Manifestação

Alok e Vitão se juntam aos povos indígenas do acampamento #LutaPelaVida em Brasília

Artistas se juntam aos índios para defender a demarcação de terras

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Estadão Conteúdo, Marília Banholzer

Publicado em 25/08/2021 às 17:28 | Atualizado em 25/08/2021 às 17:32
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O DJ Alok é reconhecido, além do seu trabalho na música mundial, por atuar em ações humanitárias. Desta vez, o artista esteve presente no acampamento #LutaPelaVida, que reúne mobilização nacional dos povos indígenas que toma conta de Brasília, com a presença de mais de 6 mil indígenas na Esplanada dos Ministérios. Além de Alok, o cantor Vitão também marcou presença na manifestação contra o chamado Marco Temporal, que será votado nesta quarta-feira (25) no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em discurso aos milhares indígenas no local, Alok declarou ter demorado a conhecer a cultura dos povos originários, mas que esse contato mudou sua vida e carreira. "Interrompi meus projetos para fazer um disco baseado na cultura indígena, e os lucros desse disco serão revertidos para a causa de vocês, que também é minha", discursou o DJ. Ele ainda completou: "Nunca me exponho dessa maneira, mas por vocês vale a pena", declarou ele. Ao final do discurso, foram tocadas músicas de Alok, com o acompanhamento de cantos tradicionais dos indígenas.

Durante esta semana, Alok usou seu perfil no Twiter para chamar atenção para a importância de valorizar os povos indígenas:  

 Já o cantor Vitão usou seu perfil no Instagram para apoiar a causa indígenas em Brasília. Ao publicar uma sequência de fotos mostrando sua presença no acampamento, ele escreveu: "Mais de 117 povos lutando pela vida. O brasil é indígena, sempre foi e sempre será. Chega de desumanidade e injustiça!". Pelo seu posicionamento, Vitão recebeu apoio de outros famosos como Lulu Santos, Tamy Contro e Rainha Matos que disse: "Enquanto muitos criticam, jogam hate desnecessário, @vitao está em Brasília. Vitão o mundo não te merece. Você é luz demais".

 
 
 
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Entenda a mobilização

A mobilização na Esplanada dos Ministérios dá a dimensão da importância do tema que, nesta quarta-feira (25), deve ser julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal. Nas mãos dos ministros da Corte está a decisão sobre o futuro de 303 demarcações de terras indígenas em andamento no País, um direito fundamental dos povos originários, previsto na Constituição Federal.

O STF vai julgar se cabe ou não aplicar sobre as demarcações novas ou em andamento a regra do "marco temporal". Trata-se de uma linha de corte. Pelo entendimento do marco temporal, que é defendido por ruralistas, uma terra indígena só poderia ser demarcada se for comprovado que os índios estavam sobre a terra requerida na data da promulgação da Constituição, ou seja, no dia 5 de outubro de 1988. Quem estivesse fora da área nesta data ou chegasse depois deste dia, não teria direito a pedir sua demarcação.

Hoje, o Brasil tem 421 terras indígenas devidamente homologadas, que somam 106,6 milhões de hectares e onde vivem cerca de 466 mil indígenas. Há, porém, outras 303 terras indígenas no País que ainda não conseguiram obter a homologação presidencial, ou seja, que estão em alguma fase do processo de demarcação, sem que este tenha sido concluído. Essas terras somam 11 milhões de hectares, onde vivem cerca de 197 mil indígenas. Esses dados se baseiam em publicações feitas no Diário Oficial da União e que são monitoradas pelo Instituto Socioambiental (ISA).

Muitas destas terras aguardam o andamento de seus processos há décadas, sem obterem resposta do governo federal. Na prática, a eventual confirmação do conceito do marco temporal colocaria todas essas reivindicações em xeque, uma vez que as movimentações contrárias à demarcação, que são puxadas por produtores agropecuários em todo o País, costumam recorrer ao critério do marco legal para confrontar os indígenas.

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