha de Artes do Recife até hoje. Nunca fui muito conformado com algo que já está estabelecido. Sempre quero encontrar uma forma de trabalhar com aquele material. Só a prática do dia a dia que vai levar você a isso", enfatizou o artista. "Há 45 anos, o circuito artístico do Recife era outra coisa, então precisei recorrer a esses documentos, esses arquivos que eu guardo, para recuperar muita coisa. Foi também um exercício de memória. O livro é um relato da minha trajetória."

Feito a muitas mãos, como o artista gosta de ressaltar, o livro teve ainda na equipe de edição Julya Vasconcelos e Bruna Pedrosa;
Rafael Filipe Souza e Silva e Olívia Mindêlo, na coordenação editorial; entre outros colaboradores. A obra será distribuída gratuitamente a instituições, bibliotecas, críticos e curadores de arte, mas também estará à venda na Livraria Jaqueira, na Galeria Nara Roesler, em São Paulo, e na Galeria Amparo 60.

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