Performance protesta contra transfeminicídio em Pernambuco

Artistas foram até o Cais de Santa Rita, onde a travesti Roberta Nascimento foi queimada viva

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Márcio Bastos

Publicado em 13/08/2021 às 21:06
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Em performance coletiva, nove artistas transgêneres do Recife ocuparam o Cais de Santa Rita com um protesto silencioso, nesta sexta-feira (13). O objetivo foi chamar a atenção para os crimes de feminicídio contra mulheres trans e travestis ocorridos entre junho e julhos passado, em Pernambuco.

As artistas marcharam da Basílica da Penha até o Cais de Santa Rita, local em que a travesti Roberta Nascimento foi queimada viva, no último 24 de junho. O ato também lembra outras quatro vítimas do período, como Crismilly Pérola, baleada em uma festa no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, no dia 5 de julho; e Fabiana da Silva, esfaqueada após perguntar onde era o banheiro, em Santa Cruz do Capibaribe, no Sertão.

"É uma homenagem a essas vítimas, e, ao mesmo tempo, um manifesto contra o apagamento de nossas existências", explica Sophia William, atriz, bailarina e produtora cultural recifense, uma das organizadoras do ato. O encontro é realizado pelo Coletivo de Dança-Teatro Agridoce, grupo artístico do Recife (@teatroagridoce) e conta com apoio da Nova Associação de Travestis e Transexuais de Pernambuco (Natrape).

As imagens registradas durante o ato formarão uma obra audiovisual que será veiculada nacionalmente através da Internet, a fim de lançar foco sobre o aumento do transvestifeminicídio no Brasil e angariar fundos para instituições que acolhem e dão suporte a essa população.

De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), 80 pessoas transexuais foram assassinadas no Brasil no primeiro semestre de 2021, sendo majoritariamente mulheres trans e travestis negras. Em 2020, a Antra computa 175 assassinatos motivados por transvestifobia, marca que confere ao Brasil o título de país que mais mata transgêneres no mundo. Atualmente, a expectativa média de vida para pessoas transexuais no Brasil é de apenas 35 anos. Ainda segundo a leitura da Antra, Pernambuco se situa como o 7º estado mais perigoso para transexuais no país.

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